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no lettreiro da campa de Anchieta não se-lê jacet, como nos-diz Pereira de Vasconcellos, mas sim jacuit, o que certamente indica que já deixaram de jazer ali os seus ossos. Com a devida venia transcrevemos o que a esse respeito communicou ao sñr. dr. R. Galvão o digno presidente do Maranhão, em charta particular datada da cidade de S. Luiz a 20 de dezembro do anno proximo passado:

« Agora, diz S. Ex., a 1. parte do meu compromisso:

«Eis o que se lê no tumulo de Anchieta, na egreja dos Jesuitas, ao lado do palacio do Governo da Victoria, sito no antigo convento:

HÍC IACVIT VENERAB P. IOSEPHVS (*)

DE ANCHIETA SOC. BRASILIÆ APOST. ET NOVI
ORB-NOVWS THAVMATVRG OBIIT RIRITI

BÆ DIE IX IVN. ANN MDXCVII (*)

«Eis tudo o que ha; sendo as pequenas figuras (*) que vão alêm da palavra Josephus e no final do distico, simples desenho (parece). A pedra já tem fendas e os ossos já forão tirados, havendo na sachristia uma caixa de prata com uma canella de Nobrega, e uma outra, tambem de prata, com uma pequena parte tambem da canella de Anchieta. Suppõe-se que forão os ossos transportados de Benevente e Nova Almeida, antiga villa dos Reis Magos, onde havia um convento de Jesuitas. >>

Assim, pois, os despojos mortaes do infatigavel missionario, cuja vida foi uma longa romaria, seguiram o mesmo destino, e peregrinam ainda pelo mundo. Convem ao menos que aquelles a quem isso compete, tomem as medidas necessarias para que não se-suma esse precioso fragmento, de cuja existencia nos-dá noticia o illustre sñr. dr. Benevides, de accôrdo com o que nos-deixou dito o chronista da provincia do Espirito-Sancto, José Marcellino Pereira de Vasconcellos; para que não desappareça de todo da superficie

(*) Nestes lugares vêm as figuras a que o Ex.mo sñr. dr. Benevides se-refere e que não podemos reproduzir aqui.

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da terra o ultimo vestigio material, alêm da historia dos seus grandes serviços, que subexiste e nos-recorda a lembrança de um varão a quem tanto deve a civilisação da nossa patria. Que escape pelo menos esse fragmento precioso da voragem que tem absorvido o mais que d'elle nos-restava. Paguemos com isso a divida de gratidão que temos em aberto para com elle.

J. A. Teixeira de Mello.

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08

P. S.-Aproveitamos a occasião para corrigir trez erros de cópia e d'impressão que escaparam nos dous 1. fasc. dos Annaes, além dos que já foram emendados. Um d'elles vem á pag. 53, 1. 13, onde, em vez de Mem de Sá, deve lêr-se-Estacio de Sá; o outro vem á pag. 377 nota, onde na 1. 2 se-lê 1802, quando deve ser 1794; o 3.o vem á pag. 382, linha 10, onde está―paiz―em vez de-poeta, como devia ser. Estes assumpos de indagações bibliographicas e historicas perdem grande parte do seu valor, quando não ha toda a fidelidade na exposição dos factos e nas datas.

Tambem por singular inadvertencia escapou um êrro de versão á pg. 295, onde, em vez de traduzir-se arundines por taquáras, setraduziu por andorinhas (em lat. hirundines). Corrija-se pois a referida palavra ás linhas 9 e 16 da mesma pagina.

DIOGO BARBOSA MACHADO.

[Continuação (*)]

III.

Catalogo de suas collecções.

Epithalamios de Reys, Raynhas, Principes de Portugal collegidos por Diogo Barboza Machado abbade da Parochial Igreja de Santo Adrião de Sever, e Academico da Academia Real. Tomos I-V. (Com as armas do bibliophilo).

O Tomo III. contem:

42) La Gemma | Ceravnia | d'Ulissipone | hora | Lisbona. | Drama musicale per li felicissimi sponsali, della S. R. maesta di / D. Pietro | Re di Portogallo, con la Serenissima | Maria Sophia...... Eshibito, per commando del Serenissimo | Filippo Gvglielmo Elettore Palatino. | Nella sva Elettorale Residenza / di Heidelberga. | ....... Heydelberga, per Michaele Franz, Stampatore di S. A. E. 1687.| In-fol. de 5 fls. inn. e 161 pp. E' obra de Nicolò Minato, que assigna a dedicatoria. Em italiano com a versão alleman em frente. Dividida em 3 actos.

43) Minerval | Austriacum | Serenissimis | Majestatibus | Joanni V. /

Portugallic & Algarbice | Regi, &c. &c. | Marice Anne, | Austriaco, | Leopoldi Magni | filiæ, | Josephi I. | Romanorum cœ

[*] Cont. da pag. 265 do volume I.

saris | sorori,

nuptiale | d. d. d. | Vienna Austriæ, typis Annæ

Francisco Voigtin, viduæ. | S. d. (1708?), in fol. de 18 fls, inn.

A dedicatoria vem assim subscripta: Infimus Majestatum Vestrarum capellanus A. S. S. J. =

A este opusculo reuniu Barbosa 8 folhas com emblemas gravados a buril, e cada um com seu epigramma latino, que não parecem pertencer á obra principal, mas todos allusivos ao consorcio de d. João 5.°

or

44) Epithalamio real nos felicissimos desposorios dos Augustissi-
mos Reys | D. Joam V. | & | D. Maria-Anna | Regina Jose-
pha Antonia de Austria | nn. ss. | Offerece-o ao S. D. Phe-
lippe de Sovsa ...... | Joseph do Couto Pestana. | (Arm. port.)|
Lisboa, na Officina de Valentim da Costa Deslandes, Impres-
sor de Sua Magestade. | M.DCCIX. | Com todas as licenças ne-
cessarias. I In-4. de 50 pp. Consta de 181 oitavas.
Barbosa e Innocencio da Silva.

Cit.

por

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45) En los felicissimos desposorios del Serenissimo Rey | de Portugal D. Juan V. con la | Serenissima | Reyna | D. Mariana de Austria. | Epitalamio. | Por I. O. S. E. D. E. | En Vienna: En la Officina de Juan Diego Kuerner, | Anno 1708. | In-4. de 4 ff. inn.

46) Serpentaqvila | nvmerosa | nas augustissimas vodas dos muy Altos, & Poderosos Reys, & Senhores nossos | Dom Joam V. / & Marianna de Avstria. | dedicada ao Excellentissimo Senhor | D. Francisco Xavier | Joseph de Menezes, quarto Conde da Ericeira,...... | por | Gaspar Leitam da Fonseca. | (Vinheta). Lisboa, na Officina de Valentim da Costa | Deslandes, Impressor de S. Magestade. | Com todas as licenças necessarias. Anno de 1709. | In 4.o de 36 pp.

Consta de 83 oitavas, das quaes não será inutil dar como spécimen as duas 1.", para se-fazer justa idea da obra e do poeta. Começa assim o epithalamio:

«Cruzando Febo a linha abrazadora,

O tropico rayava da Ursa fria,

Que emulo de outro Sol, o mar adora,

Em humido farol, brilhando, ardia:
Em branca luz, crepusculo da Aurora,
Arminho veste o Ceo, purpura o dia,
Enlaçando Neptuno o Tejo louro
Em braço de cristal por cordão de ouro.

Quando o Rio em verdores prateados
Tecendo a seu candor fresca grinalda,

Da çanefa nos choupos engraçados
Forma à testa anciãa cãas de esmeralda.
De conchas em cristaes alcachofrados
Crespas joyas compoem lustrosa fralda,
Discorrendo com pompa nunca ingrata
Por chamalote de ouro ondas de prata? »
E d'est'arte continua.

Pois bem; sôbre

uma composição d'este quilate disse fr. Ignacio de Sta Maria o que se-lê em uma das licenças, que andam á frente do opusculo:

« Sem risco de encorrer a nota de encarecido, se podèra ser Homero do louvor deste Poeta, & da sua Serpentaquila numerosa; pory he Aquilles na arte, Argos nas noticias das Fabulas, & Aguia nos vocabulos da lingua Portugueza; pois ainda não ouvi mais energia na rhetorica, nem eloquencia mais crespa; por onde cuido, serâ nesta occasião a ultima obra, que se publique por meyo da estampa: & devia o Author della guardar-se para ultimo na certeza, de que nenhua precedente seria a primeira &. »>

Taes eram os censores, e tal o gosto litterario da primeira ametade do seculo passado em Portugal.

47) Cithara imperial, | Lyra poetica, em que solenniza a Fama / os festivos applausos, e singulares jubilos do felicissimo ingresso, & celebradissima entrada (em este mais que todos felis reyno de Portugal) da soberana Magestade da Augustissima | Rainha Nossa Senhora | D. Marianna | de Austria / em o ditoso anno de 1708. | Dedicada ao Excellentissimo Senhor João da Sylva Tello de Menezes, | Conde de Aveyras, | Autor João Tavares Mascarenhas, cidadão em esta Corte, & Cidade de Lisboa, | (Vinh.) | Lisboa. | na Officina de Manoel, & Joseph Lopes Ferreyra, | M.DCC. VIII. | Com todas as licenças necessarias. | In-4.o de 23 pp.

Em várias especies de metro.

48) Gorgeyos | poeticos | decantados á Serenissima Rainha | D. Mariana de Avstria | entrando nesta Corte com a frota, / pelo padre Maooel (sic) Martins | mestre Ayres, | dedicados / ao Senhor Joam Luis de Helvas, Fidalgo da Casa de Sua Magestade. Lisboa. | Na Officina de Miguel Manescal, Im- | pressor do Santo Officio. Anno de 1708. | Com todas as licenças necessarias. | à custa do Padre Manoel Martins Mestre Ayres. | In-4., de 6 fls. inn.

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