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PROLOGO DA 2.a EDIÇÃO

Nesta 2.a edição julgamos não ter desmerecido do favor publico, que acolheu a 1. Ampliámos a materia e a sua exemplificação classica, retocando aqui e ali a doutrina e a sua disposição methodica Além disso, alargámos nosso trabalho com um Esboço historico e geographico da lingua, um breve estudo sobre a Syntaxe e a Estylistica, e com um Indice alphabetico.

Tendo publicado o Curso Elementar para o 1.° anno dos Gymnasios, procurámos nesta 2.a edição do Curso Superior satisfazer plenamente o programma official do 2o e do 3.° anno do curso gymnasial, bem como attender egualmente ao desenvolvido programma de portuguez da Escola Normal desta capital.

Applicámos o maior cuidado á analyse, fornecendo sobre todos os dominios da grammatica expositiva modelos e exercicios apropriados. Sem pruridos de innovação, fomos, todavia, coagido a dar neste assumpto orientação que nos parece nova e segura. A critica, entretanto, nos dirá se fomos bem succedido. Cremos que, sem um perfeito conhecimento da analyse, não póde ser perfeito o conhecimento da lingua.

Na incerteza e deficiencia de nossa legislação grammatical, sentimos necessidade de nos pôr em contacto mais intimo com a lingua viva de pessoas cultas, e, conscio de que a lingua é um facto social cujas normas não se formulam a priori, de gabinete, ao sabor de grammaticos, esmerámo-nos em alargar a documentação classica de modernos escriptores de incontestavel competencia, em abono das regras que estabelecemos.

Os discursos, em geral, de nossos homens publicos e as polemicas de nossos literatos revelam quão descurado vae entre nós o estudo de nossa lingua. Entretanto, não só para as classes dirigentes, mas para todas as classes sociaes, é patriotico e de alta conveniencia um conhecimento mais perfeito da lingua materna. Esperamos que para isso não seja inutil nosso trabalho.

S. Paulo, 13 de dezembro de 1909.

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PROLOGO DA 8.a EDIÇÃO

Sae expurgada e bastante melhorada esta edição. Deu-nos novos estimulos a larga acceitação deste nosso curso por illustres professores tanto do sul como do norte do Brasil. Forneceram novos subsidios estudos posteriores e a critica suggestiva de illustrados collegas. Deste modo fomos habilitados a systematizar melhor algumas definições, ampliar exemplificações e notas, e augmentar paragraphos. Na phonetica coordenámos mais cuidadosamente os grupos vocalicos; na prosodia a quantidade e a accentuação tónica; na orthographia os conselhos e preceitos, que, através de nosso eccletismo tradicional, nos devem approximar de um padrão desejavel de uniformidade. Demos na morphologia mais attenção á flexão generica e ao papel das conjuncções. Na syntaxe methodizámos melhor e ampliámos o estudo dos membros essenciaes da proposição, e retocámos, desenvolvendo-as, as theorias sobre a regencia. Finalmente, encerrámos nossa revisão com um estudo sobre composição literaria em prosa e verso.

Nelle damos conselhos e preceitos em relação aos diversos generos de composição, bem como themas, modelos e summarios, rematando com um succinto tractado sobre metrificação portugueza.

Esta parte de nosso compendio segue-se á Estylistica, e substitue, no Appendice, o Esboço historico e geographico da lingua portugueza, que melhor irá como Introducção a uma selecta, que breve deverá servir de complemento á nossa Grammatica historica.

O amor ao estudo da lingua vernacula, rica herança de nossos avós, o apoio animador de uma parte respeitavel do professorado nacional, o desejo ardente de que o idioma patrio seja não só o vinculo sagrado e forte de nossa nacionalidade, mas a nobre expressão de nos so caracter, levam-nos a aproveitar o escasso tempo nesses labores didacticos, na esperança de assim trazer modesta contribuição á futura grandeza de nosso paiz.

S. Paulo, 25 de abril de 1918,

Auctoridades classicas que amplamante auctorizam as theorias

DESTA

GRAMMATICA

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Alexandre Herculano.

Antonio Feliciano de Castilho.

José Maria Latino Coelho.

João Baptista da Silva Leitão⚫ d'Almeida Garrett.
A. Gonçalves Dias.

M. Odorico Mendes.

João Francisco Lisboa.

Luiz Augusto Rabello da Silva.

Camillo Castello Branco.

Filinto Elysio, Francisco Manoel do Nascimento.

Padre Antonio Pereira.

Padre Antonio Vieira.

Arte de Furtar, attribuida a A. V.

Padre Manoel Bernardes.

Fr. Luiz de Souza.

Jacintho Freire de Andrade.

D. Francisco Manoel de Mello.

Sá de Menezes.

Francisco Rodrigues Lobo.
Luiz de Camões.
Gil Vicente.

EXPLANAÇÕES:

No 2.° anno, de accordo com o programma official dos gymna sios, revendo a materia do anno antecedente, o professor entrará no desenvolvimento mais amplo da Phonologia e Morphologia, encetando, então, o estudo da Etymologia.

No 3.o anno, o professor, revendo a materia do anno anterior, entrará no estudo mais desenvolvido da Syntaxe, applicando-se "ás particularidades de construcção" ás figuras e aos "vicios de linguagem", a que damos largo desenvolvimento, satisfazendo dest'arte o programma official.

As seguintes abreviaturas, usadas nesta obra, são facilmente intelligiveis: lat. + ino; gr. + ego; obs. + ervações; ex. + cmplo; exc.+epção; exs. exemplos; eacs.=excepções; p. ex. por exemplo; futuro; + (mais) indica reunião; (egual a) indica equivalencia; v.+elho port.+uguez;

fórma posposta, p. ex., cæcum

indica a procedencia da cego, cego vem de cæcum

GRAMMATICA EXPOSITIVA

NOÇÕES PRELIMINARES

1. Linguagem é "a expressão do pensamento por meio de palavras".

2. A PALAVRA póde ser fallada ou escripta: dahi a linguagem faliada ou glottica, e a linguagem escripta ou graphica. A estas, por analogia, aggrega-se a linguagem gesticulada, mimica ou de acção, constituida pelos gestos ou varios movimentos do corpo, de que se servem os mudos, e, em parte, os oradores para darem vida ao discurso.

3. Palavra é um som oral ou combinação de sons oraes, que exprime a idéa de alguma coisa, como: pé, rosa. amar, justiça, bello, ser, é.

4. Distinguem-se, na palavra, a) a fórma material o som ou a letra, e b) a idéa ou significação. Donde dois aspectos da palavra o vocabulo e o termo.

5. Vocabulo ou DICÇÃO é a palavra em relação á fórma material, e termo em relação á idéa.

6. Lingua "é um systema natural de palavras de que se servem os agrupamentos de homens para entre si communicarem seus pensamentos".

7. Vocabulario ou LEXICO de uma lingua é a lista de seus vocabulos ou dicções. Esta lista chama-se especialmente DICCIONARIO OU LEXICON, quando as palavras ou dicções, dispostas em ordem alphabetica, veem acompanhadas da explicação de seu sentido.

Obs. A lingua póde ser viva, morta ou extincta. Viva, quando fallada por algum povo, como o portuguez, o francez, etc.; morto, quando não mais fallada por povo algum, e só conhecida por documentos escriptos, como o latim, o hebraico, etc.; extincta, quando della não existe, sequer, um documento.

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PALAVRAS, expressão das idéas, combinam-se .para formar a phrase, expressão do pensamento.

Phrase, a combinação de palavras, que exprime um pensamento, é o elemento fundamental da linguagem. A phrase póde ser a expressão completa ou incompleta do pensamento a flor do jardim - é uma phrase ou expressão de sentido incompleto; a flor do jardim é bella, de sentido completo. Esta ultima constitue o que se chama proposição ou oração.

10. Proposição é a phrase de sentido completo, que contém a declaração de alguma coisa, p. ex.: O sol illumina a terra com luz extremamente viva.

Obs. Na proposição acima, sol é o SUJEITO de que se declara que illumina, o verbo illumina é o PREDICADO, a coisa declarada do sujeito; a terra, com luz extremamente viva, são dois COMPLEMENTOS do predicado. Todo o adjectivo na phrase modifica um substantivo, de que é complemento; o mesmo acontece com o adverbio, em relação á palavra por elle modificada; assim os artigos o e a são respectivamente complementos de sol e terra, bem como viva de luz e extremamente de viva. As preposições e conjuncções são termos de relação ou ligação. Assim cada palavra representa um papel na phrase de sujeito, predicado, complemento ou termo de ligação. O sujeito é, geralmente, representado por um substantivo ou pronome; o predicado por um verbo, e o complemento por qualquer especie de palavra, e póde completar o sentido do sujeito, do predicado ou do proprio complemento.

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Toda a proposição deve conter dois termos essenciaes

◊ SUJEITO e o PREDICADO, e um accessorio-o COMPLEMENTO.

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