Camões, poeta da fé (1524-1924)Coimbra Editora, 1924 - 223 pagina's |
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Pagina 169 - AO DESCONCERTO DO MUNDO Os bons vi sempre passar No mundo graves tormentos; E para mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos.
Pagina 195 - Esta luz é do fogo e das luzentes Armas com que Albuquerque * irá amansando De Ormuz * os párseos, * por seu mal valentes, Que refusam o jugo honroso e brando. Ali verão as setas estridentes Reciprocar-se, a ponta no ar virando, Contra quem as tirou; que Deus peleja Por quem estende a fé da Madre Igreja.
Pagina 13 - Os marinheiros d'huma e d'outra banda: E porque o vento vinha refrescando, Os traquetes das gaveas tomar manda: Alerta, disse, estai, que o vento crece Daquella nuvem negra, que apparece.
Pagina 149 - E vi com muito trabalho comprar arrependimento; vi nenhum contentamento, e vejo-me a mim, que espalho / tristes palavras ao vento. Bem são rios estas águas, com que banho este papel; bem parece ser cruel variedade de mágoas e confusão de Babel.
Pagina 163 - ... ajuda celeste contra ti prevalecer, e te vier a fazer o mal que lhe tu fizeste. Quem com disciplina crua se fere mais que úa vez, cuja alma, de vícios nua, faz nódoas na carne sua, que já a carne n'alma fez.
Pagina 41 - Mas em tanto que cegos e sedentos Andais de vosso sangue, ó gente insana ! Não faltarão Christãos atrevimentos Nesta pequena casa Lusitana : De Africa tem maritimos assentos, He na Asia mais que todas soberana, Na quarta parte nova os campos ara, E, se mais mundo houvera, lá chegara.
Pagina 148 - ... esperanças. Ali vi o maior bem quão pouco espaço que dura, o mal quão depressa vem, e quão triste estado tem quem se fia da ventura.
Pagina 14 - Se os antigos Filósofos, que andaram Tantas terras, por ver segredos delas, As maravilhas que eu passei, passaram, A tão diversos ventos dando as velas. Que grandes escrituras que deixaram! Que influição de signos e de estrelas, Que estranhezas, que grandes qualidades! E tudo, sem mentir, puras verdades.
Pagina 74 - Efeitos mil revolve o pensamento, E não sabe a que causa se reporte; Mas sabe que o que é mais que vida e morte Que não o alcança humano entendimento.
Pagina 18 - Sôbolos rios que vão Por Babilónia, me achei, Onde sentado chorei As lembranças de Sião E quanto nela passei. Ali o rio corrente De meus olhos foi manado; E tudo bem comparado: Babilónia ao mal presente, Sião ao tempo passado. Ali lembranças contentes Na alma se representaram; E minhas cousas ausentes Se fizeram tão presentes Como se nunca passaram. Ali, depois de acordado, Co...