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Glosou tambem em oitavas o soneto

Horas breves do meu contentamento.

Balthazar Estaço, irmão do nosso celebre antiquario Gaspar Estaço, nasceu em Evora no anno de 1570 e foi Conego na Sé Cathedral de Viseu; tinha dez annos quando Camões morreu, e assim ainda foi contemporaneo d'elle. Não se sabe ao certo a epocha da sua morte. Póde ver-se no Diccionario Bibliographico do sr. Inocencio Francisco da Silva o juizo critico d'este escriptor.

FERNÃO ALVARES DO ORIENTE

(1607)

LUSITANIA TRANSFORMADA COMPOSTA POR FERNÃO ALVARES DO ORIENTE, DIRIGIDA AO ILLUSTRISSIMO E MUI EXCELLENTE SENHOR D. MIGUEL DE MENESES MARQUEZ DE VILLA REAL, CONDE DE ALCOUTIM E DE VALENÇA, SENHOR DE ALMEIDA, CAPITÃO E GOVERNADOR DE CEUTA. COM LICENÇA DO SUPREMO CONSELHO DA SANTA INQUISIÇÃO E DO ORDINARIO. IMPRESSA EM LISBOA POR LUIZ ESTUPINAM. ANNO 1607

Mais de uma vez n'esta obra se refere o auctor a Camões e aos seus Lusiadas, especialmente na Prosa Iv e x; foi grande enthusiasta do Poeta, glosando algumas das poesias, inserindo versos d'elle nas suas e imitando-lhe o estylo, o que deu logar a alguns pretenderem que a Lusitania Transformada era o perdido Parnazo de Camões, mas sem a menor rasão. A constante e enthusiastica imitação de Camões, de quem devêra ser companheiro d'armas, é muito interessante, pois serve não pouco para discriminar as poesias do nosso Poeta, postas em duvida pela similhança que sempre apresenta.

Fernão Alvares do Oriente nasceu na cidade de Goa, e no anno de 1542, segundo se conjectura; serviu na India alguns annos, e vindo para o reino foi por Capitão de uma companhia de soldados á batalha de Alcacer-Kibir onde ficou captivo, e falleceu entre 14 de Agosto de 1597 e 25 de Março de 1598, em que se passou carta a seu filho Luiz Alvares, das duas viagens da Costa de Coromandel para Malaca, de que seu pae havia mercê, e n'elle nomeára por testamento, como consta da dita carta.

PEDRO MARIZ

(1613)

PROLOGO BIOGRAPHICO DE LUIZ DE CAMÕES: AO ESTUDIOSO

DA LIÇÃO POETICA

Este prologo ou biographia precede os Commentarios aos Lusiadas de Camões por Manuel Correia, publicados no anno de 1613, e de que Pedro Mariz foi editor.

Parece que já antes havia escripto a vida do Poeta na edição de 1601, hoje inteiramente desconhecida, como affirma Thomás de Aquino no seu discurso preliminar que acompanha a edição das obras do Poeta de 1779-1780.

Pedro Mariz nasceu em Coimbra, e foi filho de Antonio de Mariz, impressor na mesma cidade. Foi Presbytero e Bacharel em Canones, Guarda-mór da livraria da Universidade de Coimbra, Corrector da sua impressão e Provedor perpetuo do hospital da villa da Castanheira. Os seus Dialogos de Varia Historia saíram impressos em Coimbra na officina de seu pae Antonio de Mariz, no anno de 1594.

LUIZ DA SILVA BRITO

(16..)

COMMENTO ÁS LUSIADAS DE CAMOENS POR LUIZ DA SILVA BRITO. MS.

Fazem menção d'esta obra: Faria e Sousa, Vida de Camões, § 30.o João Soares de Brito, Theat. Lusit. Litt., letra L, n.o 49. Talvez este Commentario existisse entre as obras manuscriptas que possuia d'este auctor o professor de Philosophia Bento José de Sousa Farinha.

Deixou tambem o mesmo Luiz da Silva Brito um Commentario ás Poesias de Francisco de Sá de Miranda, MS., que devia ser interessante por ser quasi contemporaneo d'aquelle poeta.

A Bibliotheca Lusitana de Diogo Barbosa Machado poucas noticias dá d'este escriptor, porém na conta dada á Academia de Historia pelo Conde da Ericeira no anno de 1724, dos manuscriptos do Conde de Vimieiro, n.° 72 e 77, se faz menção das suas obras poeticas e em prosa, e vem uma noticia biographica.

Foi filho, como consta da dita memoria, de Simão Caldeira e D. Joanna de Brito; recebeu o grau de Bacharel no anno de 1587, e repetiu n'este anno, n'esta Universidade da qual foi Lente, uma oração em louvor das Sciencias. Foi Conego de Evora, e Prior da igreja de Santo Estevão de Santarem de que tomou posse em 1616. Seguiu o partido do Prior do Crato, e se achou na batalha de Alcantara; porém depois parece que reconsiderou, pois, ou por medo ou para se justificar, fez uma oração a Filippe II na sua entrada em Santarem. Foi muito favorecido de D. Theotonio de Bragança. Pertenceu á Academia Sertoria de Evora com o nome de Encyclopedico, e á dos Ambientes no anno de 1615. Falleceu a 2 de Março de 1630, e jaz na capella mór da igreja de Santo Estevão de Santarem onde tem este epitaphio:-Sepultura do Dr. Luiz da Silva Brito, Prior que foi d'esta Igreja, Protonotario Apostolico, Penitenciario da Sé de Evora, e Vigario Geral e Provisor e Governador muitas vezes no Arcebispado de Evora por espaço de vinte e seis annos 1630. (Tem escudo de armas.)

FRANCISCO RODRIGUES DA SILVEIRA

(16..)

OBJECCOENS DO PONTUAL PERSEGUIDO Á LUSIADA DE CAMÕES

POR FRANCISCO RODRIGUES DA SILVEIRA. MS.

Esta obra conservava-se na bibliotheca do Cardeal Sousa, hoje do Duque de Lafões; já ali não existe.

Foi natural de Lamego e serviu na India: compoz uma obra sobre este Estado que dedicou em Madrid a Filippe II. Manuel de Faria e Sousa faz menção do auctor na adv. ao tom. 1 da Asia Portugueza, apontando no catalogo dos livros manuscriptos relativos à Historia da India, que consultou para escrever a sua Asia, a obra do dito Francisco Rodrigues da Silveira Reformação da Milicia da India, livro que diz ser escripto com grande juizo e muita elegancia.

Por Carta de 26 de Novembro de 1606 houve mercê de 505000 réis de tença, em respeito aos seus serviços feitos nas partes da India e ao trabalho que teve no livro que fez do bom governo do Estado da India, e a ser pobre, e estar manco de uma perna, e não poder ir servir o cargo de feitor de Ormuz com que foi despachado. Liv. 17 de Filippe II, fl. 181.

MANUEL CORREIA

(1613)

OS LUSIADAS DO GRANDE LUIS DE CAMÕES PRINCIPÉ DA POESIA HEROICA, COMMENTADOS PELO LICENCEADO MANUEL CORREIA, EXAMINADOR SYNODAL DO ARCEBISPADO DE LISBOA E CURA DA IGREJA DE S. SEBASTIÃO DA MOURARIA, NATURAL DA CIDADE DE ELVAS. DEDICADOS AO DOUTOR D. RODRIGO DA CUNHA, INQUISIDOR APOSTOLICO DO SANTO OFFICIO DE LISBOA, POR DOMINGOS FERNANDES SEU LIVREIRO. EM LISBOA, POR PEDRO CRASBECK, ANNO 1613. 4.o

Depois das licenças vem a dedicatoria a D. Rodrigo da Cunha, e logo depois uma declaração do Commentador ao leitor, em a qual diz que fizera, ha muitos annos, estas annotações sobre os Cantos de Luiz de Camões a pedido de um amigo, sem intento de as imprimir, porque se o pretendêra o fizera em vida de Camões, que lh'o pedíra com instancia. Mas agora as dava á luz importunado por alguns para que os imprimisse, e por sair pela honra de Luiz de Camões, que por a sua obra não ser entendida de todos, era calumniada de muitos, e declarada de alguns; os quaes sem lume das letras lhe põem annotações que servem mais de o escurecer e deshonrar, pois são contra o sentido do Poeta e verdades das historias e poesias. Em seguida vem o prologo biographico de Pedro Mariz, e começa depois o commentario. N'este prologo diz Pedro Mariz que arrematára estes Commentarios na almoeda a que mandou proceder o Tribunal da Legacia, dos bens do fallecido como espolios da Sé Apostolica.

É pena, ou antes omissão indesculpavel, que Manuel Correia não acompanhasse este seu Commentario de uma biographia circumstanciada do Poeta.

Manuel Correia nasceu na cidade de Elvas. Foi Licenceado em Canones, Examinador Synodal do Arcebispado de Lisboa, e Parocho de S. Sebastião da Mouraria. Correspondia-se com Justo Lipsio que lhe escreveu uma carta que é a 96 da Centuria ad Italos et Hispanos. Parece que exerceu o magisterio, pois d'esta carta consta que D. Nuno de Mendonça, mancebo tambem da predilecção de Justo Lipsio, fôra seu discipulo. Foi mui versado nas linguas hebraica, grega e latina, e teve particular amisade com Camões, que parece ter sido seu parochiano. Fazem menção do auctor Faria e Sousa na Vida de Camões;

Marangoni, Thesaur. Paroch, tom. II pag. 251; Nic. Ant., Bibl. Hisp., pag. 204; João Soares de Brito, Theat. Lus. Litt., Let. E n.o 29; Francknau, Bibl. Hisp. Gen., pag. 104; Antonio de Leão, Bibl. Orient., pag. 26.

Na Arte de Musica de Duarte Lobo, e nos Aforismos de Ambrosio Nunes, impressa a primeira obra no anno de 1602 e a segunda em 1603, ha versos de Manuel Correia em louvor dos dois auctores. Traduziu mais Cornelio Tacito, MS.

D. FRANCISCO ROLIM DE MOURA

(16...)

ADVERTENCIAS A ALGUNS ERROS DE LUIZ DE CAMOENS EM OS LUSIADAS. POR D. FRANCISCO ROLIM DE MOURA. MS.

Foi XIV Senhor da Azambuja e Montargil, do morgado de Marmelar, etc.; nasceu em Lisboa no anno de 1572, e foi filho de D. Antonio Rolim de Moura e D. Guiomar da Silveira, filha de João Rodrigues de Beja, Vedor do Infante D. Luiz; morreu a 12 de Novembro de 1640, dezenove dias antes da restauração de D. João IV, e jaz na capella mór da igreja da Misericordia da villa de Azambuja.

Fazem menção d'este auctor, alem de outros, Manuel de Gallegos no Templo da Memoria, liv. Iv, est. CLXXXXIV, e D. Francisco Manuel, Hosp. das Let. A sua obra não se encontra já em poder do seu actual representante o sr. Marquez de Loulé, o que tivemos occasião de averiguar.

FRANCISCO SOARES TOSCANO

(1619)

NOTICIA QUE PRECEDE A PARODIA DO I CANTO DOS LUSIADAS FEITA PELO DOUTOR MANOEL DO VALLE DE MOURA, BARTHOLOMEU VARELLA, LUIS MENDES DE VASCONSELLOS E O LICENCEADO MANOEL LUIS

N'esta noticia dá informação d'estes auctores, e da maneira como foi composto este poema, que elle trasladou do proprio original e letra de Bartholomeu Varella, que estava em poder do Chantre da Sé da cidade de Evora Manuel Severim de Faria. Esta noticia é assignada com a data de 10 de Janeiro de 1619.

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