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dimento de alfandega, e outros pequenos ramos, o que tudo por hum calculo aproximado montará de 80 a 90 contos de reis mas sendo certo a despeza mensal da tropa que anda de nove a dez contos de reis, e os recebimentos incertos pela difficuldade que se encontra nos pagamentos, estou sempre em anciedade sobre este objecto cuja importancia v. ex.a não desconhece: accresce a isto que os rendimen tos das ilhas do Faial, S. Jorge, e Graciosa não chegão para fazer face às suas despezas e vem por tanto carregar sobre esta ilha. N'estes termos o unico recurso que resta hé o dinheiro do contracto do tabaco, e vedado este considero em grande perigo a segurança e socego destas ilhas nestes tempos procellosos.

a

Incluso achará v. ex. os officios que recebi do governador, e corregedor da ilha do Fayal os quaes acho attendiveis mas não me julgando authorisado a deliberar, peço a v. ex.a haja de resolver como julgar conveniente a este respeito.

Remetto igualmente a relação dos prezos que forão sentenciados pela commissão mixta estabelecida nesta cidade por decreto de 4 de março do anno proximo passado os quaes no primeiro correio pertendo fazer embarcar para Lisboa a fini de seguirem dahi os seus destinos.

Pela secretaria d'estado dos negocios eclesiasticos, e da justiça me foi expedida huma carta regia na qual ordena el rey nosso senhor que os presos pronunciados pelo juiz de Alçada do Faial sejāo aqui sentenciados pela commissão mixta. Manda sua magestade, e por tanto hé preciso obedecer, mas tal operação tras comsigo graves in convenientes sendo o menor a demora que hade haver na conclusão deste negocio. Os lugares de corregedor, e juiz de fora desta cidade. davão bem que fazer a dois ministros habeis que os quizessem desempenhar, e agora com o estabelecimento da junta da fazenda, junta criminal, junta do paço, aquella d'agricultura, consellos de guerra, e commissão mixta excedem as forças mais robustas, e mais expeditas. Sobre este objecto confirmo o que disse em meu officio n.o 99 de 14 de junho proximo passado sobre a necessidade da creação de hum juiz do crime separado da vara do civil como foi creado para a ilha Terceira.

Vou fazer a v. ex.a huma requesição de que talvez não haja exemplo, porem que nas actuaes circumstancias se faz indispensavel, e hé o caso que sendo pela junta criminal condemnado a penna ultima Nicolao José Pacheco pela barbara morte que deu a sua mulher não pode executar-se a sentença por falta de perboste que não ha, nem he possivel suprir pelos meios que se costumão adoptar, pois que ain da que algum criminoso quizesse acceitar este lugar não há aqui quem lhe ensine o officio que com humanidade deve desempenhar. Ora conheço que esta falta ficava suprida mandando o reo para Lisboa a fim de ser abi justiçado porem tambem conheço que a falta de hum

exemplo (que não poderá deixar de ser aterrador por que para estes povos hé novo dá lugar aos repetidos homecidios que se fazem neslas ilhas os quaes desgraçadamente humas vezes ficão impunes, e outras limitão se a simples degredos que os seus habitantes olhão com indiferença até pela tendencia que tem a expatriar-se, alem disso a commissão mixta que vai entrar em função não poderá dispensar hum tal funccionario.

O caes da alfandega desta cidade está concluido menos o lageamento o guindaste em que se está cuidando, para cuja despeza há em cofre hum conto de reis do donativo que fez a camara desta cidade da imposição d'agoardente, e oito centos mil reis offerecidos pelo coronel André Manoel Alvares Cabral de que fallei a`v. ex.no meu officio n.o 120 de 3 de setembro do corrente anno, e novamente rogo a v. ex. haja de fazer expedir as ordens pelo erario, por que ainda que o cofre da junta destas illas não esteja em estado de fazer este desembolço eu poderei achar quem adiante esta quantia reconhecida a utilidade da sua applicação.

Tenho aberto huma estrada de carruagem que corta a ilha na direcção de N. S. a qual conduz da cidade aos lugares do Pico da Pedra, Rabo de Peixe, e Calhetas, e achão-se já feitas duas legoas de caminho, não como concede a carta regia de 4 de janeiro de 1825 por que o estado dos cofres o não permitte mas por meio de donativos e fachinas de que eu me não exemi a fim de tirar toda a ideia'de privilegiados. Não pense v. ex.a que estes donativos são por mim imperiosamente exigidos, e concedidos por medo, bem longe disso tem sido os proprietarios mais ricos daquelles lugares que os vierão offerecèr. e mesmo propôr a obra que encarreguei ao morgado José Caetano Dias do Canto, inspector da obra do caes, homem independente, intelligente e zellozo da prosperidade da sua patria e do serviço de el rey nosso senhor o qual me parece muito digno e merecedor de que sua magestade lhe de huma demonstração do seu real aggrado,

Por occasião d'abrir se proximamente na alfandega desta cidade ham bahú que se julgava pertencer a carga da escuna «Young Norval acharão se nelle os papeis que remetto pertencentes a Antonio José Guerreiro actualmente na ilha Terceira, o mais interessante he o incluso, os mais curiosos são os que vão no masso n.o 1, o mais singular o livro que os acompanha.

Pelo officio que recebi do commandante militar da ilha das Flores sou informado que na freguezia de Ponta Delgada daquella ilha fora encalhar huma gallera americana denominada «Robert Fulton» capitão John Briton com 109 pessoas de guarnição vinda de Nova-York para Liverpool com carga de farinha o qual tendo atracado com outro navio em alto mar se vio obrigado a tomar aquelle partido para salvar a equipagem, parte da qual já dali se passou para a ilha do Faial. Deus guarde a v. ex. Ponta Delgada 9 de novembro de 1830.

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mo

Ill.me e ex.mo sr. Duque do Cadaval. Henrique da Fonseca Souza Prego.

Relação dos reos sentenciados pela commissão mixta creada nesta ilha pelo real decreto de 4 de março de 1829

O padre Antonio José da Rosa, em degredo para Angouxe no reino d'Angola, por toda a vida.

Antonio da Rosa-Idem

Antonio de Mattos de Oliveira--Idem

Manoel Jacintho da Silveira-Idem

João Francisco-em degredo por toda a vida para Cabo Verde Antonio José Machado d'Oliveira-em 5 annos de degredo para Cabo Verde.

Secretaria do governo geral das ilhas dos açores em Ponta Delgada 9 de novembro de 1830- Manoel Joaquim da Silva.

N.o 138-Officio de 9 de novembro de 1830: Informação sobre o requerimento de João Peixoto Guthieres Palhinha

N.o 139 - Officio de 9 de novembro de 1830: Informação sobre o requerimento de João José de Mello

O volume d'este Registo está troncado e faltando-lhe as folhas que se seguiam á 117.

ANTIGUIDADES AÇORIANAS

I

ANGRA EM 1581

De um raro manuscripto.que possuimos e devemos à amabilidade de um antigo amigo, vamos trasladar uma succinta descripção da cidade d'Angra n'aquella já remota epoca,promettendo brindar os leitores com outras transcripções interessantes sobre varios acontecimentos notaveis, que se deram n'aquella cidade e ilha Terceira, após a desgraça. da batalha de Alcacer Kibir, travada entre christãos e mouros no fatal dia 4 d'agosto de 1578.

Nao poderemos, comtudo, seguir precisamente a orthographia do manuscripto, porque não tem a pureza da epoca, e, em muitos loga-" res, apresenta erros gravissimos de linguagem, que, por vezes, perturbam o sentido da descripção.

Ainda assim. havemos de conservar, tanto quanto possivel, o estylo do autor. subordinando-o tão somente a algumas modificações, que julgamos necessarias para maior clareza dos artigos descriptivos, e interpretação adqnada dos nossos leitores.

O capitulo do manuscripto, que agora vamos transcrever, tem o seguinte titulo:

Do ser da cidade de Angra»

Esse capitulo cifra-se, pouco mais ou menos, no que, a seguir, transcrevemos.

Esta cidade de Angra é muito alegre,tem uma ribeira muito fortuosa,que atravessa pelo meio, e onze moinhos acima d'ella. Ao longo d'elles, em um alto da cidade, um castello antigo. (1) O comprimento da cidade, desde as portas de Santa Catherina até ás de S. Bento, que è muralha antiga, (2) é de perto de meia legua. Edeficios, muitos; casas, muito grandes e sumptuosas, muitos conventos de relegiosos e grandes templos; a sé, das maiores egrejas que ha em Portugal.

(1) O castello de S. Luiz,vulgo dos moinhos, onde hoje existe o monumento a D. Pedro IV.

(2) Hoje não existem signaes d'essas muralhas.

Esta cidade está fronteira ao longo do mar e é toda murada e se fecha com portas (3), por muros muito fortes.

Tem ruas muito largas; por dentro da cidade grandes pomares, e ao longo d'ella muitas vinhas e muitas hortas.

Tem agora, novamente, o castello de S. Filippe. no monte do Brazil, muito grande e que é o melhor que ha em Portugal. Muito mais se pode dizer da bondade de ella, e tem muits chafarizes de frescas aguas,>

Mendo Beur

(3) Pesentemente não ha o menor indicio de portas ou muralhas.

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