Pagina-afbeeldingen
PDF
ePub
[merged small][merged small][ocr errors]

Bonifacio é um heroe nas chronicas da Independencia? De que fórma elle surge nas paginas dos historiadores que escreveram os acontecimentos de nossa emancipação politica? Vejamos:

1.0) Em Mello Moraes:

-«<<...A revolução social para a Independencia do Brasil tinha sido preparada antes no Rio de Janeiro e, quando a noticia do plano e movimentos chegou no dia 23 de dezembro de 1821 a S. Paulo e Minas, já os patriotas do Rio de Janeiro tinham dado as providencias para reter a sahida do principe regente e obter delle a franca annuencia do Fico. »

[ocr errors]

<< Conversando eu com o illustrado sr. dr. Candido de Araujo Vianna, marquez de Sapucahy, a respeito do artigo que o « Correio Official » publicou na pg. 607 sobre o patriarchado da Independencia do Brasil, que alguem me havia dito ter sido escripto por elle, respondeu-me que sim, porque José Bonifacio não era Patriarcha da Independencia e que, como presidente do Instituto Historico, não se tinha opposto ao monumento do largo de S. Francisco de Paula, foi por não mover desgostos entre os membros do Instituto e lembrar-se que José Bonifacio, como ministro de Estado na Independencia do Brasil, fez valiosos serviços á causa publica. Que podia ter feito ainda maiores e melhores serviços á nossa patria si a ambição do mando e o desmedido orgulho o não cegassem.» (A Independencia, pg. 168).

- « A independencia estava nos corações de todos os brasileiros; e o seu grito muitas vezes havia chegado aos labios dos que, algumas nobres, mas arriscadas tentativas, fizeram em diversos pontos do Brasil para libertarem a patria da vergonhosa tutela de uma metropole. As circumstancias aplainaram e apressaram esse acto, já impossivel de embaraçar-se por mais tempo; e o brado do Ypiranga foi mais arrancado á necessidade de quem se diz chamar-se autor de uma obra já feita como provam as circumstancias bem conhecidas daquella época.» (A Independencia, pag. 158).

-«Esta carta (a de 24 de dezembro de 1821, redigida por José Bonifacio e que é a base em que seus amigos firmaram o seu patriarchado) foi escripta depois da chegada de Pedro Dias Paes Leme a S. Paulo, enviado do Rio de Janeiro áquella provincia pelo capitão-mór J. da Rocha, Azeredo Coutinho e outros, para ella adherir ao movimento que se promoveu para a ficada do principe e em seguida para a independencia.» (A Independencia, pag. 169).

- «Despertados os animos com as idéas da liberdade civil e politica, José Bonifacio as adoptou propondo movimentos pacificos...» (A Independencia, pg. 253).

- « Pedro Dias chegou a S. Paulo, no dia 23, á noite, e entregando a José Bonifacio os officios, este, no dia seguinte (24), reuniu o governo, e em nome da provincia redigiu o officio em que o governo provisorio mandou pedir ao principe que ficasse no Brasil — cujo officio, conduzido por Pedro Dias de Macedo Paes Leme, foi recebido no dia 1.0 de janeiro de 1822... O principe, por esse tempo, já em relações intimas com os principaes obreiros da independencia politica, tinha marcado o dia 9 de janeiro para o acto solenne, em que a em que a camara do Rio de Janeiro devia pedir ao principe regente que ficasse no Brasil, o que aconteceu no mencionado dia 9 de janeiro, respondendo elle: « como é para bem de todos e felicidade geral da Nação, estou prompto; diga ao povo que fico». Tudo isso se effectuou na capital do Reino

do Brasil sem a presença dos Andradas...» (A Independencia, pg. 257).

- «José Bonifacio, em 1821, não queria o desmembramento do Reino do Brasil do de Portugal, porque, recebendo do erario régio (de Portugal) 18 mil cruzados, (1) não lhe convinha a incerteza com a mudança da nova ordem de cousas politicas; mas sabe-se que seu irmão Antonio Carlos constantemente lhe escrevia de Lisboa, em favor da causa do Brasil. Era então José Bonifacio vice-presidente do governo de S. Paulo, e vindo ao Rio de Janeiro como relator da commissão, enviada pela provincia de S. Paulo, já achando tudo feito, tomou conta das pastas, e deu começo a dirigir os negocios publicos. >> (A Independencia, pg. 258).

- « Desejando servir-me da correspondencia entre os Andradas e o conselheiro Drumond, lhe escrevi, pedindo-lhe a faculdade para isto; e em resposta me disse que eu me servisse della, como me conviesse, em proveito da verdade historica.» (A Independencia, pg. 267).

«Quem não queria a independencia da patria era o conselheiro dr. José Bonifacio de Andrada e Silva, receioso de que os seus interesses pecuniarios, como pensionista do Estado (portuguez), perigassem, si adherisse a qualquer pronunciamento de separação politica; e para concorrer para o movimento que se estava fazendo no Rio de Janeiro, foi instigado por seu irmão Antonio Carlos, que não cessava de lhe escrever de Lisboa, pedindo-lhe em favor da causa do Brasil. » (A Independencia, pg. 101).

Eis ahi o que disse um notabilissimo historiador da Independencia do Brasil, que conheceu pessoalmente os protagonistas de nossa emancipação e que teve em suas mãos toda a correspondencia politica de José Bonifacio e dos Andradas, dirigida ao conselheiro Drumond, redactor do << Tamoyo », jornal andradino:

(1) Cerca de 1:500$000 por mês. Vide o calculo de Varnhagen, na Historia da Independencia, nota da pag. 132.

Quem não queria a independencia patria era o conselheiro dr. José Bonifacio de Andrada e Silva!!

Dirá um membro do Instituto Historico, o sr. Lellis Vieira, por exemplo, que Mello Moraes era apaixonado e escrevia por odio aos Andradas.

Não era tal. Escreveu a historia do Brasil-Reino, da independencia nacional e dos primeiros tempos do imperio do Brasil, baseando-se em numerosissimos documentos e no conhecimento pessoal que teve dos homens, dos factos e do meio. Eis a prova flagrante da imparcialidade de Mello Moraes:

<< A influencia do ministro José Bonifacio na direcção dos negocios publicos se vigorava e crescia em todo o Brasil; e o Principe Regente mostrava por elle a mais terna amizade, chamando-o muitas vezes de pae.

A direcção que o ministro José Bonifacio dava aos negocios publicos em crise tão melindrosa era tão acertada que não deixava flanco para ser combatido. Os ambiciosos voltaram-se para o Principe, cujo caracter impetuoso já conhecião, lisongeando-o, afim de minar por este lado a influencia do ministro. D. Pedro amava a gloria, mas não sabia o que ella era realmente; por isso deixou-se illudir.» (pag. 347).

[ocr errors]

<< A nomeação de Martim Francisco Ribeiro de Andrada no dia 4 de julho de 1822 para o Ministerio da Fazenda foi occasião de engrossar a opposição contra José Bonifacio. A unica razão que se articulava, então, contra semelhante nomeação, era da existencia de dois irmãos no ministerio e ficar assim o paiz entregue ao predominio de uma familia. O caracter por extremo severo de Martim Francisco tambem contribuiu, com correr do tempo, para augmentar a opposição. José Bonifacio, posto que conservasse sempre no desenvolvimento de suas idéas um vigor pouco commum, era na execução dellas benevolente com os homens que elle tolerava, porque não os podia fazer melhores. Condescendia tambem com o principe todas as vezes que este queria cousa que não offendesse os principios cardeaes da governação do

paiz. Era irascivel e flexivel ao mesmo tempo, segundo as circumstancias. Martim Francisco, pelo contrario, não tinha consideração com ninguem: traçava uma linha recta que devia percorrer, quebrando todos os obstaculos que encontrasse no caminho, até chegar ao seu destino, nem com o principe admittia sahir desta regra e não lhe fazia a vontade na cousa mais insignificante, uma vez que não estivesse na rigorosa condição da lei. Definidos os caracteres dos dois irmãos, facil é conceber que a presença de Martim Francisco no Ministerio devia causar alguma mudança, no sentido de maior autoridade, em todos os ramos da publica administração. Martim Francisco, sendo mais moço e casado com uma sobrinha, filha de José Bonifacio, que elle amava ternamente, achou ainda maior prestigio por esta circumstancia no animo de José Bonifacio, fazendo deste modo ainda mais evidente que os caracteres fortes são sempre dominadores. Por algum tempo, Martim Francisco influiu directamente na decisão de todos os negocios publicos.» (Id., pag. 372).

- «O dr. José Bonifacio de Andrada e Silva foi um brasileiro distincto e de reputação europea, como sabio e bom naturalista.

Mas embora fosse um cidadão de profundos conhecimentos e bom literato, a sua conversação familiar, pouco discreta, ou antes livre, não era a mais propria para moralizar e conter um principe fogoso e de habitos desprestigiadores.

Todavia, José Bonifacio prestou relevantissimos serviços ao Brasil, ajudando aos demais obreiros na grande obra da independencia do paiz.

Seu bom coração nunca se fascinou com grandezas. Dispondo de tudo no Brasil, morreu sem titulos, e apenas com uma condecoração dada pela sra. d. Maria I... Sua memoria será com justiça venerada, e seu nome pronunciado com respeitosa sympathia por todos os que amarem a independencia politica do Brasil.

Martim Francisco foi dotado dos mesmos sentimentos patrioticos e de honradez de seu illustre irmão José Boni

« VorigeDoorgaan »