Pagina-afbeeldingen
PDF
ePub

266475

INVENTARIO

DOS

DOCUMENTOS RELATIVOS AO BRASIL

EXISTENTES NO

ARCHIVO DE MARINHA E ULTRAMAR

ORGANIZADO PARA A

BIBLIOTHECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO

POR

Eduardo de Castro e Almeida

1o Conservador da Bibliotheca Nacional de Lisboa

e Director da Secção IX (Archivo de Marinha e Ultramar)

V

BAHIA

1801-1807

INVENTARIO

DOS

DOCUMENTOS RELATIVOS AO BRASIL

EXISTENTES

NO

Archivo de Marinha e Ultramar de Lisboa

BAHIA
(CONTINUAÇÃO)

OFFICIO do Governador Francisco da Cunha Menezes para o Visconde de Anadia, cm que lhe participa ter tomado posse do Governo no dia 5 de abril. Bahia, 14 de abril de 1802.

24.001

OFFICIO do Juiz Conservador das Mattas da comarca dos Ilhéos, Balthasar da Silva Lisboa, para o Visconde de Anadia, no qual se refere aos seus serviços e á remessa da seguinte memoria sobre a comarca dos Ilhéos.

Villa de Valença, 27 de junho de 1802.

"...me pareceo acert do levar á presença muito respeitada de V. Ex. a memoria inc'uza, que contém a origem desta comarca, a sua costa e interior, rios navegaveis a povoação, a agricultura e commercio destes Povos, o estabelecimento dos córtes de madeiras, os vicios da administração e os interesses que a mesma pode produzir e os obstaculos que se oppõem para se não realizarem os uteis fins delle..."

24.002

MEMORIA Sobre a comarca dos Ilhéos, por Balthasar da Silva Lisboa. (1802). (Annexa ao n. 24.002).

"§ 1 - A Villa de S. Jorge dos Ilhéos, cabeça de comarca dequelle nome, he situada na altura de 14o e 45', na altura do Polo do Sul. Fica entre 2 outeiros vizinhos da parte do Sul, e Oiste, e o separa 1063 braças, que vão do pontal chamado "Amorim" até à ponta da terra chamada de "Pernambuco", encostado á qual se entra na Barra, onde ha huma pequena fortificação feita pelos Holandezes do tempo que tomarão a Bahia. Do Pontal do Amorim corre o Rio em linha obliqua á pedra chamada do "Pimenta" com a largura de 111 braças ao rumo de Noroeste, angulo de 15° e 15' desta pedra tirada huma linha se topa a entrada de outro Rio por Furado apelidado, que devide a Ilha que ahi ha, que dos Padres tomou o nome, para o Rio conhecido do nome de "Esperança". Tem a Barra 40 braças de largo, com fundo de 20 palmos na baixa mar, sem ter em seu canal banco algum de pedra, ou areia, nem he mudavel.

$ 2 - Querendo navegar-se para a Bahia dirigem os habitantes as suas embarcações para o Norte, com respeito unicamente aos baixos que tem á vista, bem conhecidos com o nome de "Ilhéos" (a) os quaes são huma corda de pedra alta, que os navegantes a descobrem

[ocr errors]

(a) Conhece-se d'esta descripção o engano, com que escreveo Pitta na sua Historia da America Portugueza, L. 2.o, fl. 111, $ 75, ibi- Em 15° escassos tem assento a Provincia dos Ilhéos, assim chamada pellos que a Natureza lhes pôs na fós do Rio."

A. B. 37

I

4 legoas ao mar, e vem a ser a pedra chamada "Sororoca" - a outra denominada "Tapitanga”, que ficão todas ao correr do Ilhéo; do Norte da Barra huma legoa, e dirigindo-se todas ao Sul, pouco mais de huma legoa, ficando fronteiras á Barra, em distancia de huma legoa. Entre estas mencionadas pedras, e o Ilhéo, assim a terra dellas, como da parte do mar, podem navegar, e fundear á roda ainda os mais grandes vazos; para a acometerem comtudo os navegantes carecem de ventos favoraveis, taes são os de Nordeste até Lesueste e para a sahida dos terraes do Sul, Sudoeste, etc.

§ 3 Ao Norte da terra huma legoa desemboca o Rio de Tahype, que nasce nas caxoeiras de Almada, que com os faxos das Serras que circulão a famoza Lagoa, que ahi existe, augmenta de tal forma as suas agoås,' que transbordando das suas margens, alagão todas as ferteis vargens, que a Bordeão a Parra só dá entrada a canôas, e pequenas lanxas, que se devem desviaf dos anos de areia proximos aos Pontaes.

He fundada a Villa de S. Jorge em huma baixa de engraçada varjaria, encostada Costa do mar. Não pude descobrir algum instrumento, por onde constasse da antiguidade desta Villa, mas he sem duvida que em 1559 já era povoada com 4 Engenhos, como se colhe da carta escripta pelo Padre Manuel de Nobrega, da Companhia denominada de Jesus, escripta em o 1o de junho de 1560, extrahida da Torre do Tombo, que por copia me deo o Desembargador do Paço, Procurador da Coròa, Guarda Mór da Torre do Tombo, João Pereira Ramos. Ibi:

"A paz de Xpö seja sempre em continuo favor e ajuda de V. A. o anno "passado de 1559 me derão huma de V. A. em que me manda que lhe escreva "e avize das coizas desta terra que ele deve saber. E pois assy mo manda lhe "darey conta do que V. A. mais folgará de saber que he da conversão do "Gentio, a qual, despois da vinda deste Governador Mem de Sá cresceu tanto, "que por falta de operarios muitos deixamos de fazer muyto fruyto, e todavia "com esses poucos que somos se fizerão 4 Igrejas em povoações grandes, onde "se ajuntou muyto numero de Gentio pela boa ordem que a isso deu Mem de "Sá, com os quaes se fás muyto fruyto pela sugeição e obediencia, que tem ao "Governador e em mentes durar ho zelo delle se hirião ganhando muytos, mas "cessando em breve se acabará tudo, ao menos entretanto que não tem ainda "lansadas boas raizes na fé e bons costumes. Ha cauza porque no tempo deste "Governador se fás isto, e não antes, não he por agora haver mais gente na "Bahia mas porque póde vencer Mem de Sá a contradição de todos os Xpãos "desta terra, que hera quererem que hos Indios se comêssem, porque nisso "punhão a segurança da terra, e querem que hos Indios se furtassem huns aos "outros, para elles terem escravos, e querem tomar as terras aos Indios contra "razão e justiça, e tiranizarem-nos por todas vias, e não querem que se ajuntem "para serem doutrinados, por hos terem mais a seo propozito, e de seus serviços "e outros inconvenientes desta maneira, os quaes todos elles vence, a qual "eu não tenho por menor victoria, que as outras que N. S. lhe deu, e de "fendeu a carne humana aos Indios tão longe, quanto seu poder se esten"dia, a qual antes se comia ao redor da Cidade, e ás vezes dentro n'ella "prendendo aos culpados, e tendo-os prezos até que elles bem conhecerem "seo erro, sem nunca mandar matar ninguem, e isto sóo abastou para "subjugar a muitos, obrigados a viver segundo a ley de natureza, como se obriguão a viver, mas isto custalhe descontentar a muytos e certifico "por isso ganhar inimigos, e a V. A. terra que nesta mais que nenhua outra não poderá hum Governador e hum Bispo e outras Pessoas "publicas contentar a Deos N. S. e aos homens, e mais certo sinal de não con"tentar a N. S. he contentar a todos, por estar o mal muy introduzido na "terra por costume. Despois sucedeu a guerra dos Ilhéos, a qual começou por "matarem hum Indio, no caminho de Porto Seguro, e creo que foi por dezastre, "ou por melhor dizer querer N. S. castigar aquelles Ilhéos e ferilos, para os "curar e sarar, e foi assi, que estando os engenhos todos quatro queimados, e "roubados, e a gente recolhida na villa, em muito aperto, foi lá o Governador "a socorrer com lho contradizerem os mais, ou todos da Bahia, por temerem que "indo elle, se poderião alevantar os da Bahia, mas com elle levar muytos Indios "da Bahia comsigo, cessava todo este inconveniente, e o que he muyto para "louvar a N. S., he que sendo isto no Inverno, em tempo de monções con"trarias, para ir aos Ilhéos, na ora que foi embarcado lhe concertou ho tempo, "e lhe veio vento prospero, tanto quanto lhe era necessario, e não mais nem "menos e lá deu-se tão boa mão que em menos de dois mezes que lá esteve, "deixou os Indios sugeitos, e tributarios e restituirão o mal todo, que tinhão

agora

YBA

« VorigeDoorgaan »