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Este logar é onde costumam trazer o assucar e outros productos para embarcal-os; o inimigo pode do monte alcançal-o facilmente com o canhão e mesmo atirar alem. Em frente ao Pontal ha uma ilhota a distancia de cerca de um tiro e meio de canhão e entre ambos, os navios inimigos fundeiam para carregar.

A ilhota estende-se meia legua para o Sul até o rio de Ipojuca, que està fechado pelo recife de pedra e que tem sahida pela Barra junta ao Cabo, pois o recife termina do outro lado do rio de Ipojuca, como foi dito acima.

A ilhota é orlada no lado do mar por uma praia de areia, sendo este o unico terreno firme que possue; do lado que olha para terra existem mangues, que se não pode atravessar e pantanos, onde se fica atolado até as axillas. O forte grande, feito algum tempo antes pelo inimigo, está situado no alto do monte junto á aldeia de Nossa Senhora de Nazareth; e descendo dalli achamse montados alguns reductos e baterias e especialmente abaixo na entrada da Barra para impedir o ingresso aos nossos navios. Sendo essa a situação do Cabo e tendo os nossos formado o designio de tomal-o, comp já referimos, partiam com a esquadra sem tocar no Recife (mandando apenas um yacht ao forte do Mar para perguntar se ia tudo bem por lá :) e chegando a 4 de Março na altura do Cabo, mandaram apagar todas as luzes nos navios para que o inimigo não ficasse prevenido, navegaram á noite até muito perto e fundearam a 12 braças d'agua.

Quando começou a raiar o dia, cada uma das esquadras levantou ferro e se esforçou por cumprir o que lhe fora ordenado.

O vento sendo Les-Nordeste com uma briza firme e a maré favoravel ás 7 horas, investiram a barra. O Commandeur com grande zelo e bravura navegou á frente no 't Wapen van Hoorn, os restantes yachts seguindo em ordem, e apezar do troar dos muitos canhões grandes do inimigo, não só do forte como das baterias e do reducto, forçaram a barra sem soffrer damno consideravel; apenas o Zee-Ridder por mau governo, encalhou e foi posto a pique pelo inimigo. Tendo em seguida navegado para o Pontal, passaram as tropas para as chalupas e desembarcaram alli.

O inimigo foi apanhado tão de improviso que depois de atear fogo a alguns armazens de assucar (nos quaes segundo o calculo de alguns havia alem de duas mil caixas) entregaram-se á fuga sem esperar os nossos. O Commandeur, depois de pôr tudo em boa ordem em terra foi com a tripulação dos botes até as barcas e caravelas, que estavam alli em numero de 15, tanto grandes como menores; foram encontradas nellas 1.300 caixas de assucar e alguns milhares de pedaços de pau brazil.

O inimigo, logo que vio a nossa gente chegar, cortou as amarras de um navio grande que juntamente com duas barcas estava prompto a sahir pela barra e só elle tinha 600 caixas e tendo-os levado para perto da bateria puzeramnos a pique; os nossos retiraram ainda de lá uma das duas barcas, a outra ficou virada de um lado e apenas salvaram alguns pedaços de pau brazil.

A outra esquadra com o pavilhão do Principe empregou igual diligencia, mas com menos resultado. O Coronel, tendo passado toda a gente que poude para os botes grandes e pequenos, dirigio-se para a praia, mas achou o desembarque muito mais perigoso do que lhe haviam informado; tambem o inimigo

estava muito forte e tinha um reducto com palissadas, não havendo por alli possibilidade de atacar o inimigo com vantagem. O Coronel não querendo arriscar inutilmente a sua gente, navegou dalli ao longo da costa até quasi o rio Jangada, procurando logar facil para desembarcar. Mas como a praia está em toda aquella extensão guardada por um recife, não achou ponto algum regularmente commodo, e indo mais adiante encontrou tal arrebentação que era impossivel que um soldado desembarcasse sem ficar todo molhado; tambem o inimigo investio gallardamente contra os botes entrando n'agua até a cintura, e havendo alli forte tiroteio de ambos os lados, o Tenente e o Porta Insignia do capitão Everwijn morreram e alguns ficaram feridos. Ao ver isso o Coronel mandou os botes voltarem e dirigio-se para o Sul, com a firme resolução, si não encontrasse possibilidade alguma para o desembarque, de ir forçar a barra, embora tivesse de passar á mercê não só dos canhões mas tambem dos mosquetes, e a nossa gente estando sentada e tão amontoada mal poderia se utilisar das suas armas.

Havendo passado o Cabo e seguindo ao longo do recife (que se estende para o Sul) descobrio no mesmo uma aberta e apezar do mar arrebentar alli com força, entrou por ella com grande coragem e extraordinaria impaciencia de juntar-se á sua gente, chegando assim felizmente onde estava a tropa no Pontal; alguns botes seguiram pelo mesmo caminho. mas os de maior calado não puderam passar.

O Sr. Gijsselingh nesse interim mandou todos os navios da sua esquadra fundear em frente áquella entrada, para ficarem mais á mão, e passando de manhã cedo os soldados para os botes, seguio pelo mesmo caminho e desembarcou no Pontal com uma parte do resto da gente.

Parece que essa aberta não era conhecida antes pelos Portuguezes ou que pelo menos não se utilisavam della; os nossos lhe deram agora o nome de Barreta. E' muito estreita, não tendo mais do que a largura de um navio; com uma maré regular e bom tempo, um yacht que cale seis ou sete pés pode passar de um lado para o outro; encontram-se na sondagem uns dez pés de profundidade.

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No Pontal, já citado varias vezes, o inimigo começara a fazer um reducto de pedra, o Coronel mandou acabal-o com caixões vazios cheios de terra; tinha uma falsa braga e estava provida ao redor de palissadas; as duas companhias foram alojadas nessa posição, os restantes nas casas; á noite montaram uma trincheira mais adiante e em direcção ao monte, servindo de guarda avançada.

A nossa gente estando assim situada alli, o inimigo a 7 de Março. tendo recebido mais gente e os nossos não estando todos desembarcados, (mas iam chegando depressa) quiz fazer uma tentativa para ver se podia expulsar os nossos do Pontal, antes que chegassem os restantes, pois lhe convinha muito a posse daquelle logar. Atacaram os nossos com 1.500 homens, vindo a maior parte da gente pelo matto atraz do pantano, e cahiram sobre os nossos por detraz, no lado em que estavam os navios capturados; e depois que esses deram o alarme, o resto foi assaltar a nossa trincheira avançada, collocando-se entre as duas fortificações e procurando cortar as communicações. Os nossos porta

ram-se ahi muito valentemente, mas o inimigo assaltando com vigor, foi necessario retirar-se para o reducto e quartel.

Ahi rompeu de todos os lados uma luta renhida e feroz, os nossos portando-se bravamente e o inimigo atacando com ardor até o reducto, onde foi galhardamente saudado com mosquetes, assim como com as pecinhas de bronze de nova invenção.

Os yachts ao mesmo tempo prestaram um bom serviço com os seus canhões carregados de metralha, de sorte que, finalmente, os assaltantes foram postos em fuga, perseguidos pelos nossos até uma boa distancia.

O inimigo tinha sempre o costume de levar os seus mortos (para cujo fim se munia de cordas), o que nesta acção não fez, devido á pressa que tinha em fugir e abandonou a muitos, sendo de suppôr que pelo menos perdeu uns 100 mortos e feridos.

O inimigo atirou violentamente com OS canhões durante a batalha, de varios pontos, especialmente das baterias que estavam em posição mais vantajosa; mas causou aos nossos muito pouco damno, apezar do logar se achar tão perto, como já dissemos.

Alguns dias depois o Coronel, com a approvação do Sr. Gijsselingh, mandou uma tropa á noite ao reducto, que o inimigo tinha na praia, a qual cahindo-lhe em cima de improviso, matou 17 e os outros fugiram, sem que os nossos houvessem perdido um só homem.

Continuamos até aqui com esta expedição, para não interromper bruscamente a descripção dos seus successos, agora deixemol-a descançar vamos dar um resumo do que se passou nessa epoca no Recife.

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Alguns dias antes dos nossos emprehenderem a expedição á Parahyba, foram prevenidos pelo Capitão d'Escars, commandante da ilha de Itamaracá, que um certo Portuguez (o qual fôra informado por um desertor) communicara-lhe que o inimigo projectava um assalto ao Recife.

Ainda que o aviso não os demovesse da sua empreza, pois era provavel que o inimigo estando tão perto delles e tendo sabido dos seus preparativos ou informado por um ou cutro espião, espalhasse taes boatos e os divulgasse propositalmente para que renunciassem a empreza, tomaram-no entretanto em consideração e prepararam tudo para a resistencia, deixando em todos os fortes a guarnição conveniente (como já foi dito) e conservando bem preparadas as baterias do Recife.

Após a partida da esquadra o Sr. Mathias van Ceulen de accordo com o Tenente Coronel Bijma collocou como guardas avançadas nos logares, por onde suspeitava mais que o inimigo viesse, dous yachts, o Exter e o OostCappel, providos com mosqueteiros alem da sua tripulação.

A Companhia dos Snrs. Delegados estava até então no Recife, mas como os chefes militares julgassem que o maior perigo recahiria sobre os fortes situados na ilha de Antonio Vaz, foi ella distribuida alli, ficando apenas no Recife as duas companhias de burguezes, que consistiam na maior parte de antigos soldados.

O inimigo notando que o pequeno yacht Oost-Cappel ficava-lhe no caminho e daria alarme muito cedo sobre a sua chegada, mandou um temerario no

A. B. 41-42

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