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dades, membros de associações de soccorros, estudantes da eschola medica, os directores da sociedade de Instrucção, imprensa, etc.

Depois de executado o hymno, abriu a sessão o snr. José Joaquim Rodrigues de Freitas, que pronunciou um pequeno, mas eloquente discurso, tendo préviamente declarado que não podia apresentar um trabalho de maior alcance por lh'o estorvarem os muitos trabalhos que constantemente lhe prendem a attenção.

O nobre deputado disse que era mister que se comprehendesse a alta significação d'estas festas civicas, e que cada homem, inspirando-se no livro do grande poeta, fosse amante e defensor energico da sua patria.

O snr. Manoel Emilio Dantas leu um extenso discurso didatico, que revelou a somma de conhecimentos que possue.

O seu trabalho desejariamos vêl-o publicado, porque é bom que fiquem para sempre estas lições eloquentes de historia. Scripta manent, e um discurso, por maior que seja o seu alcance, nenhuma influencia exerce, se apenas fôr recitado; porque, verba volant, e quando a recitação termina, o ouvinte fica apenas com uma impressão agradavel, e com um ou outro pensamento que conseguiu reter e nada mais.

O snr. Dantas fallou largamente de Virgilio, o épico latino; desenvolveu um estudo critico sobre a Eneida, apontou defeitos, notou bellezas, historiou, com vasta erudição, o assumpto d'aquelle poema; lido na mythologia, conhecedor dos livros dos gran

des poetas, dissertou admiravelmente sobre litteratura latina, com grande cópia de citações valiosas.

Fez depois o confronto dos dois épicos--Virgilio e Camões, alevantando, sobre aquelle, o nosso famoso poeta, dando o motivo porque Camões era superior a Virgilio, comquanto os Lusiadas, em parte, se inspirassem na Eneida.

Fallou proficientemente da historia dos nossos descobrimentos, e, no ponto de parallelo entre os heroes da Eneida e o dos Lusiadas, disse que os d'aquella, matavam, tingiam-se de sangue, ao passo que os heroes portuguezes, Vasco da Gama, o heroe dos Lusiadas, ao regressar do oriente, trazia immaculada e pura a sua espada.

O snr. Dantas foi calorosamente applaudido.

A gloria de Camões no estrangeiro é o titulo da erudita dissertação feita pelo snr. Joaquim de Vasconcellos, um completo bibliophilo, muito apaixonado por estes aridos e difficultosos estudos.

O snr. Vasconcellos fez uma curiosa estatistica camoneana no estrangeiro, revelando novamente os seus especiaes conhecimentos sobre estes assumptos. Enriqueceu a sua dissertação com muitas citações de datas, factos, etc., terminando por mostrar como lá fóra era olhado o nosso immortal poeta.

O snr. Joaquim de Vasconcellos recitou tambem uma poesia original do snr. Theophilo Braga, e que é um primor, tanto na fórma como na ideia.

O rev. padre Patricio dissertou proficientemente, tomando para thema da sua dissertação: Os Lusiadas de Camões são a Biblia Nacional. O sympa

thico sacerdote alludiu aos feitos dos portuguezes, que abrindo os caminhos das Indias tantos serviços prestaram ao commercio, fallou das festas com que lá fóra se solemnisam os centenarios dos grandes genios, citou apropositadamente diversos versiculos da Biblia, fallou emfim, com elevação e sciencia, despertando as suas palavras ruidosos applausos..

O snr. Anthero de Mello recitou, com enthusiasmo e correcção, uns alexandrinos formosissimos de Alexandre da Conceição, um poeta de primeira plana, e um critico de consciencia pura.

O snr. dr. Pedro Rocha, recitou, além da poesia do snr. Ramos Coelho, uma parte do Camões, do visconde d'Almeida Garrett.

Na parte do concerto, muito ha tambem a espe

cialisar.

Joaquim Casella, um grande artista, executou no violoncello, com um mimo encantador, um trecho da opera D. Sebastião, de Donizetti; Marques Pinto, outro artista digno d'este nome elevado, executou, no seu violino, uma phantasia sobre motivos populares portuguezes, com a correcção, verdade, e sentimento artistico de que é capaz este distinctissimo professor, e Miguel Angelo, mais uma vez recebeu calorosos applausos, depois de executar ao piano uns excerptos da sua Cantata, escripta para o concerto que se realisou no dia 10, no Palacio de Crystal. As snr. as D. Virginia Costa, D. Anna Lemos de Azevedo e D. Henriqueta Fernandes abrilhantaram o concerto com o seu formosissimo talento, sendo muito applaudidas.

Os amadores que tomaram parte no concerto, foram, além d'aquellas senhoras, os snrs. Christino Fernandes, Alfredo Basto, Alfredo Ferreira da Silva, Benjamin d'Oliveira, Guilherme Q. de Sousa, Julio Moutinho, J. Oliveira, Julio Cesar Napoleão e Silva e Manoel Benjamin.

A direcção da sociedade Euterpe cada dia novos titulos adquire para merecer a nossa estima e o nosso applauso.

Este sarau, de que fallamos, foi, sem duvida, um dos mais brilhantes que ali se tem celebrado.

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