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intento e a piedade, não receberão o conselho. Porque, ainda que em lugar das figuras gentilicas se pintassem no globo outras figuras sagradas, sempre era necessario conservar a memoria das primeiras para se entenderem os livros, que de toda a antiguidade estão escritos, sendo necessario aos Astronomos a cada passo folhear os Autores antigos, com que o trabalho se dobraria, sendo forçoso andar combinando os nomes christãos com os nomes gentilicos, e não se conseguiria o fim pertendido conservando-se juntamente a memoria dos nomes profanos com a dos sagrados: se a sciencia das cousas celestes agora começasse, e os estudos dos seculos passados não forão de nenhum uso, podera-se excellentemente segundo o voto de Schillero, em lugar do Carneiro, do Touro, dos Geminos e dos mais signos do Zodiaco, accomodar os Santos doze Apostolos com suas insignias; em lugar das constellaçoens boreaes, da ursa menor, da ursa mayor, de Bootes, etc. accomodar-se S. Miguel, a barca de S. Pedro, os Santos Innocentes, etc.; em lugar de Cassiopea, S. Maria Magdalena; da Aguia, S. Catherina; da náo Argos, a Arca de Noé, e todas as mais do ditto Schillero. Mas ja hoje não ha perigo de impiedade: ninguem ha que crea, que o carneiro voou da Grecia a Colcho; que o touro nadou de Phinicia até Candia; que os Geminos forão procreados de dous ovos são nomes indiferentes que tanto significão como quaesquer outros, e não se podem mudar sem grande confusão. Exposição ao Sonho de Scipião. (MS.)

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A edição publicada na officina de Manuel de Lyra no anno de 1597, uma das amputadas, saiu com este titulo: Os Lusíadas de Luis de Camões, pelo original antigo, agora novamente impressos.

Nota 66.pag. 117

Faria e Sousa nos dá noticia d'este Poema por esta forma, commentando o ultimo verso do Poemeto que o nosso Poeta dirigiu a El-Rei D. Sebastião, quando o Papa lhe enviou a setta do Santo do seu nome:

E os premios vos dará que mereceis, etc.

Corresponde à lo ultimo de la .e. antecedente, en que dize, que Ascanio por aquella hazaña fue luego premiado de Apolo con divinas alabanças: y si el premio que Dios avia de dar al Rey, fuesse de semejantes loores, venian a ser poeticos, e nuestro P. quiso ser el Apolo deste Ascanio; porque me consta de buenas informaciones, que apenas salio el Rey del puerto de Lisboa para Africa, quando el P. no dudoso que bolveria con vitoria, empeçó a cantar-le en un Poema e quando vino la nueva de su perdida, tenia ya escritas muchas estancias. Assi lo affirmo Bernardo Rodrigues su amigo, y hombre de grande ingenio como se ve de sus versos, e de mucha verdad, e limpieza: assegurando-se de que en este Poema sobrepujava a la Lusiada. Fue tal el sentimiento del P. con la nueva de aquel sucesso, que luego quemò lo que tenia escrito: y andava como assombrado. Referian-lo despues sus amigos Bernardo Rodrigues de quien ya dixe, e Manuel Ribeiro, e Alvaro de Mesquita, hombres tanbien de juizio, y estudios buenos; añadiendo que por aver perdido el furor poetico, no avia tomado mas la pluma.»

Nota 67.pag. 120

Em um manuscripto que possuo, intitulado: Memorias particulares da jornada que fez o Serenissimo Senhor Rey D. Sebastião de gloriosa memoria, e outras que justificão a sempre lamentavel perda da sua pessoa e Exercito nos campos de Africa: manuscripto que se compõe de memorias de pessoas auctorisadas, e colleccionadas pela mesma fórma dos Annaes de D. João III, de Luiz de Sousa, e que por isso tenho alguma suspeita que seja d'aquelle auctor, vem narrados estes amores:

Andava neste tempo no Paço da Rainha, D. Joana de Castro sua dama, filha do Conde da Feira, com quem El-Rey por sua graça folgava de falar mais, ou fosse isto, ou a grande sua formosura, que parecia digna de obrigar o animo de hum Rey, de que alguns tomárão occasião para julgarem, sem outro mayor fundamento, e começarem a dizer que El-Rey lhe tinha afeição, e como a de ElRey naquelle tempo era tão desejada, houve quem para alcançar a verdade deste segredo, fingio recados d'El-Rey, e ainda bilhete para ella, com tanto riseo, que o saber El-Rey lhe podera cortar a cabeça. Quis a Raynha inteirar-se disto, e ao fim veio a saber que não tinha fundamento solido, e o mesmo alcançou D. Martinho Pereira, que nisto fez diligencias; e estando El-Rey merendando com a Raynha, olhou por vezes e com atenção notavel para D. Joana, e vendo isto a Raynha acenou para D. Francisca de Aragão, a quem ella depois de hido El-Rey disse que entendia que não havia ali afeição, senão que como El-Rey sabia o que falavão, olhava para a causa por ver se era tal que merecesse a fama que corria. Outra vez sucedeo que comendo El-Rey e a Raynha, servia á mesa D. Joana de Castro, e de alguma indisposição lhe deu hum vagado de que teve hum desmayo, ́ que deu causa a se falarem grandes cousas, e animo a D. João da Silva, Embaixador de Castella, para em forma do Paço perguntar a El-Rey se era a causa daquelles accidentes? Ao que El-Rey respondeo que certificava em sua verdade, que não havia naquelle negocio mais fundamento que quererem-no dizer assim. É como neste tempo sucedesse casar El-Rey de França com huma senhora filha de hum Principe seu vassallo, houve muitos curiosos, que por especularem o animo d'El-Rey lho contárão encarecendo-lhe o acerto e confiança do Francez, que attendendo a casar a seu gosto, não reparara em ser a Raynha filha de vassallo seu. Todas as quaes traças forjava a inveja de cuidarem que poderia isto suceder a Dona Joana, a qual não tinha menos lugar em seus mesmos parentes: mas como cousa sem fundamento acabou com a mesma facilidade com que começou. Por relação de D. Francisca de Aragão.»

Parece que se lhe conheceram mais duas inclinações amorosas, segundo encontro em um fragmento de um manuscripto do seculo XVII que possuo. D. Juliana, filha do Duque de Aveiro, parece que o dominou por algum tempo, desgostando-o com o tio e com a avó, e concebeu a esperança de casar com o Rei. Esta inclinação tinha esfriado no anno de 1576, postoque El-Rei conservasse pelo Duque a mesma estimação, o qual perdidas as suas altivas esperanças, antes da partida para Africa fez testamento em Setubal, em que dispunha que D. Juliana sua filha casasse com D. Jorge de Lencastre seu primo, o qual morreu com o Duque na infeliz batalha. D. Juliana, como era uma das principaes herdeiras, em qualidade e fortuna, foi pretendida em casamento por seu tio o Duque de Ossuna, e o Duque d'Alva, a quem resistiu sempre com repugnancia, até que passados dez annos, desenganada que eram falsas as vozes que corriam de que era vivo El-Rei, cedeu ás ordens e ameaças de Filippe II, casando com D. Alvaro de Lencastre, irmão do dito D. Jorge, que foi terceiro Duque de Aveiro pelo seu casamento.

A outra inclinação foi por uma Princeza moura, e datà da estada em Tanger quando foi a primeira expedição, julgo que a filha do proprio Xerife; o manuscripto é um fragmento onde falta a parte que diz respeito ao começo d'estes amores, e apenas se refere ao recado que a Princeza lhe inandou, e a maneira excentrica com que eram recebidas pelo Rei as suas cartas. De todos estes successos e preparos sabia a Princeza moura, por hum captivo confidente do Xerife, que continuamente hia a Tanger e vinha a Lisboa, o qual falava a ElRey todas as vezes que voltava, por hum modo celebre e extravagante. Tanto que sabia da sua chegada, dando-lhe a hora para se verem, que sempre era de noute, recolhendo-se mais cedo levantava-se só da cama entre as dez e as onze, tendo antecipadamente determinado a Sancho de Tovar, seu copeiro mor, que sem mais companhia o esperasse com hum batel, junto ao caes da Pedra; e metendo-se nelle remava hum e outro athé á banda d'alem, donde saltando em terra se apartava de Sancho de Tovar, esperando por outro barco, que vinha das partes de Bellem, do qual desembarcava o mensageiro, com quem ElRey se demorava huma e duas horas, e depois tornando a buscar o seu conductor, voltava para o caes da Pedra,

hindo Sancho de Tovar para sua casa, e ElRey para o Paço da Ribeira, honde se tornava a meter na cama, sem confiar de outra pessoa estas nocturnas viages.»

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Quando morreu o Cardeal Rei se espalharam estes versos por onde passava o cortejo funebre:

Viva El-Rei Dom Henrique
Nos infernos muitos annos,
Que deixou no testamento
Portugal aos Castelhanos.

Nota 69. pag. 125

O Conde de Vimioso D. Francisco de Portugal foi o principal caudilho das forças patrioticas que seguiram a voz do Prior do Crato, à quem seguiu por ser a bandeira que se hasteava em defeza da patria; o seu caracter era nobre, e morreu das feridas recebidas no combate naval havido nas aguas das Ilhas dos Açores com o Marquez de Santa Cruz. Transcreveremos aqui a traducção de uma carta sua (por a não termos na lingua original) dirigida a um amigo seu D. Pedro d'Ocem captivo na Barberia, por occasião da batalha de Alcacer-Kibir, não só porque é importante para descrever o caracter do Conde, bem como a epocha das alterações:

Deste reyno no se puede bien hablar sin lagrimas, no les pareceo a los governadores bien defender-lo e ansi dejaron Almeirin e vieronse aqui a Setubar a hazer Cortes con las personas que tenian la parcialidad de Castella. Estavan las mismas Cortes para entregar-se, costome atajar esto aventurar la vida muchas veses, e poner algunas la mano al espada. Quisieron defender-me la entrada con compañias de arcabuceros, levanto-se el pueblo por mi e despues quisieron prender-me porque fui con gente armada a palacio e tan poco pudieron. En fin las Cortes pararon que todas estavan castellanas. ElRey de Castilla esta en Badaxos con pequeno exercito que no pasaran de 17.000 infantes e los mas dellos vizoños e rotos, e 2.100 Cav.os en que no ay 300 hutiles e aun que esto es ansi sin començar a pelear, tomaron su voz algunos lugares de alemtejo, el pueblo impaciente levanto por su Rey al sr. Don Antonio con grande aplauso avrà'ocho dias, está en Lisbona espera-se manana aqui y que los governadores se pondran en salvo esta noche, el duque de Vergança se fue esta manana, dice el que a morir honradamente en la defensa del Reyno, el qual sin duda parece que se defendera honradamente. Lisbona esta fortissima, e em saver que se esperan por 'horas grandes soccorros de los principes christianos, el Sr. Don Antonio dicen que esta ya obdecido de tejo ariba en todos los lugares, y todo el pueblo le desea aqui y he mui temido de los que no temen a Dios, yo estoy indiferente e solo en lo que fuere defender he de estar y seguir lo que fuere derecho e Christandad e honra e cunpleme conservala porque todos los grandes deste reino lo dejaron passar seguiendo parcialidades.

Villa Real, Castilla, Tentubal e Vergança e otras asi yo solo he quedado nestas Cortes en que afirmo a V. m. que Portugal me deve estar hoy libre, yo lo he defendido mas con mi persona, que las armas como hizo aquel santo Condestable de quien bengo, e lo hispo de la Guardia mi tio y el Sr. don Juan Tello e el Sr. don Manuel lebantaron y sustentaron al Sr. don Antonio, no por parecer-le sino porque no ubo otro modo de defender-nos, confio que se hara con effeito y que hallará V. m. todo quieto, ahora no puedo dicir mas, a essos SS. todos beso las manos; de Setubal y de Junio 27, 1580.»

Nota 70. pag. 126

Camões conservou sempre até o fim da vida as antigas relações de amisade do tempo de seus paes com os Religiosos de S. Domingos, e devia ter tratado o ce

lebre Fr. Luiz de Granada, o padre Foreiro e outros homens illustres d'esta Ordem. D'estas relações nos dá noticia o seu amigo e commentador Manuel Correia, commentando a oitava 28. do canto IV. «Como fica notado atraz, o nosso poeta não diz mal dos Religiosos, antes em suas obras mostra-se-lhes muito afeiçoado, é eu lh'o ouvi muitas vezes. E em tanto é isto assim, que no tempo, que eu com elle tratava, nunca saia do Mosteiro do bemaventurado S. Domingos, e me dizia muitas vezes que não havia mais honrada conversação e amisade, que a d'estes religiosos, etc.

Nota 71. pag. 126

Esta interessantissima carta, por que n'ella fazia a descripção das parcialidades que se seguiram no reino pela morte do Cardeal Rei, não existe, como me asseverou o sr. Conde de Lavradio, descendente do fidalgo a quem era dirigida. Faria e Sousa em uma nota MS. a esta carta nos dá noticia d'ella por esta forma: Escrebiola D. Francisco de Almeida General en la comarca de Lamego, al tiempo que el Reyno de Portugal se preparava para resistir a la succession de Castella el año 1579. Esto no es mas que un troço della; porque D. Juan d'Almeida quando hizo imprimir el año de 1627 la Lusiada del Poeta, haziendo para si uma dedicatoria en nombre del impressor, incluyo en ella este pedaço porque hazia a su preposito, devendo copiarla toda para que todos lo lograssen. Tenia la original de la propria mano del Poeta; i en Madrid le davan por ella una copia de doblones; tan preciosa viene a ser la letra de semejantes hombres! »

Nota 72. pag. 137

A ode VII é apologetica, e em resposta a criticas que se faziam ao Poeta por este seu desvario; talvez á elegia satyrica feita por este mesmo assumpto que co

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Arrancando aos arabes a influencia e o monopolio do commercio da Asia, debellando as suas forças e esgotando as suas alfandegas, e em consequencia o seu thesouro, fizemos uma importante diversão ao poder colossal do imperio ottomano, privando-o especialmente de recursos pecuniarios para a guerra; ainda assim que mal não soffreu a christandade, por não terem os principes catholicos seguido o nobre exemplo que lhe davamos!

Para se fazer uma idéa justa de quanto incommodavamos e embaraçavamos o Grão-turco nas suas conquistas com as nossas na India, póde ver-se em Damião de Goes a carta que o Sultão escreveu ao Papa Julio III, e enviou por Fr. Marcos Hispano, Guardião do Mosteiro de Monte Sinai, para que o Papa obrigasse ElRei D. Manuel a desistir das suas conquistas na Asia. Nesta carta se queixa ao Papa das guerras que lhe movia o Rei de Castella (dos catalães) tomando Granada, captivando muitos mouros e obrigando-os á força a entrarem na religião catholica, e fallando de Portugal, diz: E o que vos dizemos do Rei dos catalaens, isso mesmo vos dizemos do Rei de Portugal, de quem recebemos outro tamanho dano e ofença, o qual vos peço que façaes que totalmente desista da navegação da India, de que recebemos muito damno, em nossas rendas, etc. muita mingua e quebra de nossa fé, e de tudo vos peço que nos façaes certos segundo vossa intenção, e Deos desporà d'estas cousas em melhor. Escripta aos 22 dias de Se

tembro. Acompanhava esta carta a ameaça de destruir o Santo Sepulchro de Jerusalem, e o Mosteiro do Monte Sion, e as Igrejas que estavam debaixo do seu senhorio. O Papa mandou esta mesma carta pelo mesmo emissario Guardião de Monte Sion a El-Rei D. Manuel, pedindo-lhe que lhe dissesse o que responderia. • A resposta d'El-Rei D. Manuel foi digna de um rei portuguez, e em substancia era: Que muito sentia não lhe poder fazer maiores estragos, e que então teria o Turco rasão de se queixar, quando os seus exercitos victoriosos chegassem a Meca, o que esperava com a misericordia de Deus, e de ameaçar com a destruição do Santo Sepulchro de Christo, e que a rasão d'elle se mostrar tão soberbo, era a desunião dos Principes catholicos, os quaes estava na mão de Sua Santidade compor e encaminhar para tão santa empreza, a qual se não teve effeito na vida de seu antecessor o Papa Alexandre, que n'isso muito trabalhou, é porque Deus a guardava para o seu tempo. Que emquanto á resposta Sua Santidade se saberia aconselhar com o Sacro Collegio dos Cardeaes, onde residia tanta prudencia e santidade. Não eram bravatas as palavras que El-Rei D. Manuel dirigia ao Papa, que elle tinha um Affonso de Albuquerque para desempenhar as suas promessas; e que faria um Affonso de Albuquerque se tivesse os braços desatados para obrar, elle cujo pensamento era arvorar as quinas em Suez, e que até queria fazer servir os rios como agentes aos seus planos estrategicos. Que homens creou esta nossa terra de Portugal!

Nota 74. pag. 143

Os protestantes se oppozeram com a maior vehemencia á guerra contra os turcos; emquanto o Papa Leão X, seguindo o exemplo de seus antecessores, adverte a Europa do perigo que a ameaça, do abysmo em que pode ser sepultada a civilisação com as victorias do mahometismo, dois inimigos tentam contrariar por todos os modos as vistas politicas do Pontifice. O primeiro, Poeta e soldado libertino, Hulric Hultem senta-se no leito de dor onde jazia e pede uma penna, e á oração do legado do Papa, recitada na Dieta do imperio, responde com uma diatribe contra a pessoa de Leão X e familia dos Medicis, concitando o povo a recusar o seu obulo para a Santa Cruzada, isto quando os proprios judeus concorriam com a vintena. Emquanto o Poeta com um estylo de fogo esbraveja do seu leito, sobe ao pulpito o frade apostata, esse Martinho Luthero, para declamar contra a Cruzada da civilisação, que em nome da Religião se intentava armar contra as trevas da ignorancia. Ouçâmo-lo:

Não, não (exclama o frade saxonio) não ouçaes a voz de Leão X... Eu Martin me dirijo a vós, meus caros irmãos em Christo; eu vos conjuro para orar pelos nossos pobres Principes allemães; não nos alistemos por caso algum n'esta cruzada contra o turco, e não demos a mais pequena moeda ao Papa. Antes mil vezes o turco ou o tartaro do que a Missa! Sim, digo-vos em voz bem alta e intelligivel, não sei que differença existe em fazer a guerra a um turco ou a um christão...

De maneira alguma a guerra contra o turco, meus caros amigos. O turco povoou o céu de bemaventurados, e o Papa o inferno de christãos. Os claustros, as universidades do reino do Papa, são mil vezes peiores que o turco! Quereis fazer a guerra ao turco? embora, mas começae pelo Papado: sim, aqui vo-lo juro, se o turco se lembrasse de tomar a estrada de Roma, seguro-vos que não chorava.

Fazer guerra aos turcos é fazer guerra a Deus.

"Nunca olhei Mahomet como o Ante-Christo; não direi o mesmo do Papa: é elle, é elle que é o Ante-Christo.

Quem tem ouvidos ouça-me: de maneira alguma se aliste contra os turcos emquanto existir um Papa debaixo da abobada celeste!»

Assim trovejava do pulpito, d'onde n'outro tempo mais de uma vez havia invocado o Espirito Santo, agora inspirado do espirito satanico, o frade renegado; persuadimo-nos que a mudança de dominio lhe seria indifferente, e talvez com a mesma facilidade com que havia largado o habito de frade, infiaria na cabeça o barrete turco. Comtudo os desejos que proclamava iam-se cumprindo; poucos

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