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(Symbolos e côres nacionaes)

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Observação. As côres ouro e prata, nas bandeiras, em geral, são representadas convencionalmente: o ouro é substituido pêlo amarello, e a prata, pêlo branco.

Afim de evitar frequentes abusos, na representação do losango amarello de ouro, o qual, de ordinario, é figurado ora maior, ora menor, sôbre o rectangulo verde-primavera, convem se ajustem os dous perfeitamente, de modo que os quatro angulos do primeiro toquem nos competentes lados do segundo, como se vê no modêlo supra. Tal disposição, alêm de, porventura, mais esthetica, offerece a vantagem: de melhor acatar a tradição historica: visto como, no proprio desenho de João-Baptista Debret, que passa por ser o auctor da bandeira do imperio, o losango vem assim representado. (Veja-se, a respeito, a valiosa obra de DEBRET, Voyage pittoresque et historique au Brésil, impressa em París, tomo 3., 1839, estampa n 29).

M. Rey) é o eterno symbolo da ordem » (1). Na bandeira, a estrella magna é branca, e, no brasão, é de prata, que é a côr heraldica do branco.

Pêlo exposto, vê-se que as côres dos nossos symbolos nacionaes, quer os da bandeira, quer os do escudo de armas (o qual contêm todos os symbolos reunidos), são as mais bellas do espectro solar e mesmo da heraldica, e as mais proprias, por conseguinte, pâra inspirar o duplo culto da Arte e da Natureza.

As côres usualmente empregadas na heraldica recebem o nome geral de esmaltes (porque os escudos, antigamente, eram esmaltados) e são: metaes, ouro e prata; e côres (propriamente ditas), isto é, vermelho ou goles, azul ou blau (termo pouco usado), verde ou sinople, roxo ou purpura e preto ou sable. São essas as mais communs, exceptuando o roxo, que é de raro emprêgo. Ha outras cores supplementares, que se denominam pelles, e são: arminho (branco mosqueado de preto) e contrarminho (preto mosqueado de branco), veiros (azul e branco) e contraveiros (branco e azul). Alêm de outras, que os heraldistas desprezam geralmente.

Depois de indicar algumas symbolizações dessas côres, informa Victor Bouton : « Esses esmaltes tinham tambem uma significação relativa aos planetas, aos dias da semana e aos elementos naturaes, porêm a mais importante dellas é a que se liga ás pedras preciosas. Ouro exprime o topazio; prata, a perola; goles, o rubi; azul, a saphira; roxo, a amethysta; sinople, a esmeralda; sable, o diamante » (2).

Os esmaltes, ou as côres heraldicas são representadas por meio de signaes ou de traços de convenção, que os

(1) M. REY, Histoire du drapeau, des couleurs et des insignes de la monarchie française, précédée de l'histoire des enseignes militaires chez les anciens, cit., tom. 2°., liv. XI, cap. VI, pág. 456.

(2) VICTOR BOUTON, Nouveau traité des armoiries ou la science et l'art du blason expliqués, cit., pág. 36.

francezes denominam hachures e os italianos tratteggi. O ouro é indicado por um pontilhado; a prata, pêlo branco pleno, sem nenhum signal; o vermelho, por linhas verticaes, de alto a baixo do escudo; o azul, por linhas horizontaes; o verde, por linhas obliquas, ou diagonaes, tiradas do angulo superior direito pâra a parte inferior esquerda do escudo (o contrário do observador); o roxo, por diagonaes tiradas do angulo superior esquerdo pâra a parte inferior direita; o preto, por linhas cruzadas, verticaes e horizontaes; etc.

Convem notar que a direita heraldica é a esquerda do observador, e a direita do observador corresponde á esquerda heraldica. A regra mais importante, e geralmente mais observada na arte do brasão, é a que prohibe collocar metal sôbre metal e côr sôbre côr. Todavia, ella estabelece excepções pâra as armas antigas, tradicionaes ou historicas, as quaes teem sempre um motivo justo de existir, uma razão de ser de se manterem. Os francezes chamam-nas armas à enquerre, porque cumpre inquirir da sua origem. Alguns, vendo o projecto de brasão que organizamos, poderão suppôr que a esphera armillar, de ouro, se acha, contra as regras, collocada sobre a estrella magna, de prata. Ainda que isto assim fosse, sería plenamente admissivel, em vista de se tratar de um symbolo tradicional e historico, dado e mantido, na sua côr primitiva, por quem de direito podia dal-o, o soberano portuguez. Mas a esphera armillar de ouro, de facto, não se acha collocada sôbre a estrella magna de prata e, antes, assenta sôbre a cruz da ordem de Christo, que é vermelha, e se interpõe entre aquellas. O proprio escudo de 'armas do Imperio, com o fim de conservar outro symbolo historico e tradicional, como a cruz da ordem de Christo, inscrevia essa cruz, vermelha, sôbre o escudo verde.

Deante de tudo isso, verifica-se que foram mantidos, em nosso projecto, os symbolos, as fórmas, as disposições e as côres dêsses emblemas existentes entre nós, apenas

melhorando o que devia ser melhorado e substituindo o que devia ser substituido. O aspecto fundamental da bandeira e as côres nacionaes permaneceram as mesmas. O escudo continuou a ser verde, sendo, porêm, debruado com a bordadura de ouro, pâra reunir, nelle, as côres nacionaes. A cruz de Christo, vermelha, a esphera armillar, de ouro, a orla estrellada, azul com as estrellas de prata, conservaram as côres primitivas. A estrêlla magna (symbolo novo aproveitado) tinha que ser, logicamente, de prata. O timbre foi mudado, porque não podia deixar de ser, assim como os ramos de café e tabaco, em face da conveniencia demonstrada, o foram por outros, na sua côr natural, duma planta nossa e que é a mais bella da terra, a palmeira, grandiosa e incomparavelmente symbolica. O laço, que une os seus ramos, é o proprio laço nacional, usado por todos.

No conceito daquelles, que aliás possuam capacidade e patriotismo, não se afigurará essa uma combinação harmonica e adequada, que, aproveitando e reunindo elementos nacionaes, historicos e sobremaneira eloquentes, symbolica e conglobadamente abrangeria, numa disposição intuitiva, tradicional e simples, a nossa natureza e as quatro phases, já referidas, do evoluir político da nossa terra? Nessa bandeira e nessas armas, assim imaginadas, não palpitariam, vibrantes e indestructiveis, a viva e esplendida imagem do nosso solo e a rapida e luminosa synthese de toda a nossa história, desde o descobrimento até á actualidade, num encadeamento contínuo e ininterrupto de epocas symbolizadas, em que, successivamente, o primeiro symbolo se ligaria ao segundo, êste se ligaria ao terceiro e abrangeria o primeiro, o terceiro se ligaria ao quarto e conteria os dous anteriores, e o quarto, afinal, abraçaria todos os demais? Esse plano, alêm disso, pâra formar uma bandeira e um escudo de armas que se destinassem ao Brasil, acaso iria de encontro (como, por exemplo, acontece com os pseudos symbolos que ainda vigoram) aos cinco fundamentaes e necessarios criterios do util, do bello, do verdadeiro, do

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