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F 2501

T 59

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18-6-79

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MEMORIA SOBRE AS MINAS DE OURO

Lida na Academia Real das Sciencias de Lisboa, publicada em 1804, por José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho, Bispo de Pernambuco, eleito de Bragança e Miranda, de Elvas e de Beja.

DISCURSO sobre o estado actual das Minas do Brazil, dividido em

duas partes. Na primeira mostra-se, que as Minas de Ouro são prejudciaes a Portugal, não só pelo muito que já hoje o Estado perde nellas, mas tambem pelos muitos braços que ellas tirão à Agricultura. Na segunda apontão-se os meios de aproveitar a Agrigcultura do Continente das Minas, que alias é já perdida para o Ouro.

I

PARTE PRIMEIRA EM QUE SE MOSTRA QUE AS MINAS DE OURO SÃO PREJUDICIAES A PORTUGAL

O homem póde viver sem ouro e até mesmo sem vestidos, taes são os Indios do Brazil; mas ninguem pode viver sem alimentos. Necessariamente a nação agricultora, e que mais abundar dos generos de primeira necessidade, será sempre relativamente a mais rica, e della serão todas dependentes.

O ouro é um metal que pela sua natureza se gasta, e se destróe pouco no seu uso; a maior parte dos generos que elle representa, o mesmo é usal-os que gastal-os, é por isso que o

ouro se destróe menos no uso particular, mais se augmenta na massa geral; e quanto mais se augmenta na quantidade, tanto menos representa na estimação.

Os generos de primeira necessidade, por isso que se gastão todos os dias, todos os dias deixam as mesmas necessidades, e estas se augmentam mais e mais, à proporção do maior Commercio, pois que um dos seus objectos consiste em fazer das cousas superfluas uteis, e das uteis necessarias.

O ouro e a prata tomados como signal, por isso que não são de uma necessidade absoluta, e só sim de uma commodidade representat iva do preço eminente de todas as cousas para uma maior facilidade do Commercio, vem a ter um valor precario dependente do arbitrio e da estimação dos homens; mas, como a es. timação dos homens cresce à proporção da raridade da cousa e diminue à proporção da abundancia della, assim tambem a prata e o ouro representa e vale tanto menos, quanto elle se faz mais abundante.

No tempo do Senhor Rei D. Manoel, um ou dois vintens valião e representavão um alqueire de trigo; hoje porém que a massa geral do ouro que gira no Commercio, se tem augmentado muitas vezes mais, já um ou dois vintens não representão uma igual porção de trigo d'aquelle tempo; então 400 reis representavão um ducado da Camara Romana; hoje são necessarios 1$750. reis, isto é, mais de quatro vezes mais de 400 reis para representar aquelle mesmo ducado Romano.

Por este calculo se pode dizer que o numerario na Europa desde os principios do seculo 16, até o fim do seculo 18, tem já excedido o quadruplo; mas, se se fizer o calculo pelo preço do trigo, do tempo do Sr. D. João 3o, isto é pelos annos de 1550, que então corria, a 50 reis o alqueire, e hoje a 500 reis pouco mais ou menos, se póde dizer que o numerario tem crescido na razão de um para dez.

Logo é evidente que a nação mineira, quanto mais augmenta o seu genero, tanto dá menos valor e menos representação a sua riqueza, e assim por esta progressão, quanto mais ouro ella cava, tanto mais cava a sua ruina, e se faz mais dependente dó arbitrio das outras.

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