Lhe poz nome; e tornando á destinada Viagem, fim lhe deu suberbo e bravo. Gente em Calecut deixa baptizada... Ai de mim! de que serve dar-me gavo De ordenar a Correa a dura morte, Se elle morrendo melhorou de sorte.
Este famoso foi o que primeiro Por Christo derramou n'essa indiana Terra seu sangue : oh forte cavalleiro, A meu pezar te louva a lingua insana. Vingaram em Cochim o alto guerreiro, Alcançando victoria soberana, Os fortes Albuquerques, fortaleza Fabricando por fim da illustre empreza.
Alli o forte Pacheco se eterniza Sustentando incansavel o adquirido; Depois Almeida, que as estrellas piza, Se fez do Rume e Malavar temido; Morto o filho, que fama solemniza De sabio, de invencivel, de atrevido ; Ja vistes que a vingança involta em pranto Foi de Asia e Europa horrendo espanto.
No bravo Cunha um raio ardente vistes Que deixou as cidades abrazadas Que a vossas leis sujeitas possuístes, De
que apenas ha cinzas derramadas.
De Ormuz e Goa ja os successos tristes Se contam nas regiões mais apartadas; E tanto de Albuquerque o nome crece Que por grande no mundo se conhece.
Este que o livre mar veio infestando, De la onde morre o sol té onde nace Os nossos simulacros derrubando Com affronta fatal da infernal face; Agora outro não visto mar cortando Para que o novo mal nos ameace, Vai, sem haver quem tanto orgulho dome, Em Malaca plantar de Christo o nome.
Quem duvida, passando la ésta gente Ver acabado o nosso antigo imper.o Que ha tantos annos dura em todo o Oriente, E rico de almas faz nosso hemispherio; E que o povo malaio oppresso intente Seguir com pezar nosso e vituperio A romana piedade, a lei de Christo: Ja tudo soffrereis se soffreis isto.
Que se adiante passa, singulares Victorias temo, do infernal respeito Eterna affronta ; e ja temo que altares Levantem a seu Deus, a meu despeito; Domadores das terras e dos máres, Não so em Malaca, Indo e Perseu streito
Mas na China, Catai, Japão estranho Lei nova introduzindo em sacro banho.
Mas pois não pode ser nunca acabado Nos peitos vossos o valor antigo, Que ja mostrastes quando accompanhado De vós cobrei o ceo por inimigo; Seja este atrevimento castigado Sahi, furias fataes, vinde comigo; Contra elles mar e ventos se embraveçam E desfeitas suas naus, todas pereçam.
Tu Belsebut, qne os ventos com tremenda Violencia moves contra mar e terra, E Leviathão no mar serpente horrenda Em quem tan.o furor o abysmo encerra, Vosso valor no mundo hoje se estenda. As ondas ás estrellas movam guerra; Tudo sua natureza mude, e logo Chovam mares os ceos e as nuvens fogo.
Vinguemos n'estes parte dos primeiros Aggravos que sentis ha tantos annos, N'estes que hoje orgulhosos e guerreiros Fazer se intentam quasi soberanos. >> Disse Asmodeu; e nunca tam ligeiros Causando em terra e mar mortes e damnos
Romperam feros ventos desatados
Como entam os espiritos damnados.
Não aguardam suberbos, impacientes As últimas palavras ; mas rompendo Os ares, as moradas descontentes Deixaram, mar e terra revolvendo : Per donde quer que passam insolentes Tudo vão arruínando e desfazendo: Condensam nuvens e desatam ventos Abalando da terra os fundamentos.
SA DE MENEZES. Malacu conquistada.
Entre os mortos, da morte e ceo queixosa O cadaver amado infelizmente
Busca a que foi de Batrão amada esposa !... Mas entre a multidão da morta gente E confusão da noite tenebrosa,
O cuidado amoroso vão ficára
Se a bella face Cynthia não mostrára.
Com a ância que a dôr causa, levantando As chorosas estrellas ás estrellas,
Rogos e vãos queixumes misturando, Assim roga, e assim aos ceos manda querellas : << Eternas luzes! que passaes brilhando Per celestes caminhos, margens bellas! Males de amor e morte ja sentistes... Mostrae quem morto adoro aos olhos tristes!
Dae-me morto o que vivo me tirastes, E piedosas de mim sereis chamadas!...
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