Este penhor de minha castidade Te offendeu, me afrontou levando a palma Quiz tua boa fortuna que o matasse, Aqui verás, que a mim propria, homicida, Disse, e mettendo a mão a um diamantino Sobem gritos ao céo, á terra descem Ai sem vintura, pois tão pouca tenho Desmaiou-se com tanto sentimento, A um soberbo sepulchro, em que o puzeram, A' Ormia Lusitana aqui te inclina, (Mascarenhas). Quinto Serviliano Cepio, autor de tão infame covardia, foi coagido a fazer pazes com os Portuguezes da Numidia, que, posto que estavam sem chefe, davam-lhe grandes cuidados. Um homem de muito merito, e que era general dos exercitos romanos, sendo desterrado para fugir das perseguições e tyrannias de Sylla, como asylo passou-se á Hespanha, e procurou acolhimento entre os Portuguezes, e os aliciando, tomou as armas contra Roma e marchou sobre ella: este homem insigne foi Q. Sertorius, natural de Nursea. Nos primeiros annos, sob as ordens do grande Mario, combateo os Cymbrios e Teutoneos. Quando Mario e Cinna entraram em Roma, assassinando os seus inimigos, Sertorio manifestou a sua magoa por ver morrer seus compatriotas. Isto bastou, para lhe adquirir odio perpetuo. O senado Romano, sabendo que Sertorio á frente dos Portuguezes vinha contra elle, mandou quatro exercitos, commandados, além de outros, por Pompeo e Metello, que foram desbaratados. Caminhando sempre na perseguição contra Roma, Perpena, official seu e Romano, invejoso das glorias e valor de Sertorio, em um banquete que o illustre general deo em sua casa (70 annos antes do REDEMPTOR), teve a baixeza de se conspirar contra elle, e á falsa fé mandar a Antonio, outro official assassinal-o. Este acontecimento estranho, praticado em Evora (1), feito na pessoa de um homem respeitavel por sua idade avançada e gloriosos feitos, foi geralmente estranhado e sentido pelos soldados de Sertorio e povo Lusitano. Perpena não logrou por muito tempo o fructo da sua cubiça, por que cahindo nas mãos de Pompêo, foi por este morto. Diz a historia que Espartaco com outros escravos rebeldes, moveram a guerra que Pompeo e Cassio haviam supprimido. Cicero sendo consul se conspira contra Lucullo e Catilina. Pompeo, alliado de Cezar, por inveja se separou; e derrotado na Pharsalia, fica Cezar se (1) Vêde as antiguidades de Evora por A. de Rezende, D. M. de Vasconcellos, G. Estaço, e M. S. de Faria. nhor do Imperio Romano. Portugal por todo esse tempo soffreo o pesado jugo dos dictadores e consules de Roma, por que sem os seus famosos capitães, apenas aqui ou ali acommette a seus oppressores. C. Pisão, legado Romano, governou a Hespanha, Galiza e Portugal. Sob este tempo soffreo a Peninsula um medonho terremoto. Os Portuguezes, depois de Pisão, rebelando-se contra o pretor Q. Calidio, este os venceo. C. Julio Cezar, entrando na Lusitania, 59 annos antes do nascimento de JESUS CHRISTO, sugeitou os seus natuturaes, e mandou por seu turno governal-a Publio Lentulo, Metello Nepos, Cicilio Dentato, Cicilio Metello Nepos. Por este tempo são mortos na Africa Sipião, Catão, e o rei Juba, emulo de Cezar, que depois foi morto por Bruto e Cassio, 44 annos antes de JESUS CHRISTO. Quando Augusto, já feito Imperador, veio á Hespanha, os Portuguezes não lhe quizeram obedecer, porém reduzindo-os por meio de affagos, conseguio fazer da Hespanha e de Portugal provincia Romana, introduzindo logo ahi os costumes, leis, ritos, colonias e linguagem Romana. Só ficou, affirma a historia, a lingua vasquense nas provincias Vascongadas, onde Biscáio Octavio começou a governar como Imperador, e morreu 13 annos depois da vinda de JESUS CHRISTO. Octaviano, dous annos antes de JESUS CHRISTO, dividio a Lusitania em quatro comarcas, ou chancellarias, que foram Merida, Béja, Santarem e Braga. Affirma-se que os Portuguezes adoravam a Octavio, e lhe erigiram templos a ser reverenciado, como fosse em Lisboa, Evora, Mertola e Santarém. Octavio, ou antes Augusto, comprehendendo estar a felicidade desses povos na paz, julgou conveniente sustental-a e garantil-a, e assim os manteve em quanto viveo. Estado de Portugal até a entrada dos Godos. Sujeita ao imperio Romano a Peninsula, diz um compillador, e como provincias suas a Hespanha e a Lusitania, e sendo governadas por Pretores ou Consules, subindo ao throno Constantino o Grande, e indo a combater Maxencio, um dos seus inimigos, viu uma cruz no céo, com esta inscripção ER TOUTRO VIXA in hoc signo vinces esta visão o fez converter ao christianismo, e alcançar uma facil victoria. Constantino, assim compenetrado, cuidou em favorecer o christianismo e a defendel-o por toda a parte; instituio na Lusitania um vigario, sujeito ao prefeito do Pretorio, que então residia em França. De então começou o governo dos Condes em Portugal (1). Havia, diz a historia, no entanto alguns regulos ou reis sujeitos ao imperio. Depois de Augusto governaram Portugal: Tiberio, que entrou para o poder 14 annos depois da vinda de JESUS CHRISTO, e governou 22 e meio. Era este homem de pessimas qualidades, sendo cruel, vingativo, desconfiado, e assassino de seu sobrinho. Caligula, filho do Germanico, cruel incestuoso deshonrando suas irmãs, deu a dignidade de consul a seu cavallo; amou a Herodes estando preso em Roma, com a liberdade deu-lhe uma cadeia de ouro e o reino da Galiléa. Reinou 3 annos e 10 mezes, e 41 depois de JESUS CHRISTO. Entrou, diz a historia a luz do Evangelho em Portugal, trazida pelo Apostolo Santo Iago Maior, que fundou a Igreja primaz de Braga, com o titulo de Santa Maria Virgem Mãi de Deos. Deixou a S. Pedro Rates por seu primeiro bispo, e a Torquato por bispo de Citanea, junto do rio Ave, entre Braga e Guimarães. -(1) O titulo de Conde se derivou de Cometes ma Manoel Severino de Faria (Noticias de Portugal). segundo affir |