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EXTRA-LIVRO

Nunca tivemos a pretensão da infallibilidade. Sômos humilde criatura humana e, como tal, sujeita a todas as fraquezas e erros. Si o maior dos brasileiros, Ruy Barbosa, diz, recebendo uma homenagem da Camara dos Deputados do Rio, que elle se vê « cheio das fraquezas e das miserias, das culpas e nadas com que se tecem todas as nossas grandezas », (1) que poderemos dizer nós, criatura humilde e insignificante, sem valor, sem posição e sem brilho?

Si em verdade errámos em nossas apreciações historicas (o que não se deu no caso em questão) mereciamos por isso os insultos que nos atiraram certos senhores da sabedoria official? Não. «Uma verdade ha (quem o diz é Ruy Barbosa), uma verdade ha que não assusta, porque é universal e de universal consenso: não ha escriptor sem erros». (2) E outro grande mestre, o egregio professor Carneiro, proclama bem alto:

« Nunca me envergonhou o errar: é condição a que se não póde furtar a caduca humanidade. » (3)

Alexandre Herculano confessava, em carta a Almeida Garret, que de dez em dez annos se transformava sua intelligencia e de novo raciocinava e aprendia. (4)

O grande Assis Brasil assevera que ninguem possue o dom da infallibilidade, parece que nem mesmo os deuses a quem tem sido attribuido com a maior candidez por sabios e nescios de todas as epocas.

(1) Imparcial, 17 de Junho de 1921.

(2) Replica, pg. 29.

(3) A Replica do dr. Ruy, pg. 436.
(4) Opusculos, II, 60.

Assim, pois, quem disser que jamais errou, que não erra ou que não errará nunca, é um nescio. Consciente de nossa desvalia, não temos vaidade. Dess'arte, si os nossos antagonistas se referissem a erros nossos com apreciações e criticas raciocinadas e sinceras, só teriamos motivos para agradecer. Não comprehendemos que se faça critica com insultos e improperios. Quantas vezes não temos errado, e quantas vezes ainda teremos de errar? É da philosophia christã: quem se julgar sem culpa que atire a primeira pedra......

Nosso trabalho tem sido o da colheita em archivos e bibliothecas. E com os materiaes dispersos procuramos construir o edificio historico e philologico. É o que já fez ha mais de dois seculos o sabio diplomata e philosopho Antonio de Souza Macedo, confessando intimo

ratamente:

Mas porque não é licito aos paes negar os filhos, posto que defeituosos: confesso que a architectura é minha e que me parece que nella sirvo como as abelhas fabricando do alheio servem mais que as aranhas tecendo do proprio: Não é pequeno serviço ajunctar o disperso, abreviar o longo, apartar o selecto.» (1)

Ajunctámos o disperso, abreviámos o longo, apartámos o selecto.

Tal já dissemos nas Questões de Português: tal repetimos nestas questões historicas. Não inventamos. Colhemos. Si a colheita é bôa ou má, dirá o publico que lê e julga.

«

Falsificador da Historia! Desclassificado litterario! Cabotino! Charlatão! Ignorante! Idiota! Historicida!». Isso disseram do professor Assis Cintra. E aos aggressores o professor Assis Cintra responde com o julgamento de tres glorias nacionaes: RUY BARBOSA, RAMIZ GALVÃO e ASSIS BRASIL. E ainda com o julgamento da opinião publica, representada pela voz da imprensa desde o Pará até o Rio Grande do Sul.

(1) Eva e Ave, Prefacio.

A apreciação de Assis Brasil abre, como prefacio, o presente livro. A de Ruy e a de Ramiz, bem como a da imprensa do Brasil e do Estrangeiro, são as que ora vamos reproduzir. É a resposta que resolvemos dar aos que nos insultam, esquecendo-se dos mais rudimentares preceitos de civilidade, em vez de nos criticarem raciocinadamente. Que Deos lhes perdoe e não permitta que surja algum dia em sua frente alguem que use tamancos de praiense ou cinturões de arrieiro para lhes dar o troco devido, respondendo a malcreação com malcreação e meia. A nós nos repugna o duelo de injurias. O transeunte educado que passa na rua póde ser salpicado por uns borrifos de lama. Não se perturba, não se preoccupa, limpa os borrifos e prosegue em seo destino. É o que fazemos. Leia o leitor o que ora se transcreve, e julgue o professor Assis Cintra.

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