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era de Camões. (Jur., obras, t. 1, p. 30, 37, 101. D. Francisco de Portugal, Arte de Galanteria, p. 168.)

D. Alvaro da Silveira

Fidalgo poeta, filho do conde da Sortelha. Militou com Camões na India, e alli estreitaram a antiga amisade da corte. Despachado capitão d'Ormuz, em 1558, morreu no combate de Baharem em 1559. Camões fez à sua morte, a elegia inedita que começa: eu só perdi o verdadeiro amigo... etc. (Jur., t. 1, p. 35, 37, 81, 88. Theophilo Braga, p. 156, 237, 277.)

João Lopes Leitão

Poeta palaciano, amigo de Camões. Foi desterrado e preso para a sua casa de Pedrogam, por ter entrado a ver damas do Paço sem licença do porteiro. Militou com Camões na India, onde assistiu ao celebre banquete das trovas, no qual disse umas coplas, que juntas a um soneto feito a Camões, na representação do Auto de Filodemo, constituem tudo o que hoje resta dos versos d'este espirituoso poeta. Por alguns epitaphios de Pedro d'Andrade Caminha, e por uma carta, pelo mesmo Caminha escripta a Heitor da Silveira, presume-se que Lopes Leitão morreu n'um temporal do mar da India. (Jur., t. I, p. 37, 86. Theophilo Braga, p. 146, 237, 239, 264 e seguintes. Caminha, Obras, p. 361.)

Pedro d'Andrade Caminha

Camareiro do infante D. Duarte, sobrinho de D. João III e Poeta erudito da côrte. Foi grande inimigo de Camões, que o venceu em todos os generos de poesia, logo que entrou no Paço. Acrescentaria talvez o odio de Caminha, o ser Camões amado por Catharina d'Athayde, a quem Pero Caminha dirigiu muitos dos seus versos, e, por fim, o epitaphio, como se vê das suas Obras (p. 269, e outras). O seu odio a Camões não deixa duvida alguma, logo que se attente na visivel direcção que todos os seus epigrammas levam, para menoscabo do Poeta. (Theophilo Braga, p. 96, 141, 146, 147, 181. Caminha, Obras.)

D. Francisco de Portugal

Fidalgo da côrte, auctor da Arte de Galanteria, livro em que se encontram curiosos pormenores, de grande auxilio para o estudo da época, e conhecimento dos personagens da côrte de D. João ш. (Jur., p. 30. Theophilo Braga, 153.)

D. Francisco Coutinho

Mordomo-mór da Infanta D. Maria, e, em 1561 governador da India, e conde de Redondo. Para evitar, desde já, a rectificação da possivel critica, cumpre-nos declarar que o epigramma de Camões, citado no 3.o acto, e feito a D. Miguel Rodrigues Coutinho, foi pelo Poeta enviado a este Governador, e não ao Viso-Rei D. Constantino de Bragança, como alli se diz. D. Francisco Coutinho, foi casado com D. Joanna de Blasfé, dama vinda de Hespanha, no sequito da Rainha D. Catharina. (Jur., p. 83, 88. Theophilo Braga, 131, 280.)

Duarte Rodrigues

Reposteiro do Paço, e depois feitor em uma armada da China. Era padrasto de Estacio da Fonseca, em cuja casa foi representado o Auto d'El-rei Seleuco. (Jur., p. 72.)

D. Antonio de Lima

Mordomo-mór do infante D. Duarte, filho de D. Manoel, e depois camareiro-mór de seu filho D. Duarte, duque de Guimarães. Casou com D. Maria Boccanegra, dama hespanhola que acompanhou a Rainha D. Catharina. D. Maria Boccanegra teve duas filhas: D. Catharina de Athayde, amante de Camões, e uma outra para a qual passou o cargo de Catharina, logo que esta morreu na corte, moça, segundo resam os chronistas, e o alvará de tença. (Jur., p. 34. Theophilo Braga, p. 139.)

D. João III

Rei de Portugal. Filho do primeiro casamento de D. Manoel.

Francisco Barreto

Governador da India em 1555, com 39 annos de idade. Despachou Camões Provedor dos defuntos e ausentes de Macau, mandando-o recolher a Gôa, preso, por malevolencia e intrigas d'invejosos. Mexericado por amigos, como diz Manoel Correia. Foi um dos Governadores mais justos e honrados que nas Indias tivemos. (Jur., xv, 70, 81. Theophilo Braga. 236.)

O Bispo de Gôa

Não tem, no drama, papel que exija esclarecimentos. Sabe-se d'elle, que, eivado das doutrinas jesuiticas, já acceites e applicadas no reino, forcejou por introduzir na India as praticas do tribunal terrivel, que só foi definitivamente estabelecido em Gôa, no governo de D. Constantino de Bragança. (Ferd. Denis, p. 286.)

D. Miguel Rodrigues Coutinho

Fidalgo portuguez, a quem os soldados pozeram a alcunha de Fios-seccos, pela sua valentia no segundo cerco de Diu. Quiz embargar o Poeta, por dividas, tendo Camões de appellar para amisade de D. Francisco Coutinho, que o soltou, lembrado talvez das amaveis redondilhas feitas na côrte por Camões a sua filha D. Guiomar de Blasfé. (Theophilo Braga, p. 281 e seguintes.)

Calisto de Sequeira

Fidalgo de Gôa, devasso e fanfarrão. Seria talvez um dos satyrisados por Camões nos Disparates da India, e Satyra del Torneio. (Jur., p. 136. Theophilo Braga, p. 221.)

João Toscano

Amigo de Calisto de Sequeira, e, por certo, seu companheiro como victima dos epigramuias, e talvez das vias de facto do Poeta, que, n'esse tempo, era chamado o Trinca-fortes, pelo seu amigo de Portugal, o poeta humoristico Antonio Ribeiro Chiado. (Theophilo Braga p. 221.)

Manoel Serrão

D'uma carta de Camões, a um amigo de Lisboa, vê-se que Manoel Serrão era cego d'um olho, como o Poeta, e que, como valente o tomou para testemunha n'um duello. Na sua carta, refere-se Camões com agrado, a Manoel Serrão, como sendo um bravo, que: sicut et nós manqueja d'um olho, etc. (Jur., p. 61, 62. Theophilo Braga, p. 221.)

Antonio

Escravo da Ilha de Java. Ao cargo de Provedor dos defuntos e ausentes, andava annexo um naique que serve de lingua, como se vê no Orçamento do estado da India, feito por Antonio d'Abreu (o engenhoso). Antonio, ligado a Camões pelo seu officio, confidente talvez das suas maguas e saudades, mais se deixaria prender pela injustiça da prisão do Poeta, a ponto de o acompanhar na sua volta à Gôa, affrontando, com elle, os perigos d'uma vida, que todos os dias crescia em desillusões e miserias. Os rasgos da dedicação do escravo, nunca desmentidos até ao fim da sua vida, tornam este personagem altamente sympathico, e dão a Antonio um quinhão importante em todos os contratempos e desgraças, tão abundantes na existencia do infeliz Poeta.

D. Catharina d'Athayde

Filha de D. Antonio de Lima, e de D. Maria Boccanegra. É a dama que a tradição nos dá como sendo aquella a quem se dirigiam todos os versos e queixas de Camões. A não ter uma existencia real, devera ser inventada esta individualidade, fatalmente necessaria para a recomposição romantica da vida do heroe. Se Pethrarca tinha a sua Laura, Dante a sua Beatriz, Bernardim Ribeiro a sua Aonia, exige a lenda que Camões tenha a sua Natercia, alvo e inspiração dos seus versos. (Jur., p. 34. Theophilo Braga, 139, 257.)

Luiza Sigêa

Dama erudita, da côrte da Infanta D. Maria. «Natural de Toledo, segundo diz Feijó, sobre ser erudita en la

Philosophia y buenas lettras, fué singular en el ornamento de las lenguas, porque supo la latina, la grega, la hebrea, la arabiga, y la syriaca: en estas cinco lenguas se diz que escribió una carta a Paulo II., etc.» O sr. visconde de Juromenha, cita o assentamento do livro das moradias da côrte, no qual esta dama gosava do ordenado de 63000 reis, com o cargo de Latina. (Jur., p. 31. Theophilo Braga, p. 119.)

Paula Vicente

Filha de Gil Vicente. Consta que o ajudou a compor muitos dos seus bellos Autos. Escreveu varias comedias, talvez representadas na côrte, e hoje, infelizmente, perdidas. Foi auctora d'uma Arte ingleza, a primeira que appareceu em Portugal. (Jur., p. 31. Theophilo Braga, p. 42, 119.)

D. Guiomar de Blasfé

Dama da Infanta D. Maria. Nas Obras de Caminha encontram-se muitos versos feitos a esta dama; ella, comtudo, soube preferir os de Camões, a quem os pedia, despresando sempre as intrigas que o odiento Caminha preparou ao Poeta. Casou com D. Simão de Menezes, que foi morrer em Alcacer-kibir. (Apud. Theophilo Braga, Sousa. Historia geneal., t. xIII, p. 799.)

D. Francisca d'Aragão

Dama da rainha D. Catharina. Era sobrinha de Francisco Barreto, e foi cortejada por D. Manoel de Portugal. Por este motivo talvez, vista a amisade dos dois poetas, foi D. Francisca d'Aragão a confidente amorosa de Catharina d'Athayde, e, mesmo depois da sua morte, sustentou correspondencia de cartas com Camões, depois da volta do Poeta, a Portugal. (Theophilo Braga, p. 131, 237. Arte de Galant., p. 168.)

D. Leonor de Noronha

Dama da Infanta, e filha do marquez de Villa Real. Como as duas Sigêas, e Paula Vicente, era uma das eru

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