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lucros, mas com a obrigação tambem do Estado, em caso de guerra consideravel, fornecer á Companhia 16 grandes navios de guerra e quatro yachts, etc.

A Companhia começou com um capital de fl. 7.108.161, que logo se elevou a fl. 18.000.000 e foi dividido em acções de 6.000 florins. Ella compunha-se de cinco camaras ou secções, que entraram na Companhia na seguinte proporção: a camara de Amsterdam 4/9, a da Zelandia por 2/9, a do Moza (Rotterdam), o districto do Norte (Hoorn e Frisa), e a cidade e o paiz de Groningue cada um com 1/9.

Cada camara tinha seus directores, mas a administração geral da Companhia era confiada a 19 directores deputados pelas diversas secções, na ordem seguinte: oito pela camara de Amsterdam, quatro pela de Zelandia e dous por cada uma das outras; o 19o director era nomeado pelos Estados Geraes.

Esta assembléa devia ter sua séde alternativamente em Amsterdam e em Middelburgo (seis annos na primeira cidade e dous annos na segunda).

A' historia da fundação da Companhia está ligado o nome de Ussclinex, um commerciante belga da cidade de Antuerpia, que havia emigrado da Hollanda, como muitos patriotas protestantes, fugindo á perseguição religiosa, que os Hispanhoes lhes moviam no seu paiz.

Foram funestos os productos da intolerancia religiosa, êrro politico já commettido antes por Portugal com a expulsão dos judeus que se refugiaram egualmente na Hollanda, levando consigo suas riquezas e espirito mercantil e industrial.

Diz Asher que mais de 100.000 familias protestantes belgas se passaram para a republica vizinha com os seus haveres, contando ver liberta sua patria do jugo hispanhol para regres

sarem.

Foi devido a esses importantes incrementos que a Hollanda, um pequeno e modesto ninho de navegantes ousados, passou dos fins do seculo XVI ao principio do XVII a ser considerada uma grande potencia, uma nação industrial e rica.

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Os Belgas contribuiram poderosamente para este salto em prosperidade e civilização do paiz que os hospedava, mas nunca se exqueciam dos seus antigos lares e aspiravam rever os queridos sitios patrios, para cujo desideratum era necessario abater o poderio hispanhol e obrigar esse povo a abandonar a Belgica.

Usselinex concebeu um plano gigantesco, que consistia em atacar, conquistar e destruir as possessões da Hispanha, na America, e fazer-lhe a guerra até lhe impôr um tractado, pelo qual se havia de conseguir a liberdade do seu paiz.

Esta idéa foi logo abraçada pelo partido dos Belgas, ao qual se alliaram os calvinistas, democratas, monarchistas, centralistas e a propria casa de Orange.

Oldenbarnevelt, o grande estadista, que governava então a Hollanda, era chefe do outro partido, e este se oppunha ao tal plano, naturalmente pelo resultado - a retirada daquelles extrangeiros, que tanto contribuiam para a prosperidade e riqueza nacional.

Neste partido estavam alistados os arminios, aristocratas, republicanos e os autonomistas, isto é, os que queriam completa autonomia para os municipios.

O movimento e discussão sobre o estabelecimento da Companhia durou 30 annos, de 1592 a 1621, e só acabou com a derrota do patriota Oldenbarnevelt, que teve de subir ao cadafalso.

Durante essa longa phase, Usselinex publicou muitos trabalhos, em que defendia com grande talento o seu plano e em que desenvolveu idéas adeantadissimas.

Queria não sómente que se fizesse acquisição das terras, mas sua colonização com a gente da sua propria raça, apresentando para isso argumentos interessantes, combatendo os preconceitos sobre os climas dos paizes americanos e mostrando a superioridade do trabalho livre sobre o escravo.

Preconizava o trabalho livre, além da razão moral, pelo lado economico; ponderava que um europeu trabalhando no seu proprio interesse e com a vantagem da intellegencia devia produzir mais do que cinco negros forçados pelo azorrague.

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Tocava sobre esse ponto para que os seus conterraneos, que não possuissem ainda escravos, não esmorecessem no projecto de colonização pelo facto dos Portuguezes e Hispanhces já os terem nas suas « conquistas».

Apezar do insuccesso que soffreram na Bahia, os Hollandezes não haviam perdido a esperança de fundar uma colonia na costa do Brasil, como base de operações, donde pudessem hostilizar os Hispanhoes, e em 1630 lançaram suas vistas sobre Pernambuco, ponto mais oriental da costa do Brasil, e o que fica mais perto da Europa e da Africa.

Narra-se que judeus portuguezes expulsos de sua terra se asylaram na Hollanda, que lhes deu agazalho, estabelecendo-se depois no Recife, de onde informavam aos Hollandezes do occorrido na capitania e para onde os attrahiam.

Eis o que diz Southey sobre a villa do Recife, nessa epocha:

<< O Recife, como porto e por conseguinte fóco principal dos negocios, tinha tambem uma população consideravel; pela ordem do tamanho era então a terceira villa de Pernambuco, sendo Iguarassú, a segunda. 80 a 90 navios aqui carregavam todos os annos assucar e pau brasil, sendo este último reputado o melhor que o paiz produzia. Dos livros da Alfandega se via que nos quatro annos, de 1620 a 1623, não tinham sido importados menos de 15.430 escravos de Angola para a capitania. Em verdade, eram muitos os engenhos do tamanho de aldeias não pequenas. Os Hollandezes diziam que Pernambuco era o paraiso do Brasil e valia bem um reino.

Calculavam elles que na capitania de Pernambuco poderiam annualmente carregar de assucar 150 navios; tambem seus portos eram outras tantas estações, donde saïriam os corsarios a interceptar os galeões da India.»

Para realizar a invasão da capitania a Companhia das Indias Occidentaes mandou preparar uma expedição composta de 52 navios e yachts e 13 balandras, com 3.780 marinheiros e 3.500 soldados.

Era commandante geral da expedição Hendrik Corneliszoon

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