A JUSTIÇA NA CAPITANIA DE MINAS GERAES D. Rodrigo José de Menezes, que falleceu Conde de Cavalleiros, foi certamente um dos melhores governadores da capitania de MinasGeraes, que administrou de 20 de Fevereiro de 1780 a 10 de Outubro de 1783. Deve-se dizer mesmo, já que por comparação não se lhe pode bem aquilatar o merito, que elle foi um bom governador, si abstracção fizer-se do ominoso regimen do tempo, ou se o julgarmos em confronto com alguns dos seus antecessores e successores damente, entre os primeiros, o perfido e sinistro Conde de Assumar, ou o Conde de Valladares, improbo e venal, e, entre os ultimos, o famigerado Luiz da Cunha Menezes, máo, trapaceiro e corrupto, ou o Visconde de Barbacena, cujo nome execravel negreja as paginas gloriosas da Inconfidencia Mineira. nomea Contrastando com todos esses, D. Rodrigo de Menezes, qual se revelou em suas acções e escriptos que conhecemos; a par de intelligencia clara, instrucção variada, muita actividade e genio laboriosopredicados que, aliás, não faltarão a alguns dos capitães-generaes indicados-tinha, o que mais vale e a nenhum delles ornamentou caracter consciencia do dever, espirito recto, sentimentos de justiça generosos estimulos de bem se haver no governo, zellando assim, com o proprio decoro, a sorte do povo sobre o qual estendia-se sua poderosa jurisdicção. Numerosos documentos coovos autorizão-nos a abonar dest'arte a memoria do Conde de Cavalleiros. Delles inserimos hoje na Revista do Archivo Publico Mineiro parte da correspondencia que elle entreteve com Martinho de Mello e Castro, o celebre ministro da rainha Maria 1.a, e com o ouvidor do Serro Frio, Joaquim Manoel de Seixas Abranches, a proposito da administração da justiça deste magistrado que foi, na época colonial, em vasta região septentrional de Minas-Geraes e durante annos, uma verdadeira calamidade publica - tal a torpeza de seus actos, taes os sentimentos baixos, máos e repugnantes que innumeras vezes o seu procedimento patenteou, d'ahi resultando-lhe, com o clamor das victimas, geral e bem merecida abominação popular. |