Mas na China, Catai, Japão estranho Lei nova introduzindo em sacro banho.
Mas pois não pode ser nunca acabado Nos peitos vossos o valor antigo, Que ja mostrastes quando accompanhado De vós cobrei o ceo por inimigo; Seja este atrevimento castigado Sahi, furias fataes, vinde comigo; Contra elles mar e ventos se embravecam E desfeitas suas naus, todas pereçam.
Tu Belsebut, que os ventos com tremenda Violencia moves contra mar e terra, E Leviathão no mar serpente horrenda Em quem tanto furor o abysmo encerra, Vosso valor no mundo hoje se estenda. As ondas ás estrellas movam guerra; Tudo sua natureza mude, e logo Chovam mares os ceos e as nuvens fogo.
Vinguemos n'estes parte dos primeiros Aggravos que sentis ha tantos annos, N'estes que hoje orgulhosos e guerreiros Fazer se intentam quasi soberanos. » Disse Asmodeu; e nunca tam ligeiros Causando em terra e mar mortes e damnos
Romperam feros ventos desatados
Como entam os espiritos damnados.
Não aguardam suberbos, impacientes As últimas palavras; mas rompendo Os ares, as moradas descontentes Deixaram, mar e terra revolvendo : Per donde quer que passam insolentes Tudo vão arruíuando e desfazendo: Condensam nuvens e desatam ventos Abalando da terra os fundamentos.
SA DE MENEZES. Malaca conquistada.
PROCURANDO NO CAMPO DE BATALHA O CORPO
Entre os mortos, da morte e ceo queixosa O cadaver amado infelizmente
Busca a que foi de Batrão amada esposa!... Mas entre a multidão da morta gente E confusão da noite tenebrosa, O cuidado amoroso vão ficára
Se a bella face Cynthia não mostrára.
Com a ância que a dôr causa, levantando As chorosas estrellas ás estrellas,
Rogos e vãos queixumes misturando, Assim roga, e assim aos ceos manda querellas : << Eternas luzes! que passaes brilhando Per celestes caminhos, margens bellas! Males de amor e morte ja sentistes... Mostrae quem morto adoro aos olhos tristes!
Dae-me morto o que vivo me tirastes, E piedosas de mim sereis chamadas!...
Bastem os males ja que me causastes, Tanto tempo em meu damno conjuradas! Assim no claro assento que occupastes Nunca sejais de nuvens eclipsadas! Deixae que chegue a dar-lhe sepultura, E o golpe em mim ex'cute a Parca dura!...
E tu que com tres rostos resplandeces No ceo, na terra, e la no escuro Averno! Tu que as plantas animas, e enriqueces O mar profundo com vigor interno; Os raios com que as cousas favoreces, Communicando teu valor eterno,
Estende, e mostra-me entre tantos, onde A escura sombra o morto bem me esconde !... >>
Acaso, qual se rogos a obrigaram, A face Delia descobriu serena...
Primeiro os altos montes se mostraram, Logo a cidade involta em sangue e pena. Entre os que valerosos acabaram, Como d'aquelle imperio a sorte ordena, Conhece Glaura o ja perdido esposo, Exemplo de valor pouco ditoso!
No amado peito a setta vai cravada... Desmaia o coração á dôr rendido : Cahe mais morta emfim que desmaiada Sobre o que tanto amou, morto marido.
Quasi da alma fugaz desemparada, A falta lh'a deteve do sentido, Tendo suspensa a dor; e do accidente Mortal torna, respira, attenta e sente.
Fere o grito no tecto crystallino... Um soldado ignorante ao vulto tira, Que, por ordem secreta do Destino, O lastimoso grito descobrira! A setta fere o peito alabastrino Que para tanto mal amor ferira... Ais a infelice ao ceo manda queixosos, Bemque sejam mortaes, inda amorosos.
E como póde, a debil voz levanta, Dizendo: «Oh! vencedora gente forte! Ja comigo piedosa... E ja, com tanta Íra, causa cruel de minha morte:
Se entre marcial furor piedade sancta Tem logar, e permitte minha sorte, Pois me nega o podêr a morte dura, Em Sião a meu Batrão dae sepultura !...
Albuquerque as estancias visitando, Aquella parte chega ao ponto que ella A lástima as estrellas provocando, Da que seu mal causára se querella. Elle do lamentar debil e brando Se compadece, e manda recolhê-la :
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