Pagina-afbeeldingen
PDF
ePub

TAYLOR

NSTITUTION

UNIVERSITY

31 JUL 1966

OF OXFORD

LIBRAR

[ocr errors][merged small][merged small]

Elle, que ja de longe larga conta
D'um successo tam novo dar deseja,
Assi começa em voz formada e prompta,
Para
que alli notorio á todos seja :
Despois que da tormenta a brava affronta
Passámos, quando ja falta quem reja,
(Que vence à tempestade a sciencia e arte,)
Démos acaso n'uma estranha parte..

Sentimos, que inda a vista estes extremos
Não julga, as naus romperem pela areia,
E nosso último fim quasi tememos,
Fingindo alguma praia aspera e feia:
Quando a cerração cega abrir-se vemos,
E o vento bravo o sôpro irado enfreia;
Descobre-se uma praia fresca e leda,
E n'ella toda armada emproada e queda.

Eu, que não conheci a estranha terra,
Dos mais practicos mestres informado

Perguntei que parage o sítio encerra,
E de que gente póde ser pizado:
E n'isto cadaqual se engana, e erra

[ocr errors]

que se tem por mais exprimentado; E porque a praia alegre nos convida, N'ella desembarcar ninguem duvida.

Pedro, que o mal de nossas almas cura,
A quem o mor segredo descubrimos,
Ou seja acaso, ou elle assi o procura,
Na poppa em alto somno ficar vimos :
Nós entretanto ao longo d'agua pura,
Pizando a branca areia alegres imos,
Buscando um prado que assomava perto,
Pela côr e fragrancia descuberto.

Artificio parece da natura

A cerca que o resguarda em tudo airosa,
Onde pendendo a branca rosa pura
Está co'a bella pudibunda rosa,
Outra inda no botão cerrada dura,
Para sahir a tempo mais fermosa,
No qual a falta supra da vizinha,
Que murcha cai entre a pungente espinha.

Aqui nos detevemos por espaço,
Colhendo cadaqual a que lhe agrada,
A custo da melhor parte do braço,
Que do furto sahia lastimada:

Logo saltámos dentro; e no regaço
Da floresta de verde tapisada
Diversidade vimos de mil flores,
No fino olor estranhas, e nas côres.

Em flor se mostra alli, por si perdido
O fermoso Narciso incautamente,

E

por ter o castigo merecido

Juncto nasce da líquida corrente;
Em flor tambem Hyacinto convertido
Sua historia nas folhas tem presente,
Amaranto em bellissima bonina,
E Adonis, pena eterna da Erycina.

Dispostos per canteiros ordenados
Os bellos cravos a fragrancia spiram,
Todos vermelhos uns, outros mesclados,
Quaes encarnados , quaes brancos se viram,

As violas da côr de enamorados
Quando por seu amor d'alma suspiram,
A franceza hortelan, a salva verde,
A cecem que tocada o cheiro perde.

Ésta fermosa e linda praderia,

A

quem jamais nenhuma se igualava
Das que celebra Assyria, e a India cria,
E o rio Hydaspes brandamente lava,
Per dilatado espaço se estendia,
Que n'outra gentil cêrca se acabava

« VorigeDoorgaan »