Por gloria tuve un tiempo el ser perdido Por os raros extremos que mostrou Por sua nympha Céphalo deixava Porque a tamanhas penas se offerece Porque a terra no ceo agasalhasse . Porque quereis, Senhora, que offereça Posto me tem fortuna em tal estado Presença bella, angelica figura
Pues lágrimas tratais, mis ojos tristes Pues siempre sin cesar, mis ojos tristes (*) Qual tem a borboleta por costume Quando a suprema dor muito me aperta Quando da bella vista e doce riso Quando de minhas mágoas a comprida Quando o sol encoberto vai mostrando Quando os olhos emprego no passado Quando se vir com agoa o fogo arder Quando, Senhora, quiz Amor que amasse Quando vejo que meu destino ordena Quanta incerta esperança, quanto engano Quantas penas, Amor, quantos cuidados Quantas vezes do fuso se esquecia Quanto tempo, olhos meus, com tal lamento Que doudo pensamento he o que sigo (**). Que esperais esperança? Desespéro Que estilla a árvore sacra? Hum licor santo Que levas, cruel Morte? Hum claro dia (***) Que me quereis, perpétuas saudades?
Que modo tão subtil da natureza
(*) Em um M. S. foi achado este Soneto com este titulo: de Camões a uma Dama que lhe enviou uma lagrima entre dous pratos. Thomaz d'Aquino.
(**) Este Soneto, diz Faria e Sousa, em um M. S. se entítula do Conde de Vimioso; e anda tambem impresso entre os de Bernardes e he o 79.
(***) Na morte da Infanta D. Maria filha d'ElRei D. Manuel e de sua
terceira Rainha D. Leonor.
Que pode ja fazer minha ventura Que poderei do mundo ja querer Que vençais no Oriente tantos Reis (*) Quem diz que Amor he falso, ou enganoso Quem fosse acompanhando juntamente Quem jaz no grão sepulcro, que descreve Quem póde livre ser, gentil Senhora Quem pudera julgar de vós, Senhora. Quem quizer ver d'amor huma excellencia Quem, Senhora, presume de louvar-vos Quem ve, Senhora, claro e manifesto
Revuelvo en la incesable fantasía
Se a fortuna inquieta e mal olhada Se algum' hora essa vista mais suave Se as penas com que Amor tão mal me trata Se com desprezos, Nympha, te parece Se como em tudo o mais fostes perfeita Se da célebre Laura a formosura
Se despois de esperança tão perdida . Se em mim, ó alma, vive mais lembrança Se lagrimas choradas de verdade. Se me vem tanta gloria só de olhar-te Se no que tenho dito vos offendo Se pena por amar-vos se merece Se quando vos perdi, minha esperança Se somente hora alguma em vós piedade Se tanta pena tenho merecida
Se tomo a minha pena em penitencia Seguia aquelle fogo que o guiava. Sempre a razão vencida foi de amor
Sempre, cruel Senhora, receei.
Senhor João Lopes, o meu baixo estado (**)
(*) Ao Viso-Rei D. Luis d'Ataïde.
(**) A João Lopes Leitão, a quem se attribue o Soneto em louvor de Camões: "Quem he este que na harpa Lusitana,”
Senhora ja desta alma perdoae . . Senhora minha, se eu de vós ausente Sentindo-se alcançada a bella esposa Sete annos de pastor Jacob servia Si el fuego que me enciende, consumido Sobre os rios do Reino escuro, quando Suspiros inflammados que cantais. Sustenta meu viver huma esperança
Tal mostra de si dá vossa figura . Tanto de meu estado me acho incerto Tanto se forão, Nympha, costumando Tem feito os olhos neste apartamento Todo animal da calma repousava Tomava Daliana por vingança
Tomou-me vossa vista soberana Tornae cssa brancura á alva açucena Transforma-se o amador na cousa amada
Vencido está de amor Meu pensamento Verdade, Amor, Razão, Merecimento. Vi queixosos de Amor mil namorados Vós Nymphas da Gangetica espessura (*) Vos outros que buscais repouso certo Vós, que de olhos suaves e serenos Vós que escutais em rimas derramado Vós só podeis, sagrado Evangelista Vossos olhos, Senhora, que competem
A quem darei queixumes namorados (**). A rustica contenda desusada (***)
(*) A. D. Leoniz Pereira, defendendo valerosamente a praça de Malaca de que era Capitão, contra o formidavel poder do Achem, em 1568.
(**) A D. Antonio de Noronha,
(***) A D. João de Lencastro, Duque de Aveiro, neto de D. João II.
Agora, Alcido, emquanto o nosso gado Agora ja que o Tejo nos rodeia Ao longo do sereno
Galatea branca e loura por As doces cantilenas que cantavão (*) Cantando por hum valle docemente De quanto alento e gôsto me causava Despois que o leve barco ao duro remo Encheo do mar azul branca praia Parece- me, pastor, se mal não vejo Pascei, minhas ovelhas: eu em quanto Passado ja algum tempo que os amores. Que grande variedade vão fazendo (**)
Formosa e gentil Dama, quando vejo
Ja a roxa manhãa clara
Junto d'hum secco, duro e esteril monte
Manda-me Amor que cante docemente
Manda-me Amor que cante o que a alma sente Nem roxa flor d'Abril
Por meio de humas serras mui fragosas
Qu'he isto? Sonho? Ou vejo a Nympha pura Quem com solido intento
Se este meu pensamento
Vinde cá, meu tão certo secretario
Vão as serenas agoas
(*) A D. Antonio de Noronha.
(**) Á morte de D. Antonio de Noronha e do Principe D. João, pas
(*) A D. Francisco Coutinho, Conde do Redondo, Viso-Rei da India, por occasião de haver Garcia da Orta, famoso Medico Portugnez, publicado em Goa em 1563 uma obra intitulada: dos Simples, e cousas medicinaes da India.
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