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possivel na vivacidade e permanencia aos objectos, que férem immediatamente os sentidos. §. 14. Regra quarta : O methodo unico, que o Orador poderá seguir com segurança para observar a regra antecedente, consiste em mover-se a si mesmo; por ser cousa indubitavel, que a paixão verdadeira suggére uma infinidade de meios para a communicarmos aos outros, que nenhuma arte pode imitar, e que nenhum estudo pode subministrar. O modo de despertarmos em nós mesmos esta commoção interior, ja fica apontado no §. 9.

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§. 15. Regra quinta Deve o Orador estudar a fundo a linguagem das paixões, para della servir-se apropriadamente: advertindo ao mesmo tempo que, se elle observar o modo por que se exprime o homem apaixonado, ou dominado de uma paixão forte; verá que a sua linguagem é sempre simples, e exempta de affectação; que sim poderá ser animada de um torneio de frase valente, mas sempre sem ornatos exquisitos.

§. 16. Regra sexta: Evitará o misturar com a parte pathética do discurso cousas, que lhe sejão extranhas; fugindo, por exemplo, de

interromper com Digressões, pelo menos, fongas, ou de desviar por outro qualquer modo o curso da paixão, depois que ella começa a nascer Segue-sé daqui que as Comparações são ordinariamente perigosas, e quasi sempre fóra de proposito, quando se trata de movimentos apaixonados. Por occasião desta mesma regra cumpre advertir ao Orador, que se abstenha de raciocinar, ou pelo menos de fazer um tecido de raciocinios abstractos, principalmente quando se occupa de mover a vontade.

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§. 17. Regra septima: Finalmente o Orador não deve prolongar nunca em demasia o pathético na certeza de que as commoções vivas não podem ser de longa duração; porque ellas são para a alma um verdadeiro estado de incommodo e de padecimento, e por isso ella trabalha naturalmente, o mais que pode, por tirar-se daquelle estado de violencia. Sobre tudo faça, quanto é possivel, o Orador por não estender a paixão alem dos seus justos limites nem se esforce em leval-a acima do que ordena a Natureza; para o que deverá ter sempre ém vista, qual seja o gráo de commoção que os seus ouvintes podem chegar; não se

esquecendo nunca de que, se intentar passar além, e se os quizer arrastar contra sua vontade, destruirá com isso a impressão, que nelles havia começado a produzir; e que, se pretender inflammal-os em excesso os arrefecerá, e gelará subitamente.

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CAPITULO XIII.

DA DISPOSIÇÃO ORATORIA EM PARTICULAR.

§. 1. Disposição Oratoria é a distribuição assim dos pensamentos em geral do discurso, como de cada uma das suas partes em especial, nos seus logares competentes, accommodada ao fim, que o Orador se tem proposto. A Disposição, que deve dar-se ás partes fundamentaes, ou aos quatro grandes pensamentos de um discurso oratorio regular, ja ficou ensinada no Cap. VIII. §.§. 1.o e 2.o: agora a que é respe

ctiva em especial ás partes, nas quaes se subs divide cada um daquelles quatro grandes pen. samentos, por exemplo, a Disposição das Provas, que tem o seu logar ordinario immediatamente depois da Narração, essa varía conforme o exige o interesse do assumpto; e a maneira de a fazer é suggerida antes pela prudencia do Orador, do que pelos dictames da Rhetorica.

§. 2. Sobre esta materia não deve o Orador attender a cousa alguma mais desveladamente do que á Disposição por Quintiliano denomi nada Economica, isto é, áquella, por meio da qual o numero, e a ordem das partes de um discurso sobre determinado assumpto, assim as mais graúdas, como as subdivisões destas, se accommodão ás circunstancias particulares do logar, do tempo, das pessoas, &c.; ordem porêm, que só pode ser assentada á vista do assumpto depois de bem meditado. No em tanto o saber, quando se deve fazer Exordio, e quando deixar de o fazer, ou usar, em vez delle, da Insinuação: em que casos se deverá fazer uma Narração seguida, em que casos repartida; quando convirá que ella comece do principio do acontecimento, quando do meio,

ou do fim; e ainda mesmo quando ella se omit tirá, substituindo-lhe uma simples Proposição ou Partição: quando é que na Confirmação Orador começará pelos seus pontos, e quand pelos do adversario; quando principiará pel. provas mais fortes, quando pelas mais fracas quando em fim na Peroração, se deve faze Recapitulação, quando Epilogo, &c... Que. não vê, que tudo isto depende das felizes dis posições naturaes do Orador, accompanhadas de estudo profundo, e de aturada meditação?

CAPITULO XIV.

O QUE SEJA ELOCUÇAO ORATORIA, SUA
DIFFICULDADE, EXCELLENCIA, E

PERFEIÇAO.

§. 1. Elocução ou Frase em linguagem de Eloquencia é a escolha de vocabulos, e sua collocação na oração, proprias a dar força e belleza aos pensamentos, para com ellas o Orá

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