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VII

volução de Fevereiro de 1821, que no Rio de Janeiro appareceo, que obrigou El-Rei a annuir ao novo systema politico proclamado em Portugal, e da sua retirada, e á testa dos movimentos politicos do Brasil o Principe. D. Pedro, a Independencia se proclamou, e em lugar de Reino-Unido, appareceo a Terra de Santa Cruz, revestida do caracter de Imperio do Brasil, tendo por seu legitimo Soberano o Imperador D. Pedro I (1)!

Assim, pois, conhecendo nós a sorte do Brasil, como colonia portugueza, em relação à todas as colonias do mundo, chegando de ponto a ser a metropole de sua antiga metropole; justo seja que aos nossos compatriotas façamos conhecer a Nação illustre, d'onde directamente descendem os Brasileiros, para que quando menosprezada por gente estranha, possamos antepôr aos doestos os feitos memoraveis dos nossos antepassados.

Dr. A. J. de Mello Moraes.

(1) Na parte historica da nossa Corographia Chronographica nobiliaria e genealogica do Imperio do Brasil, mostraremos com os factos, que os mais extrenuos campeões da Independencia do Brasil foram os Snrs. D. Pedro I, Coronel Luiz Pereira da Nobrega, Joaquim Gonsalves Lêdo, Conego Januario da Cunha Barbosa, e Capitão-mór José Joaquim da Rocha, etc., entrando nesse numero muitos Portuguezes.

OS PORTUGUEZES PERANTE O MUNDO

Portugal em sua origem.

que cante declarando

Da minha gente gråa genealogia:
Não me mandas contar estranha historia,
Mas mandas-me louvar dos meus a gloria.
(Camões, C. 3.o, Estr. 3.a).

E' nosso empenho, folheando os annaes do mundo, compendiar todas essas grandezas, todos esses feitos estupendos e admiraveis, que os nossos maiores praticaram nas differentes partes do mundo, onde não havia chegado o valor e esforço humano. Se não fossem os factos, referidos por testemunhas irrefutaveis, e justificados por pessoas estranhas, concordariamos com os invejosos das glorias portuguezas, ser impossivel que de tão acanhado lugar da terra, como é o pequeno Portugal, sabissem homens, que honraram, em todos os sentidos, o genero humano:

Um Pacheco fortissimo, e os temidos
Almeidas, por quem sempre o Téjo chora:
Albuquerque terrivel, Castro forte,

E outros em quem poder não teve a morte.

(Camões C. 1.o, 14).

Para não sermos precipitado no que temos de dizer, mister é que tomemos a historia de mais longe, para mos

trar com a ordem dos tempos, que a celebridade dos por1

TOM. I.

tuguezes vem de éras tão remotas, que parece fabulosa a memoria da sua historia. No entanto ella vem do berço com elles, e como que solidaria nos annaes do genero hu

mano.

Fallar contra os factos, sem conhecimentos certos, e maldizer dos homens, sem um motivo vehemente, unicamente com o gosto de deprimir, occultando o merecimento, é justificar em pessima prosa o que disse Filinto Elisio em bellos e cadentes versos:

Não vive o nescio, bem que a vida alongue;
Viver é tomar gosto á formosura,

Ao explendido universo;

Não se gosta do que se não conhece.

A nação portugueza, conforme referem varios chronistas, desde que teve o nome de Lusitania, até a juventude de D. Sebastião (que mediou o longo espaço de tres mil annos), obrou tantos prodigios na paz como na guerra, que foi sem duvida o terror e a admiração de muitos imperios. Passa nos annaes do mundo e na historia dos primeiros povoadores da Europa, que Luso (lago) antes da vinda de CHRISTO, 1500 annos, deu o seu nome ao reino Lusitano; e contam as tradicções, que Tubal, quinto filho de Japhet, neto de Noé, navegando, com os recursos de então, pelo Mediterraneo, atravessou o estreito (hoje de Gibraltar), e veio á parte mais occidental da Europa, e, em um sitio ameno e delicioso, fundou com os seus poucos companheiros a primeira povoação da peninsula, a que se chamou por corrupção Setubal (ajuntamento de Tubal). Por muitos annos governou Tubal esses lugares (pelos annos da creação do mundo, 1800, e 136 depois do diluvio, 2208 antes da vinda de Nosso SENHOR JESUS

CHRISTO). Em seguida a esta tradicção, conta-se que Noé, indo a Portugal, admirou-se do povoado de Tubal e do que vio em edificios e monumentos, e que depois se retirara para a Asia, onde morreo. Governando com bom resultado o fundador Tubal, não deixou de visitar muitos outros lugares da Peninsula, entre os rios Tejo e Guadiana, penetrando o Algarve, em modo a deixar nos 163 annos do seu governo, quando morreram 63,000 pessoas, descendentes dos seus tres filhos. Foi sepultado em um lugar denominado Promontorio Sacro (hoje Cabo de S. Vicente no Algarve), de que se conservou memoria até o tempo de Affonso Henrique.

A Tubal succedeo seu filho Ibero ou Hibero, inventor da pesca, e o que deo á Hespanha o nome de Hiberia, e reinou 37 annos. A Ibero succedeo seu filho Iubalda ou Idubella, o qual sahindo da Lusitania (que então não tinha este nome), foi viver perto do Ebero, gastando a maior parte do tempo em estudar o movimento dos planetas, a cosmogomia, a magia, e outros conhecimentos que o seu genio pedia. A Iubalda succedeo Brigo, que apartando-se do caminho de seu pai e antecessor, procurou engrandecer o reino por um monumento que por si concorresse para a felicidade da nação. Fundou em Coimbra (Conimbriga) antiga, um seminario, ou academia, para estudo, situado na margem do rio Mondego, no mesmo lugar onde succedeo a moderna Coimbra. Diversas eram as materias que na Academia Conimbrense se aprendiam, e entre ellas tinha subida estima a politica d'aquellas éras.

Brigo fez povoar muitas cidades da Lusitania, como fossem Cetobriga, perto de Setubal; Medobriga, junto a Port'alegre; Conimbriga, hoje Coimbra; Brigancia, hoje Bragança; Lacobriga, hoje Lagos, no Algarve; e Celiobri

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