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João Martins Ricalde, determinaram que todos em conserva, viessem e tornassem a buscar o Marquez na volta desta ilha de S. Miguel, onde chegando, e receiando que estivesse nella a armada franceza, mandaram diante um patacho a saber a verdade, e averiguando e sabendo a grande victoria que o Marquez houvera da armada franceza, converteram o pesar em alegria: com a qual vinham ao longo da costa tocando os tambores, tangendo trombetas e clarins, e atirando muita e grossa artilheria; a qual ouvindo em Villa Franca sem ver as nãos, mandaram aviso disso ao Marquez, que estava na cidade de Ponta Delgada, o qual achando-se confuso e suspeitoso, se embarcou com grande pressa no galeão São Martinho, donde mandou atirar um tiro de recolher, com que se recolheo toda a gente da armada, apercebendo-se todos a ponto de batalha. Mandando logo o Marquez um barco a reconhecer o que aquillo seria, e trazendo novas que éra a armada de Sevilha, e as náos que se apartaram, se converteo o receio em prazer, com que entraram as náos que vinham disparando grande numero de peças de artilheria, tangendo tambores pifanos e trombetas, e outros instrumentos: e as que estavam com o Marquez fazendo o mesmo, durando este alegre recebimento tres horas inteiras. Sabendo depois o Marquez as novas mentirosas que os tudescos delle deram, os mandou pôr nuz da cinta para cima a vergonha, dependurados das vergas das urcas em que vinham.

Estando o Marquez de Santa Cruz no porto da cidade de Ponta Delgada desta ilha de S. Miguel, com toda esta armada junta e surta, esperando tempo para fazer viagem para a Terceira, lhe veio um patacho dar aviso como vinham as nãos da India navegando em trinta e sete gráos, com grande necessidade de mantimentos; pelo que determinou ir soccorrel-as, e antes que desta ilha partisse, deixou em guarnição nella mais de dois mil e seis centos soldados, que com os creados seriam por todos tres mil pessoas, repartidos pelas villas e aldeias, deixando por Mestre de Campo Agostim Ignhigues, assignalado e valoroso soldado: e aos treze de Agosto se partio desta ilha a buscar as ditas nãos indo dando bordos na mesma altura de trinta e sete grãos, por onde lhe disseram que vinham: e d'ali a treze dias. que foram vinte e seis d'Agosto as achou e trouxe em sua conserva à esta ilha, provendo-as de todo o necessario, entregando-as aqui a D. Christovam de Erasso, que vinha assignalado por seu geral, dando-lhe sete nãos da armada e dois patachos para sua guarda; com que se partiram aos trinta e um d'Agosto, e no mesmo dia, á uma hora depois do meio dia se embarcou em companhia destas nãos da India no caes da cidade para Lisboa, o Bispo D. Pedro de Castilho, com muitas lagrimas suas e de todo o povo, que ficou muito saudoso e triste pela partida e despedida de tal prelado: ficando esta ilha orpha de tão bom pae e senhor.

Foi-se pelo pouco respeito que os soldados da guarnição tinham a seus creados, e aos ministros da justiça e moradores da ilha; pelo que vendo a oppressão da terra, embarcando-se com as lagrimas que The corriam por seu veneravel rosto, disse em alta voz: Folgára que toda esta ilha se embarcara comigo: partindo tambem o Marquez o mesmo dia na volta da Terceira, onde chegando d'ali a tres dias, mandou a terra dois patachos com recado de S. Magestade; a um dos quaes sahio uma não do porto atirando-lhe grossa artilheria. Depois sobrevindo uma furiosa tormenta, que durou vinte e quatro horas, os apartou uns dos outros, e da mesma ilha Terceira: pelo que foi forçado ao Marquez andar aos bordos esperando a todas as náos de sua conserva, e tendo-as juntas, por ver o tempo tempestuoso, e não lhe acontecer algum desastre nesse mar, se partio para o reino, onde chegou a salvamento com tão gloriosa victoria.

(D.' G. Fructuoso, Obra citada, cap. 106, fl. 429, do MS.)

CORRESPONDENCIA OFFICIAL

Relativa á Commissão de, que foi encarregado e

Dr. Vicente José Ferreica Cardoso da Costa

1824

SOBRE OS MELHORAMENTOS DA ILHA DE S. MIGUEL (-)

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Copia da carta dos contractadores geraes do Tabaco ao Des.dor Vicente J. F. C. da Costa, participando-lhe o seu juizo sobre o Tabaco da sua primeira remessa, constante da carta N.o 60.

mo

Ill. Sur.-Pelo Correio Maritimo noticiamos a V. S. de que já ficava em arrecadação a amostra de Tabaco que V. S. nos enviava. como primeiro producto de seu ensaio.

Agora referiremos o resultado das experiencias que se fizerão sobre a dita amostra, contendo 22 onças de Tabaco em rama. A sua qualidade se assemelha mais à Virginia, que ao Tabaco do Brazil, e por isso não precisa como este, ser beneficiado com o mel, quando se colhe a folha.

Fez-se experiencia em quantidades preparadas para o que se denomina Esturro, e Simonte, mas nenhuma das qualidades agradou : e o mesmo resultón do ensaio, que tambem se fez para o uso de cigarros, e charutos. Concluimos destas experiencias que esse Tabaco não pode pela differença no seu cheiro do do Brazil, accomodar-se ao mesmo preparo, e uzo deste ultimo: mas não temos a menor duvida de que pode bem servir para o Rapé, como serve a Virginia pela semelhança que tem com esta.

(*) Continuado de pag. 368.

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E' o que sobre esta materia tinhamos a informar a V. S. repetindo igualmente nossos dezejos de mostrar que somos De V. S.a Ill.me Snr. Des.dor Vicente J. F. C. da Costa M.to at. tos veneradores -José Ferreira Pinto Bastos e & C.-José Bento Pacheco & C.a

mo

N. 64

Copia da carta do Des.dor Vicente J. F. C. da Costa aos contractadores geraes, em resposta da antecedente, e com outra remessa de Tabaco da Ilha, a qual carta, e remessa foi pelo brigue escuna Bom Jesus, partindo em 17 de Outubro de 1825.

es

Ill." mos Snr. Sur. Tinhamos recebido a carta de V. S.as pelo correio maritimo D. Sebastião, havendo feito memoria della na outra que a V. S.as escrevemos pelo mesmo correio, remettendo-lhes dois rollos com 3 para 4 arrobas de Tabaco preparado com algum mel como na dita carta dissemos a V. S.as quando tivemos o gosto de receber a sua de 24 do passado, de cujo contheudo ficamos certo. A nossa opinião foi sempre que as preparações com mel sobre a folha do Tabaco, não podião deixar de produzir nelle novas fermentações concorrendo para adulterar a sua natural qualidade até por que nos escriptores que tratão desta cultura, preparação da folha, e fabrico do Tabaco relativamente à Virginia, á França. á Hollanda, e ao Baixo Reyno não encontramos em algum, memoria do uso do mel nos processos da preparação do Tabaco. Parece-nos porem que o pó ou seja em Esturro, on em Simonte, ou ent amostrinha sendo fabricado de boa folha, e bem secca, hade ser certamente melhor do que o produzido pela folha do Tabaco apodrecida, e impregnada de mel. esperando por isso que V. S. ratificando os seus ensaios sobre as amostras que lhes mandamos pelo dito correio, acharão que a nossa folha serve tambem para os usos em pó.

Como pois V. S.as na dita sua ultima carta couvem em desviarmos da nossa folha as preparações com mel, persuadindo-se que ella será muito propria para o Rapé pela semelhança da Virginia, apressome a remeter-lhes uma caixinha com 24 arrateis de folha, unicamente secca e empacada, para que V. S.as a vejão n'este estado e ensaiem o seu prestimo para o dito Rapė, de que eu até muito estimaria que V. S.as me mandassem uma amostra.

Tenho procurado dirigir estes ensaios de cultura pelo que escrevem sobre ella os mais modernos Agronomos procurando desviar o

que elles notam, e reprehendem nas culturas sobreditas até agora usadas, e desejava por isso vêr se o rezultado correspondia ao que elles inculcavam como necessario effeito das alterações, e melhoramentos que lembram. Offereço a V. S. as a minha obediencia, e toda a minha consideração, e respeito. Deus Guarde a V. S.as muitos annos S. Miguel 17 de Outubro de 1825-De V. S.as-M.to certo V.or Vicente J. F. C. da Costa-Ill.mos Snr.es José Ferreira Pinto Bastos, e José Bento Pacheco.

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Copia da carta do Des.dor Vicente J. F. C. da Costa aos contractadores geraes do Tabaco com dois caixões de folha dos seus ensaios, e uma caixinha com alguns vidrinhos de amostras de Tabaco fabricado com a dita folha, a qual carta, e remessa foi já pelo brigue escuna Piedade e Almas, partindo de S. Miguel aos 12 de Novembro de 1825.

Ill.mos Snr.es Como sei que o Capitão do brigue escuna Spitier merece a confiança de V. S.as que delle se servem amiudadamente na remessa dos seus Tabacos para a Ilha, vou aproveitar-me delle para dirigir a V. S.as duas Caixas com folhas, levando a do N.o 1.o o pezo bruto de 121 arrateis, e a do N.o 2.o o pezo bruto de 174 arrateis, observação que faço para desviar todo o risco de se extrahir alguma folha.

A do N.o 1.° leva a folha empacada depois de bem secca, sem neobuma outra preparação, em consequencia do avizo de V. S.as na sua carta de 21 de Setembro proximo passado, do mesmo modo que jà outra caixinha lhe remetti com a minha de 17 de Outubro pelo brigue escuna Bom Jesus, que espero já esteja em poder de V. S.as. Esta folha é produzida no Nordeste, assim como a da primeira caixa remettida no Bom Jesus, era produzida nas immediações desta cidade. Estimaria que V. S.as me dissessem, se se reputou melhor alguma dessas qualidades de folha, e qual ella seja.

A outra caixa leva 3 rolos: um com o N.o 1.o, que é irmão da folha que vai na caixinha produzida no Nordeste, e deitou-se-lhe alguma pequena porção de mel ao fazer a corda. O segundo é do Ta

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