Pagina-afbeeldingen
PDF
ePub

N'este quadro, ou grupo de homens de lettras, deve tambem comprehender-se Duarte Nunes de Leão, auctor das chronicas de varios reis, ou antes do resumo de chronicas já conhecidas, e Duarte Galvão cuja fé historica o põe a par de Azinheiro e Frei Bernardo de Brito. As contradicções e os erros fazem antes dos escriptos d'este auctor uma compilação legendaria dos absurdos da nossa historia, do que uma obra seria.

Não devem esquecer aqui os historiadores das nossas conquistas na India, João de Barros, Diogo de Couto, Fernão Lopes de Castanheda, Gaspar Correia, e outros, que ennobrecem esta, entre nós, tão vasta familia de escriptores, e que tanto concorreram para perpetuar os feitos gloriosos do esforço nacional.

Aqui ajuntamos a resenha que frei Manuel de Figueido publica na sua Dissertação Historica,1 de todos os historiadores, que foram chronistas-móres do reino, e dos que o não foram, conforme o exame feito a este respeito pelo mesmo escriptor.

Ös chronistas-móres, em lingua portugueza, ácerca dos quaes não deve haver duvida, são os seguintes: Fernão Lopes. Começou a servir em 1434. Teve carta em 1449.

Gomes Eannes de Azurara. Carta em 1459.
Vasco Fernandes de Lucena, 1484.

Ruy de Pina, 1497.

Fernando de Pina, 1525.

Dom Antonio Pinheiro, 1550.
Francisco de Andrade, 1593.
Frei Bernardo de Brito, 1614.
João Baptista Lavanha, 1618.
Dom Manuel de Menezes, 1625.
Frei Antonio Brandão, 1644.
Frei Raphael de Jesus, 1682.
José de Faria, 1695.

1 Dissertação historica e critica que para apurar o cathalogo dos Chronistas-Móres do Reino e Ultramar escreveu Fr. Manuel de Figueiredo. 1789.

Frei Bernardo de Castello Branco, 1709.

Frei Manuel dos Santos, 1726.
Frei Manuel da Rocha, 1740.
Frei Antonio Botelho, 1745.
Frei José da Costa, 1747.
Frei Antonio Caldeira, 1755.

Frei Antonio da Matta, nomeado por Dona Maria I.
Duvidosos na lingua partugueza:

João Camello; Dom Pedro Alfarde, e mais os Priores Claustraes de Santa Cruz de Coimbra, até 1460; Alvaro Gonçalves de Caceres; Duarte Galvão; Damião de Goes; Antonio de Castilho.

Chronistas na lingua latina:

Frei Francisco de Santo Agostinho Macedo, 1650. Padre Antonio dos Reis, 1726.

Padre Estacio d'Almeida, 1738.

Padre Joaquim de Foyos, no reinado de Dona Maria I.

João Baptista de Castro affirma que fôra Diogo Mendes de Vasconcellos o 1.° chronista de Portugal, na lingua latina.

Chronistas das nossas possessões ultramarinas :
Diogo do Couto, por mercê de Filippe I, India.
Antonio Bocarro: épocha dos Filippes, India.
Diogo Gomes Carneiro, 1673, Brasil.

Ignacio Barbosa Machado, chronista de todas as provincias ultramarinas, 1725.

Francisco Xavier da Serra, no reinado de Dona Maria I.

Fechamos este capitulo com alguns exerptos do catalogo dos historiadores, da obra do marquez de Alegrete, Manuel Telles da Silva,1 porque de algum modo completam o que já exposemos.

1 Hist. da Acad. Real de Hist. Port. Lisboa, 1727. Servimo-nos do resumo publicado pelo sr. conselheiro Silvestre Ribeiro, na sua Resenha de Litteratura Portugueza, trabalho de valioso subsidio, como já notámos, para este genero de locubrações.

HISTORIA ECCLESIASTICA GERAL

0 Licenciado Jorge Cardoso. Auctor do Agiologio Luzitano. «Obra incompleta e escripta com não menos dilligencia como credulidade. Para ser completa, deveria comprehender o anno inteiro, porém só foram impressos os primeiros seis mezes. Uma douta penna da nossa Academia a tem continuado.

Dom Rodrigo da Cunha. Historia das Egrejas do Porto, Braga e Lisboa. «Comquanto escrevesse em tempo em que eram estimados alguns auctores apocryphos, tem recebido elogios e approvação dos homens doutos. É para lamentar que não estendesse ás demais dioceses o trabalho, que consagrou ás tres indicadas.»>

VIDAS DE VARÕES ILLUSTRES EM SANTIDADE;

E CHRONICAS DAS RELIGIÕES.

O padre João de Lucena. Vida de San Francisco Xavier.

Frei Luiz de Sousa. Historia de Sam Domingos, Vida de Frei Bartholomeu dos Martyres.

Frei Manuel da Esperança. Historia Serafica dos frades menores da Ordem de San Francisco.

«Estas e outras chronicas das Religiões sómente conteem uma narração do que pertence a cada uma das suas provincias, ficando tudo o mais que toca ao resto da Igreja, sem historiador, e sem mais outras noticias, que as que se podem colher das Constituições dos Bispados, e dos poucos synodos, que d'elles ha impres

SOS.»

CHRONICAS ESPECIAES

Duarte Galvão. Chronica do conde Dom Henrique. «Como não li, não posso dizer o que contem, nem affirmar que existe.»>

Duarte Galvão. Chronica d'El-Rei Dom Affonso Hen

riques. «Ha poucos dias, com grande desacerto mutilada, se imprimiu em Lisboa; he mui breve, ainda que refere as principaes acções d'aquelle grande rei; porém, entre ellas, conta algumas tão inverosimeis, que o fazem merecedor do pouco credito, que os homens prudentes lhe dão n'esta parte.»

Fernão Lopes. Chronicas de Dom Pedro I, Dom Fernando, e as duas partes da de Dom João I.

«N'estas composições não deixou de merecer a estimação que sempre teve, e que justamente lhe devia dar primazia do cargo, que occupou.>>

Ruy de Pina. «Reformou as Chronicas dos nossos reis d'esde Dom Sancho I até Dom Affonso IV, e tambem a de Dom Duarte e a de Dom João II. Os nossos academicos, que se teem valido da lição d'este auctor, teem observado n'elle algumas contradicções, que provam seguiria, no que escreveu, o que já estava composto.»

Damião de Goes. «Começou a elevar a mayor grão de perfeição a nossa Historia nas Chronicas que compoz de El-rey Dom João II, sendo principe, e d'El-Rey Dom Manuel. >>

Garcia de Rezende. «Compoz a Chronica d'El-Rey Dom João II, com tal ordem, que parece mais hum summario de acções, do que historia. Estylo claro. Merece credito por contemporaneo, comquanto alguns, por esse mesmo motivo, e por ter sido moço da guarda-roupa do mesmo Rey, e muyto favorecido d'este, o julguem por suspeyto.»>

Duarte Nunes de Leão. «Abriu caminho á critica da nossa historia, escrevendo com juizo e madureza as Chronicas dos primeiros dez Reys de Portugal. Tambem se lhe attribue a Chronica, que vulgarmente se chama dos tres Reys.»

Francisco de Andrade. «Eescreveu a Historia de ElRey Dom João III, com a falta que muitas das outras Chronicas tem, por não tratarem do governo economico do Reyno. No estylo conservou a clareza e naturalidade do seculo que acabava. >>

VIDAS DE REYS, PRINCIPES, E GRANDES HOMENS

Dom Fernando de Menezes. (Conde da Ericeira.) «Compoz a Vida d'El-Rey Dom João I. He um opusculo bem escripto. O mesmo juizo faço da Vida d'El-Rey Dom João II, composta na lingua latina com o titulo de Rebus gestis Joannis secundi; sem que as naturaes suspeiçoens me intimidem para deixar de dizer que esta obra he digna de seu auctor. >>

Dom Agostinho Manoel.-Vidas de el-rei Dom João II e de Dom Duarte de Menezes. «Manuel de Faria e Souza entende que este auctor foi mais politico que exacto.>>

Frei Miguel Pacheco. «Compoz a vida da Infanta Dona Maria, filha de el-rey Dom Manoel, com grande approvação, pelo juizo, clareza do estylo, e boa ordem com que escreveu. »

Dom Jeronymo Osorio.-«Insigne na lingua latina, na qual, além de outras mais, e mayores obras, compoz tambem a vida de El-rey Dom Manuel, com tanta elegancia, e pureza de estylo, que justamente he avaliado pelo mayor professor da lingua latina dos seculos modernos. »

Jacintho Freire de Andrade.-«Pelo estylo exquisito' e particular com que compoz a historia ou panegirico, assemelha-se a Paterculo entre os latinos; sustentou a reputação da Historia Portugueza, que começou a declinar ainda do estado em que estava, no tempo em que tambem se abateu a Monarchia. >>

CRONICAS GERAES

Frei Bernardo de Brito.-«Este auctor venceu em estylo, por ser mais limado e corrente, a todos os que lhe precederão, e a alguns que se lhe seguirão. Alguns criticos mais austeros tirão da classe das nossas histo

« VorigeDoorgaan »