As Musas de D. Diniz.-A Mysteriosa Beatriz.-Duqueza de Borgonha.
Imperatriz de Allemanha. -A Excellente Senhora.

A côrte em Setubal e os Porquês anonymos. - Uma noiva do Prior do Crato.
Matronas de 1640.-A Freira Portugueza.

A Condessa da Ericeira. - Academicas. - Duas Realezas.

1915

-

LIVRARIA FERREIRA

FERREIRA L.da,
da Editores

132, R. do Ouro, 138

LISBOA

DI

536.7 .512

63-179930

Polas ribeiras de ums rios
Por onde cantão as aves,
Por esses bosques sombrios,
Despois de contos mais graves,
Ouvi d'estes meus baldios.
E porque eu tambem me afasto
Do povo, que me não reja
Ou tras si me leve a rasto,
Vede em que do tempo gasto
O que me ás vezes sobeja.

Em quanto um joga, outro caça,
Outro dorme, outro trasfega,
Outro murmura na praça

E co mal d'estes se rega,

Co bem d'estoutros s'embaça,

Um de si se preza tanto

Que sô cuida que enche as festas,

Outro sospira e faz pranto:

Coa natureza entretanto

Falemos pelas florestas.>>

(SÁ DE MIRANDA-Egloga Basto-Dedicatoria).

Explicação prévia

Este livro, senhora minha, não tem a pretensão de instruir-vos, ou de vos deleitar.

Que, se aspirasse á primeira, teria, pela pedantesca intenção, merecido o destino de ser recolhido sem demora, e com as paginas ainda fechadas, no armario dos esquecidos. E, se presumisse de divertido, veria, apenas aberto, abrir-se tambem talvez n'um bocejo de fastio, essa bocca que só deve arquear-se no geito gracioso de um sorriso acolhedor.

E tu, pio leitor, (chamo-te pio não porque te julgue cumpridor intemerato dos teus deveres religiosos, ou porque te queira irreverentemente applicar, a ti um sobrio, o sentido chulo da palavra, mas porque em todos os proemios, prefacios, prologos, anteloquios e conversações preliminares era de uso considerar-te pio, invocando a tua caridade, a tua benevolencia, a tua esquiva bemquerença), e tu pio leitor, ia eu dizendo, não julgues que venho fazer estendal de erudição, embeber talhadas de Historia em summo de Philosophia, ou destruir propositada