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sentaram as quitações, não se podendo conhecer logo si essas quantias foram recolhidas, por ser feito o lançamento em bloco, como acima disse, sem referencia a algum outro documento; estou encontrando func cionamento de pennas, sem que conste na secção terem sido abertas, tratando agora de mandar examinar si os consumidores dessas pennas occultas têm pago as respectivas importancias e a quem; muitas outras faltas e irregularidades existem e vão sendo descobertas, como esse Conselho verificará da leitura da commissão por mim nomeada e da informação do director da secção, o que tudo juncto por copia.

Deante de todas estas occurrencias, podia e devia deixar de praticar os actos alludidos?

E não será significativo o facto de empregados, attingidos pelos meus actes, se recusarem a entregar os cofres, livros e documentos, que estavam a seu cargo, sob o pretexto de que as suas demissão e remoção não foram approvadas por esse Conselho?

Ao menos, por deferencia a esse Conselho e pelo desejo de querer que sejam os meus actos conhecidos, examinados e julgados, farei chegar ao vosso conhecimento todas as peças do processo, que estava organisando, o que não posso fazer com a presteza desejada, não só porque preciso andar com muito criterio na investigação dos factos, como porque não disponho na minha secretaria do pessoal para fazer todo o expediente que por ella corre diariamente, e, além disto, tenho de dividir a minha actividade e attenção para os multiplos assumptos, e alguns muito importantes, que exigem prompta solução.

Em conclusão, devo declarar a esse Conselho que fundei os meus actos no regulamento estadual, que baixou com o dec. n. 431, de 15 de outubro de 1906, of qual é applicavel aos empregados municipaes pelo art. 85, da lei de organisação municipal n. 478, de 30 de setem bro de 1902, e no art. 7 das disposições geraes da reforma, que baixou com o acto 543, de 21 de maio de 1900. «Deus guarde a v. v. exas.

(Assignado) Antonio Carneiro da Rocha.

VI

Reivindicação a proposito das obras da Maternidade e da Faculdade de Medicina

Sob o titulo Maternidade

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publiquei no dia 3 de 9bro pelo «Diario de Noticias», a proposito da inauguração do novo edificio dessa utilissima instituição, o seguinte artigo:

Visitei hoje o novo edificio da Maternidade, ha pouco inagurado.

Vendo-o, veiu-me logo o desejo de um elogio e de uma reclamação, o que ora faço por ser de inteira justiça.

O elogio é ao Dr. Climerio de Oliveira, a alma dessa instituição entre nós, o verdadeiro espirito criador do que ali se vê e do que ali se admira, e que, sem duvida, colloca este estabelecimento ao nivel dos melhores do paiz e dos congeneres do extangeiro.

O seu a seu dono.

Obedecendo a esse mesmo principio é que aqui tem logar a minha reclamação.

Reclamo contra o vezo doentio que aqui ha de se falsificar a historia tão de fresco. E' um vezo terrivel que me vae custando caro e contra o qual estou eu a luctar desesperadamente de certo tempo a esta parte.

Coube-me a sorte de construir em S. Paulo o bello edificio da sua Maternidade e coube-me aqui quasi que a mesma sorte, pois que, si não construi,

por inteiro, o edificio que ora se inaugura, dirigi-lhe pelo menos, a construcção em mais de dous terços. Narremos os factos.

Quando, em 1905, iniciei as obras de restauração do edifcio da Faculdade de Medicina desta cidade, coube-me tambem dirigir a coustrucção das do Instituto Clinico e da Martenidade, ambos em estado incipiente, com as paredes nùas sob tecto não acabado.

O edificio da Maternidade, que, neste pé, tinha apenas tres dos seus actuaes pavilhões, offerecia um aspecto desagradavel, feio como canstrucção e desanimador ao collimar o idéal a attingir.

Desgostoso, dizia-me então, por vezes, o dr. Climerio, repetindo phrases causticantes dos seus collegas da Faculdade: isto... isto até se parece com uma cocheira;.... não vejo geito nisto.>>

E,não obstante, houve geitc... O edificio ahi está dando o que faltar de si, e, segundo o vezo da terra, dando glorias a outrem tambem.

Quando deixei a direcção das obras da Maternidade, os edificios todos estavam concluidos e pintados com a primeira mão de tincia.

O engenheiro Navarro de Andrade, que, por influencia dos srs. Calmons, me substituiu aqui como nas obras da Faculdade, não fez mais do que dar o resto da pintura, e rematar detalhe insignificante. Pois bem, por tão grande serviço que o devia levar á posteridade, mandou esse engenheiro gravar o seu nome em marmore, e o pespegou na frente do edificio, na parte delle mais em evidencia!

No edificio da Falculdade de Medicina que, qua do lh'o entreguei, já estava recebendo pintura interior e decoração, sob o habilissimo pincel de Oreste Sercelli que mandei vir de S. Paulo, fez a mesma cousa; appropriou se de tudo; fez-se autor de tudo, e como tal lá mandou pespegar em marmore, na faxada da bibliotheca, o seu nome extraordinario, que a posteridade não deve esquecer. Não deve esquecer, sim, que esse engenheiro é um prodigio!

Quando, da primeira vez, se me apresentou elle, na Faculdade, para assumir a direcção das obras, fui mostrar lh'as por deferencia a quem me substituia. Confesso:-pasmei de tão extraordinaria ignorancia! O homem não sabia o que era um capitel, e pediu que lh'o mostrassem; não sabia o que era cimento armado. Bati com o pé no pavimento para lh'o mostrar, assim como lhe expliquei o processo para o fazer. Diante da planta, que era uma projecção horisontal do Amphitheatro, apontando-me elle para os bancos e assentos ahi representados, perguntoume Não são as abobadas que acabamos de examina:?>

Não puderam conter-se de hilaridade os circumstantes. Pois bem, cerca de quatro dias depois, esse engenheiro, salvador da technica e da moralidade nas obras da Faculdade, em officio dirigido ao director, dava-me lições de construcção de cimento armado e de tudo mais!! Aprendeu depressa.

Oh! terra bemdicta, esta minha terra!

Não devo deixar estas cousas no esquecimento. Muita gente boa vive aqui de esquecimentos. O vezo é antigo. Depois, esse engenheiro Navarro é typo na especie, aqui muito commum, de engenheiros de obras feitas, e gosta de fazer como certos poetas do tempo de Augusto e de Mecenas, razão porque lhe fica a calhar o famoso «Sic vos non vobis.....» do Mantuano a Bathyllo.

Não estranhem os leitores tanta franqueza, porque a epoca é, para mim, de reivindicações. Eu reivindico, corrigindo a historia. emquanto é tempɔ.

Bahia, 1o. de Novembro de 1910.

Com limguagem violenta, veiu. pelo «Diario de Noticias» e sob o mesmo titulo: «-Maternidade--, rebatendo infames calumnias do homem dos esgotos, o engenheiro Theodoro Sampaio, o Snr. Dr. João Pereira Navarro de Andrade, procurando mostrar competencia e honorabilidade, e a increpar-me da autoria de quatro

e cinco orçamentos para as obras do novo edificio da Faculdade de Medicina.

Respondi ao Dr. Navarro com o artigo seguinte:

O Snr. Dr. João Pereira Navarro de Andrade, engenheiro civil, tal como se exhibiu na imprensa vespertina, veiu, violento e bravio, chamando-me alguns nomes feios e perpetrando uns tantos deslises contra o bom tom.

Não extranhei issc, não. Não li com pasmo o que S. S. escreveu contra as minhas reivindicações nem contra as revelações que fiz de sua competencia e pratica na arte de construir. Já esperava isso mesmo.

O dr. Navarro só uma vez me fez pasmar, e foi quando me perguntou aquellas frioleiras ao assumir, como meu substituto, a direcção das obras da Faculdade. No mais, S. S. é um portento, um colosso: « Arrepiam-se as carnes e o cabello

«A mi, e a todos, sò de ouvil-o e vel-o».

Daquella vez, porém, a cousa foi tão supina que não pude resistir ao desejo de consignal-a officialmente, e assim é que dirigi ao director da Faculdade, que então era o illustre Dr. Alfredo Britto, um officio em que, para pintar a alta competencia do meu successor na direcção daquellas obras, lhe referia a historia do capitel, do cimento armado, dos assentos e bancos confundidos com abobadas numa planta em projecção horizontal e até alludi (que crueldade!) á saida apressada do mesmo Navarro de uma das cadeiras de lente da Polytechnica, sob a pressão dos proprios discipulos.

Esse documento meu, por mim firmado, certamente ainda está nos archivos da Faculdade, sob a guarda do meu illustre amigo, o Sr. Dr. Menandro Meirelles. Si este cavalheiro não fosse tão caridoso ou si l'o não vedassem os regulamentos escolares, certo teriamos a dita de mostrar de publico ao collega amabilissimo a força de suas habilitações, e isso, com todo aquelle sainete de uma chronica recente, feita por autor presencial. Demais, a cousa foi notoria;

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