Poema Epico
mre DE LUIS DE CAMOES. .
NOVA EDIÇÃO CORRECTA, E DADA Á LUZ.
conformne á de 1817, in 4:
DOM JOZE MARIA DE SOUZA BWTELUW, Mergado de Matteus, Socie da Atavenais krai is's jencias de Lisboa.
PARIS: J.P.Aillaud, Quai Voltaire, N. 21.
1823.
As armas, e os Barões assinalados , Que da occidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados, Passaram ainda alem da Taprobana; Em perigos, e guerras esforçados, Mais do que promettia a força humana. Entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram:
E tambem as memorias gloriosas Daquelles Reis, que foram dilatando A Fé, o imperio; e as terras viciosas De Africa, e de Asia, andaram devastando : E aquelles que por obras valerosas Se vão da lei da morte libertando; Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho, e arte.
Cessem do sabio Grego, e do Troiano, As navegações grandes que fizeram; Calle-se de Alexandro, e de Trajano, A fama das victorias que tiveram : Que eu canto o peito illustre Lusitano, A quem Neptuno, e Marte obedeceram : Cesse tudo o que a Musa antigua canta, Que outro valor mais alto se alevanta
E vós, Tagides minhas, pois creado Tendes em mi hum novo engenho ardente ; Se sempre em verso humilde celebrado Foi de mi vosso rio alegremente; Dai-me agora hum som alto, e sublimado; Hum estylo grandiloquo, e corrente ; Porque de vossas aguas Phebo ordene Que não tenham inveja ás de Hippocrene.
Dai-me huma furia grande, e sonorosa, E não de agreste avena, ou frauta ruda; Mas de tuba canora, e bellicosa, Que o peito accende, e a cor ao gesto muda : Dai-me igual canto aos feitos da famosa Gente vossa, que a Marte tanto ajuda; Que se espalhe, et se cante no universo; Se tão sublime preço cabe em verso.
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