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P. 175, V. 5.

Com palavras mimosas e forjadas
Da solta liberdade e livre peito.]

Todas as ed.

Mas he vicio, porque o sentido he este: Com palavras mimosas e forjadas eu, de solta liberdade e livre peito, as trazia (a ellas Nymphas) contentes e enganadas. Corrigimos: Com palavras mimosas e forjadas,

De solta liberdade e livre peito etc.

P. 184. V. 20. Assim me está tornando o peito frio.] Todas as ed. Mas o temor he que produz todos estes effeitos: impedir a voz, tornar a lingua negligente e o peito frio; e desta lição parece entender-se que o peito frio he quem torna a lingua negligente, ou que a lingua negligente torna o peito frio. Esta amphibologia argue vicio de texto. Corrigimos

Assim me está tornando, e o peito frio.

Este lugar nos fornece mais uma prova incontestavel de que a emenda que fizemos na Estancia 29, Canto IV dos Lusiadas, he a verdadeira e genuina lição do poeta. E não só neste, mas em todos os mais lugares onde o poeta falla do medo, sempre lhe attribue o effeito de esfriar e gelar: como no mesmo ja citado Canto, Estancia 21:

Desta arte a gente força e esforça Nuno,

Que com l'ouvir as ultimas razões,
Removem o temor frio, importuno

One gelados lhe tinha os corações.

e no Canto I, Estancia 89:

O temor grande, o sangue lhe resfria.

Sempre disse que fazia parar a circulação do sangue, e que seus effeitos se fazião primeiro sentir no coração, como no Canto V, Estancia 38:

Que poz no coração um grande medo.

O mesmo fazem todos os grandes poetas, e com especialidade Virgilio, como se ve nos seguintes exemplos:

Extemplo deneae solvuntur frigore membra.

Eneida L. I, V.96.

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At sociis subita gelidus formidine sanguis
Diriguit: cecidere animi.

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E além destes muitos e muitos outros puderamos citar.

Pois se o temor esfria e gela, e primeiro se faz sentir no coração, como diz o nosso Camões e disserão antes, e tem dito depois todos os grandes poetas; com a autoridade do mesmo Camões se prova que, se no campo de Aljubarrota, quando a trombeta Castelhana deo o sinal da batalha, o sangue acudio ao coração dos Portuguezes, e por consequencia se lhes concentrou alli o calor, não foi porque temor fosse maior, mas, sim, porque era muito menor, que o perigo. E portanto he viciosa a lição vulgar, e a nossa verdadeira.

P. 187. V. 30. E vós, pastores deste rudo outeiro] Faria e Sousa. E vós, pastores rudos deste outeiro] 3a ed. A lição do poeta he esta.

P. 188. V. 30. No tronco de alguma árvore sombria] Faria e Sousa. E no tronco d'uma arvore sombria] 3a ed. Esta he a lição verdadeira.

P. 190 V. 3. Em vós deixou Minerva o que valia] Faria e Sousa. Em vós deixou Minerva sua valia] 3a ed. Porque desprezaria Faria esta lição?

P. 198. V. 15. Porque saibas o que he ser amada] Faria e Sousa. Porque saibas que cousa he ser amada] 3a ed. Quem hesitará em seguir a lição antiga?

P. 199. V. 23. Se humano parecer não se defende] Faria e Sousa. Que ao humano Que ao humano parecer não se defende]

3a ed. Ambas estas lições são viciosas. A que nos parece verdadeira ou pelo menos correcta, he esta:

Se ao humano parecer não se defende.

P. 200. V. 13. Porque segues em vão esse cuidado?] Faria e Sousa. Não ves que teu fugir he escusado?] 3a ed. A lição antiga he a do poeta.

P. 200. V. 14.

mento] Faria e Sousa.

Pois nunca estás sem mim algum mo-
Que sem mim não estás um

So

momento] 3a ed. Esto verso he incomparavelmente melhor que o de Faria, e tem o cunho do poeta.

P. 201. V. 21. A vós se dão, a quem junto se ha dado] Faria e Sousa. A vós se dem, a quem junto se ha dado] 3a ed. A lição verdadeira he esta.

P. 202. V. 23. E o mais do roxo dia era passado] Faria e Sousa. E o mais do dia ja era passado] 3a ed. O epiteto de roxo aqui desnecessario parece introduzido por mão estranha.

P. 203. V. 14. Que farão mais que mais endurecer-te?] Faria e Sousa. Que fazem senão mais endurecer-te?] 3a ed. Este verso he muito mais natural e melhor que o outro.

P. 203. V. 23. Um bronze ja abrandára que não sente] Faria. Ja um peito abrandára que não sente] 3a ed. Esta segunda lição he sem duvida alguma a do poeta, por que, alem de que he ocioso dizer do bronze que he insensivel, esta expressão de peito que não sente, he nelle tão frequente que não podemos deixar de a ter por sua.

P. 205. V. 6. Em lugar de alegrar-se, se entristecem] Faria. Em vez de se alegrarem, se entristecem] 3a ed. Este verso em harmonia he mui superior ao primeiro, e tem mais a seu favor ser das primeiras edições.

The damos a preferencia.

Pelo que

P. 211. V. 2. Com rosto baixo, e alto pensamento] Faria e Sousa. Co'o rosto baixo, e alto o pensamento] 3a ed. Andando este verso assim nas primeiras ed., tão impossivel parece que Faria o não tivesse visto, como que, depois de o ver, lhe preferisse o primeiro.

P. 213. V. 1. E vós, cujo valor em tanto excede] Faria e Sousa. E vós, cujo valor tão alto excede] 3a ed. Preferimos a lição antiga, que he correcta, á emenda de Faria, que he viciosa.

P. 213. V. 17. Contra o indomito Pãe de toda Hespanha. Todas as ed. Mas he vicio manifesto. Faria e Sousa explica assim este lugar do texto: "Esto es, que los campos estaban sustentados de toda España, contra Don Alonso, padre del Principe, que venciendo, los sustentó contra la fortuna e Hados." Mas a isto temos duas razões que oppor, a primeira he, que não era possivel que um poeta como Camões, para exprimir cousa tão simples fizesse tal. geringonça; a segunda he appresentar o texto como poeta o escreveo:

Se não sabem as frautas pastoris
Pintar de Toro os campos semeados
D'armas e corpos fortes e gentis,

Por um moço animoso sustentados
Contra o indomito Rei de toda Hespanha,
Contra a Fortuna vãa, e injustos Fados.

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Faria devia saber, e por certo não ignorava que ElRei Dom Fernando de Castella foi feliz nas armas, razão por que o poeta lhe dá o epiteto de indomito; e que reunio em si varias coroas, que d'antes erão separadas e independentes, razão por que o poeta lhe chama rei de toda Hespanha. em tudo isto reflectisse, em lugar da palavra pae, aqui visivelmente introduzida por mão estranha, teria restabelecido no texto a palavra Rei, que o poeta ahi tinha posto; e com isso nos poupára o trabalho de o fazer agora.

E se

P. 214. V. 13. De si ja, não ja só do pobre fato] Faria e Sousa. De si, e do seu gado e pobre fato] 3a ed. Assim andava este verso nas primeiras edições; e a verdade he nais antiga, que a mentira. Restituimos a lição antiga. Porque por gado se entende bois etc., e por fato, cabras. P. 217. V. 11. Do som que no Parnaso se deseja] Faria e Sousa. Do som, que pelo mundo se deseja] 3a ed. A lição de Faria nos he suspeita, porque no Parnaso residem Apollo e as Musas; e he de lá que os poetas pretendem haver esse desejado som; e como tal a desprezamos, restituindo o verso como se lia nas primeiras edições; que

he como o poeta o escreveo.

P. 220. V. 1. D'altas nuvens vestido.] Todas as ed. Mas he erro das copias: deve ler-se:

D'átras nuvens vestido etc.

P. 224. V. 31. Quiz descansar á sombra da espessura] Faria. He erro, porque espessura não rima com manifesta e sesta. Restituimos o verso, como andava nas primeiras edições: Quiz descansar á sombra da floresta.

P. 226. V. 1.

Sirene e Nyse que das mãos fugirão
De Tegeo Pan]

Todas as ed. Mas he vicio das copias, porque não consta que Sirene fugisse nunca das mãos de Pan. Restituimos: Syrinx e Nyse.

P. 234. V. 21.

Ja no indignado monte se lançava] Faria e Sousa. Ja no indigno monte se lançava] 3a ed. Uma e outra lição he viciosa; a do poeta he:

Ja indignado no monte se lançava.

P, 236. V. 3. Ainda agora em herva as folhas viras] Todas as ed. Mas he erro, porque o gira-sol, que he a flor em que foi convertida Clycie, não víra as folhas contra o sól, nem tal disse o poeta: o que elle disse he que esta nympha inda, depois de transformada em planta, segue com

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