As armas, e os Barões assinalados,
Que da occidental praia Lusitana.
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda alem da Taprobana,
Em perigos, e guerras esforçados
Mais, do que promettia a força humana :
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram :
E tambem as memorias gloriosas
Daquelles Reis, que foram dilatando
A Fé, o imperio; e as terras viciosas
De Africa, e de Așia andaram devastando :
E aquelles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando :
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho, e arte.
Cessem do sabio Grego, e do Troiano
As navegações grandes, que fizeram :
Calle-se de Alexandro, e de Trajano
A fama das victorias, que tiveram ;
Que eu canto o peito illustre Lusitano,
A quem Neptuno, e Marte obedeceram :
Cesse tudo o, que a Musa antigua canta ;
Que outro valor mais alto se alevanta.