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do Cosme é muitissimo deficiente e absolutamente imcompativel com a regularidade da distribuição na zona alta».

E venho mesmo, carissimo collega, tanto mais quanto è esta a increpação mais positiva, feita por S. S. em todo esse debate.

Taes reservatorios que somente são de compensação, exigem duas cousas essenciaes no funccionamento do systema: regularidade na adducção, regularidade na distribuição. O que elles não comportam absolutamente, como nenhum outro qualquer apparelho, è a irregularidade alçada como norma de serviço, e foi entretanto, a essa irregularidade a que S. S. se apegou.

Si as bombas estão funccionando mal agora (adducção,) e a rede accusa vasamentos e irregularidades invisiveis (distribuição), a esses orgams caiba a responsabilidade do desarranjo e não acs reservatorios compensadores. Estes reservatorios, como S. S. não ignora, funccionam como uma bolsa alargada na grossa arteria representada pelas linhas de adducção e de distribuição, ambas do mesmo diametro, ambas .n'elles incidindo. As aguas que entram e as aguas que saem, si são de egual volume, deixam intacto. o que já estava nesses reservatorios. Si, porém, o consumo augmenta, o compensador abaixa de nivel, dando-se o contrario se o consumo diminuir em relação ao mesmo volume adducto.

Si a adducção assim como a distribuição na rede não estão ainda regularisados, não crimine o collega, por isso, os reservatorios metalicos. A ninguem se deve condemnar por faltas alheias.

Regularise o collega a rede de distribuição por um processo tehnicamente feito; acerte a distribuição por pennas, com ou sem o regulador Rocha; consiga do seu pessoal o funccionamento das bombas da Bolandeira com ordem e pericia e o collega verá como os reservatorios compensadores dão o que delles se

espera.

Não se agaste o collega, nem perca a calma n'uma

discussão como esta. Taxar de petas e de balelas o que se não poude contestar, não prova nada, não desmancha o effeito, a convicção mesma que já está no animo publico a respeito do merito desse pessoal imcomparavel sob a direcção de S. S.

Procure emendar a mão, collega amabilissimo, e, si o conseguir, não lhe darei bolas, como as que agastado me offereceu, mas flores; muitas flores, das que gostam as damas e... os moços bonitos.

28 de Outubro 1910

No dia seguinte, 29, prosegui:

Voltou á imprensa S. S. para repisar duas cousas que, de referencia ao meu projectode abastecimento, julgou importantissimas:

Os erros do meu projecto e os discos metallicos das pennas d'agua.

Quanto aos primeiros, o caso é deveras interessante. Transcreve S. S. um trecho do depoimento do Ex.mo Sr. Conselheiro Intendente para o fim de perguntar-me quaes os erros e irregularidades que se dão na execução do meu projecto e exclamą triumphante:

«S. S. não apontou sequer um erro na execução do seu projecto. Eis a verdade!»

Obrigado collega. E' uma declaração que muito lisongeia a quem, como eu, projectou e executou. Não tem erros o meu trabalho. Não os apontou S. S. nem os apontei eu. E' muito natural.

Mas, agora que se conclue?

Conclue-se que a ferramenta é boa e somente não presta o artifice que a maneja. Quer mais claro?

O outro ponto é o dos discos metalicos das pennas d'agua, «cujos orificios, diz S. S. deixam passar tres, quatro e cinco pennas quando novos e no fim de dous ou trez mezes de uso, devido á má qualidade do material, se alargam pelo attrito da agua a ponto de fornecerem seis e oito pennas, causando

as irregularidades que ora se observam na distribuição?!>

Olhe a malicia!

Percebo bem o que o collega quer dizer entre linhas. O que quer é que eu caia a fundo sobre o Sr. Gustavo Rocha, seu auxiliar, que contractou fornecer e està fornecendo ao Municipio os aparelhos de sua invenção para substituir os que eu forneci e assentei.

Que crueldade a do collega! Crueldade, sim, para com seu auxiliare inspirador, porque o collega bem sabe que os ferrules e discos do meu fornecimento são do mesmo typo e material usados no Rio de Janeiro e em todas as cidades paulistas que têm aguas distribuidas a domicilio; sabe que as aguas daqui não são mais valentes do que as de là. Mas, para moer o Rocha, aponta o defeito como meu para ver si, com a minha mão, se levanta a ponta do véo que está a encobrir o interesse que prepara essas cousas. Malicioso!

O collega poz-se depois a provar a energia da sua acção entre esse funccionalismo exemplar que S. S. «não precisa tratar grosseiramente» para que lhe obedeça; trata ainda da defeza desse pessoal e das irregularidades apontadas por mim o que S. S. julga poder occultar ou explicar.

«Difficilem rem postulat!»

Commissão que pediu para examinar a escripta, applaudo muito, mas-que seja uma commissão para ver e corrigir e não para encobrir e proteger e deixar tudo no pé miserando em que se vê.

Imprensa a convidar para visitar as obras e o serviço, applaudo muitissimo, mas me convide tambem o collega, si me quer dar essa honra.

Vou terminar..

O collega amabillissimo chamou-me fanfarrão. Me Hercule!!

Não lhe quero mal por isso, caro collega, e até lhe peço de perdoar se lhe perturbei a paz mirifica dos seus ccios tranquillos...

....«n'aquelle engano da alma, ledo e cego que a fortuna não deixa durar muito. >>

Perdôe o collega si, neste luctar, já uma vez c fiz levantar-se mais cedo, ao nascer do sol... desse sol creador que inspira hymnos tão sublimes aos Chanteclairs.

Perdôe as importunações dos que trabalham e não faça, como, no Hyssope, esse soberbo deão que as luctas do cabido forçam a levantar-se cêdo e que, diante do sol nascente, prorompe em juras descompostas:

E tú, astro luzente,

«Que o dia trazes e que o dia levas

«E que eu não vejo nascer ha tantos annos, «Tú testemunha és si eu pretendia

<Mais que em paz desfructar minha prebenda, «Comer, beber, jogar e divertir-me»;

Não, collega amabillissimo, não me zango com o chingamento, e faço votos até para que emende a mão. Si o conseguir, deixe que lhe repita, não lhe darei bolas, como as que agastado me offereceu, mas flores, muitas flôres, das que gostam as damas e... os moços bonitos.

THEODORO SAMPAIO.

V

Conclusão da polemica sobre aguas

A 2 de Novembro, voltou a redacção do Diario de Noticias, sob o titulo-A questão d'agua, e em um appello ao Ex.mo Sn.r Cons. Intendente, concitandoo a, em vez de se irritar com a critica, «providenciar energicamente, como lhe cumpre, afim de pôr cobro aos males que assoberbam o erario municipal. »

O artigo do Diario traduzia na verdade, uma aspiração justa da população, e, por isso, accrescentava: <E agora, desde que emmudeceram os mais reconhe cidamente entendidos a respeito do serviço d'agua, de tão difficil e custosa execução, appellamos da opinião delles para o juizo respeitavel do Sn." Cons." Intendente, que é a principal autoridade em que reside a representação do municipio. no tocante aos seus interesses de ordem administrativa, como os de que nos occupamos.

«Esse appello é tanto mais razoavel e procedente quanto o venerando sr. governador da cidade se confessa disposto desde o começo de sua adminis-. tração e reiteradas vezes a resolver com exito o problema da distribuição d'agua nesta capital, consoante o exigem as coveniencias da população confiada aos seus carinhos e proveito do proprio municipio, de cuja direcção suprema foi incumbido. Além disto é um excellente ensejo que se lhe offerece

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