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que o Coronel teve de ir no bote para animar a tripulação, que de outra forma estava com muito pouca vontade), o inimigo atirou com tanta furia que as barricadas, que os nossos fizeram naquelle bordo do navio, de caixões vazios e pipas cheias de velas e cabos, mal os podiam proteger. No bote ficou ferido um marinheiro, de sorte que ninguem queria embarcar nelle e um outro na caravela, pegando tambem fogo as velas que collocaram para a sua defesa; e o inimigo tinha tanto ardor que não prestava attenção aos tiros dos nossos yachts e das nossas columbrinas. O coronel vendo que a caravela dessa forma não podia ser levada fóra mandou dous botes ao yacht, em que se achava o capitão Baut com os seus mosqueteiros (os quaes não haviam estado no rio), dando-lhe ordem que desembarcasse tanta gente quanto possivel, um pouco acima do inimigo. Elle mesmo foi com os outros dous botes e vendo o capitão Baut largar de bordo, mandou remar com toda a força para o inimigo e veio pelo outro lado com trombetas e grande vozeria de guerra, cahindo-lhes em cima tão ligeiro, que aquelle ficou em tal confusão que não deu mais um tiro contra os nossos, e foi-se embora deixando uma parte dos seus casacos presos nos arbustos e muitas forquilhas fincadas nos parapeitos, e, apanhando-se no matto, nem uma vez ousaram olhar para traz; estavam com elles duas tropas de indios, que não foram os menos activos em correr. O Coronel reunindo-se agora ao capitão Baut fez acampar toda a força na trincheira e mandou todos os botes para a caravela, para rebocal-a até o porto. Depois disso a nossa gente embarcou nos navios e prepararam a caravela para fazerem-se a vela.

No dia seguinte o navio de Katte levou a força para a sua guarnição no Rio Grande e o Coronel passou-se para o yacht Phenix.

se

No 1. de Novembro, pela manhã ao raiar do dia, viram duas barcas de carreira mesmo em frente à barra de Mamanguape; os botes foram immediatamente tripulados e dirigiram-se para ellas, mas cscapou tomando rumo para a Bahia da Traição e a outra, dirigindo-se á barra e passando pelo nosso yacht e caravela foi, dar á praia, onde figiram para terra. A barca estava carregada de vinho; mas antes de abandonal-a, haviam aberto os fundos das pipas, de sorte que os nossos acharam apenas quatro pipas cheias, e do peor vinho e algum pau brasil, que tiraram de lá, incendiando depois a barca. O mau tempo e o mar cavado não permittiam navegar-se com a caravela, pelo que o Corenel, que estava ancioso por chegar, passou-se para o Enchuysen, que fazia guarda em frente á Parahyba, chegando nelle ao Recife no dia 4 de Novembro; e dous dias depois lá foi ter a caravela capturada. Narramos de uma só vez os feitos do Coronel Artichofski, para não misturarmos os varios

successos uns com os outros.

Já referimos no dia 22 de Setembro que o Governador Schuppe e o Commandeur Licht-hart partiram com seis companhias para o Sul, onde entraram e sahiram por todas as barras e voltaram ao Recife, tendo capturado 242 caixas de assucar, uma boa quantidade de pau brazil, 56 barris de polvora, umas 600 ou 800 caixas de assucar queimado, uma boa quantidade de munição de guerra e oito navios e caravelas, que não puderam trazer, porque estavam nos rios e muito distantes da costa.

Em Porto Francez vazaram pela praia chalupas e botes para uma lagôa tão grande como o mar de Harlem e muito povoada com aldeias e casas; mas vamos falar mais amplamente sobre essa expedição. Havendo partido do Recife no dia 22 de Setembro, como já ficou dito, só chegaram no dia 24 ao Porto Calvo, sendo a tropa desembarcada ao lado Sul do rio. O coronel desembarcou alguma gente como da outra vez na Barra Grande, e manteve lucta em caminho com uma força do inimigo, ficando dous dos seus feridos; encontrou-a alem disso devastada, como os nossos a deixaram no anno passado. No dia 26 partio com todos os soldados ao longo da praia para Camaragibe: encontrou em caminho 20 barris de polvora, que deviam ser levados para o Cabo, e não podendo fazel-o mandou-os incendiar. Em Camaragibe subiram o rio no dia 28; e chegando na aldeia encontraram-na deserta, mas conseguiram n'um armazem, situado um pouco para dentro do matto, 54 caixas de assucar e alem disso, no rio, junto a um estaleiro, um barco com 50 barris de bôa polvora, uma quantidade de mechas e algumas caixas de balas de mosquete. A barca foi mandada para o Recife e o assucar foi embarcado no yacht Shuppe.

No dia 30 os soldados foram para bordo dos navios e fizeram-se a vela e navegaram a capa para o Sul. No dia 1o de Outubro tinham o rio de Alagoas tres leguas a Oeste-Noroeste e mantiveram-se com a esquadra para lá, e chegando a uma legua da costa o Commandeur passou-se para o yacht Spreeuw da Zelandia e separou-se da esquadra com mais duas chalupas e dous botes grandes e com uma pequena barca hespanhola, levando comsigo o Tenente Latan com 50 soldados, entrou no rio. Os navios e yachts foram para o Sul, ao longo do recife, ancorar em frente á barra do Porto Francez; e o yacht Hasenwind de Hoorn, Goudt-l'inck de Amsterdam e o l'leer-muys de Enchuysen navegaram por dentro do recife. Os soldados foram embarcados immediatamente nos botes e seguiram para terra, onde os Portuguezes, logo que OS perceberam, atearam fogo a um armazem com 40 caixas de assucar, mas foi apagado pelos nossos. O Sr. Coronel Schuppe estabeleceu tudo em ordem e mandou occupar todos os pontos que davam accesso para alli.

Ao meio dia duas companhias a saber, as dos capitães Picard e Mausveldt, tiveram ordem de ir pela praia, em auxilio do Commandeur Lichthart, até Alagoa, onde chegaram cerca de quatro horas. O commandeur capturou alli quatro caravelas, a saber: uma carregada com cerca de 200 caixas de assucar e uma partida de páu brazil; uma caravela grande cheia de assucar, na qual o inimigo fizera um furo e foi a pique; a terceira tendo oito pipas de vinho; a quarta vazia. Estiveram ainda um pouco mais ao Norte e rio acima e encon traram lá um armazem com 22 caixas de mascavado, onde deixaram uma guarda. A' tarde, na prea-mar, passaram todos os soldados para o lado do Norte do rio, n'um ponto, onde havia uma casa grande; e alli Coronel veio

de Porto Francez reunir-se a elles com 40 soldados, tendo achado n'um canto do rio de Alagoa do Sul, perto do Porto Francez, um armazem com 45 caixas de assucar.

No dia 2 todos os soldados foram transportados do ponto Norte para a ilha, exceptuando 30, deixados para guardar aquella posição. Pela manhã o Senhor Coronel subio o rio n'uma chalupa pequena para o lado do Sul, levando comsigo alguns fusileiros; acompanhavam-no n'um bote grande os capitães Picard e Mausveldt, com 80 soldados; desembarcaram atraz da ilha no caminho de Alagoa do Norte, onde encontraram uma pequena travessa, da qual o inimigo deu alguns tiros sem causar damno. Marcharam depois junto á montanha ao longo do rio até um pequeno povoado, onde o inimigo ateou fogo a uma casa que continha cerca de 60 caixas de assucar, mas como estava perto d'agua foi logo extincto.

Subiram então pela montanha e d'ahi por diante para Alagoa do Norte, aonde chegaram ás 4 horas da tarde; acharam todas as casas vasias tendo OS habitantes levado tudo, exceptuando duas, n'uma das quaes encontraram 20 pipas de vinho, das quaes abriram os fundos, na outra 20 barris de mechas que foram incendiadas. Ao retirarem-se fizeram dous prisioneiros, o padre do logarejo e um indio, os quaes levaram comsigo.

O inimigo fizera fora do povoado para o lado do caminho uma travessa, da qual fizeram alguns disparos e mataram a um sargento fugindo depois para o matto; os nossos seguiram pelo mesmo caminho por onde vieram e chegando ao povoado, incendiaram a casa com as caixas de assucar, da qual haviam apagado antes o fogo, pois não podiam leval-as, e chegaram á noite á ilha. No dia 3, sendo a força desembarcada naquelle mesmo logar, marcharam pelo monte acima no caminho de A'agoa do Norte. No dia 4 uma hora antes do raiar do sol, chegaram lá e pararam um pouco; deixaram a igreja guardada por 30 homens sob o commando do porta insignia do capitão Mansveldt, e seguiram avante para um valle não longe da aldeia em direcção ao norte, onde havia quatro ou cinco casas, as quaes encontraram vasias. Marcharam depois ao longo da encosta da montanha para o Norte como antes e por um caminho estreito atravez do matto, até que chegaram ao alto, onde encontraram um bom caminho, que os Portuguezes frequentavam diariamente com carros de boi, e che garam cerca das 7 e meia ao fim da montanha, onde encontraram um engenho grande, do qual ainda viram os habitantes fugirem por uma ponte quebrada para o interior. Chegando lá encontraram varias caixas de assucar e todas as formas cheias, e alem disso, ao redor, uma grande quantidade de bois, carneiros, porcos, gallinhas e outros animaes; todas as casas estavam vazias e as caldei. ras tiradas dos seus logares. Podiam ver dalli um bom engenho no outro lado do rio e muitas casas noutros logares. Depois de descançarem por uma hora appareceram alguns Portuguezes no outro lado do riacho que passa ao lado do engenho e atiraram fortemente contra OS nossos que lhes responderam do mesmo modo. Nesse entretanto o Coronel Shuppe mandou incendiar o engenho, de sorte que queimou uma grande quantidade de assucar, mas a capella e as outas habitações não foram damnificadas; retiraram-se ás 10 horas. No monte foram collocados em emboscada alguns fusileiros que marcharam durante uma hora e pararam tres horas, vindo ter alli os que ficaram atraz e disseram que os Portuguezes até uma hora depois dos nossos se ausentarem

não ousaram entrar nas casas. Começaram a marchar novamente ás duas horas e chegaram cerca das 5 á primeira aldeia e embarcaram nos botes, dirigindo-se para a ilha. Encontraram muitas ilhas ao descerem o rio. Choveu muito neste e no dia seguinte, quando retiraram as caravelas. No dia 6 chovia ainda; o yacht Spreeuw e o bote foram levados ao lado da caravela e carregados de assucar. O capitão do Gecle Sonne foi mandado com 30 fusileiros ao Porto Francez para trazer pão para a gente.

No dia 7 reinava o mesmo tempo; começaram a trazer o assucar e o pau brazil para a barra e dalli para os navios. Os soldados fizeram varias excursões por alli, mas encontraram as casas vasias, entre as quaes uma boa, abaixo do monte, no rio Alagoa do Sul, com muito gado ao redor. Aprisionaram tambem alguns Portuguezes, os quaes declararam que, si a esquadra que esperavam não viesse dentro de tres mezes, então não fugiriam mais e ajustar-se-hiam com os nossos. Encontraram mais uma barca encalhada, carregada com farinha de trigo e seis pipas de vinho e algumas vasilhas de azeite, das quaes algumas foram retiradas para a ilha em Alagoa.

No dia 8 foram postadas forças nos seguintes logares: a companhia do capitão Picard na extremidade occidental da ilha em frente ao rio que vem de Alagoa do Sul; um tenente para o lado occidental do rio sob o monte junto á dita casa grande e o tenente Latan no meio da costa da ilha direito atraz do caminho, onde havia uma grande quantidade de animaes. A tarde as duas chalupas grandes e o yacht Spreeuw carregado com 100 caixas de assucar, sahiram pelo canal Sul, o qual se estende de Sul-Sueste a Nor-Noroeste, chegando infelizmente fóra e ao escurecer reunio-se aos navios.

No dia 9 estiveram todos occupados em trazer o assucar pelo rio até 0 passo; e uma força trouxe dous portuguezes presos.

No dia 10 estiveram trabalhando activamente no transporte do espolio; o Coronel tambem fez uma expedição com uma força e trouxe á tarde muitos refrescos, carneiros, porcos e gallinhas. De dous botes que procuraram sahir, um virou e dous marinheiros morreram afogados.

No dia 12 sahio o Tenente Latan com 50 homens. No dia 13 incendiaram a caravela e a casa grande e tendo trazido todas as fazendas capturadas, incendiaram as casas e abandonaram a ilha. No dia 14 embarcaram nos botes os capitães Picard e Mansveldt, cada um com 70 homens e remando rio acima. para o Sul, chegaram ao amanhecer á vista da Alagoa do Sul, situada ao lado Sul do rio, n'um monte; alli o rio tem bem uma legua de largura; encontraram lá o capitão Duyvenhoff com a sua companhia em frente ao pantano que se estende diante daquelle; tomaram-no comsigo e dirigiram-se todos juntos para a praia, onde encontraram cerca de 50 Portuguezes de guarda. Esses, depois de alguns tiros, foram para o matto e encontraram todas as casas vasias e nenhum gadɔ. O capitão Duyven-hoff foi deixado ahi com a sua companhia e o resto da força embarcou novamente e navegou acima mais uma legua e meia, onde encontrou muitas casas, mas todas desertas. Apanharam muitos bois, mais do que puderam levar; encontraram tambem numa casa 36 barris de farinha de trigo e uma grande quantidade de peixe salgado e incendiaram tudo. Viram tambem do outro lado varios engenhos de assucar, mas como a

briza soprasse forte e houvesse resaca, não puderam atravessar nos botes com os soldados.

Era um grande lençol d'agua e não viam alem disso outra sahida, a não ser a Noroeste um braço do rio de bellissimo aspecto. A força marchou novamente dalli para Alagoa do Sul. Os botes tomaram em caminho uma barca, carregada com queijo, farinha de trigo e outros viveres; tiraram alguns queijos da barca e destruiram o resto, abriram-lhe rombos e deixaram-na afundas em quatro braças d'agua. A' tarde chegaram todos juntos á a'deia e des cançaram, pois a gente estava fatigada; calcularam haver subido quatro leguas acima pelo tio. No dia 15 pela manhã embarcaram-se nos botes e a maior parte dos soldados foi transportada adiante do pantano e marcharam pelo caminho que de Porto Francez vai ao rio; chegaram lá cerca do meio dia e foram todos para o acampamento do capitão Picard e ficaram alli nesse dia. Nos dous dias seguintes estiveram seinpre occupados em trazer as fazendas capturadas para os navios.

No dia 19 estando tudo embarcado, tendo sido a força levada para bordo e os prisioneiros soltos fizeram-se a vela cerca da tarde. Tendo estado no dia 20 cerca de seis leguas ao Sul de Porto Francez e junto a Terra Vermelha do Rio S. Francisco tiveram no dia 21 Ponto Mesurado tres leguas a Oeste; e ao meio dia a ponta do Rio S.to Antonio quatro leguas ao Norte quarta de Noroeste; e á tarde Camaragibe a duas leguas a Nor-Noroeste. No dia 22 tinham Porto Calvo duas leguas a Oeste e passaram ao meio dia em frente a Barra Grande, e á tarde Rio Formoso estava a Oeste; fundearam no dia 23 de Outubro no porto do Recife e desembarcaram os soldados. Vamos agora dar noticia de alguns successos, que adiamos para não fazer menção separada dessas duas expedições.

No dia 29 de Setembro chegou da Republica o navio Hase de Hoorn, com o conselheiro politico Balthasar Wijntjens, juntamente com a companhia do capitão Philips Loduwijcksz. du Thier: o Sonne-blom de Amsterdam, com a companhia do capitão Pieter Femmisz, o navio fretado St Jacob da Camara de Groeningen, com 82 soldados e alem disso viveres e munições. No dia 2 de Outubro chegou o Commandeur Smient no yacht Katte do seu cruzeiro em frente á Parahyba e trouxe noticias daquella região, juntamente com uma planta da costa e da praia adjacente, segundo o que poude observar de longe. Referio que a praia onde os nossos desembarcaram anteriormente estava guarnecida ao longo com reductos; que o inimigo estava regularmente provido de botes; e que por varias vezes chegando um pouco mais perto da praia para examinar tudo bem, estivera em perigo de ser aprisionado. Por esse motivo foi-lhe dado o pequeno yacht Leeuwerck para poder approximar-se e retirar-se facilmente da costa.

E o Commandeur voltou no dia 3, assim como o Kemphaen foi para 0 Rio Grande com os necessarios soccorros. No dia 4 chegou o yacht Schuppe mandado pelo Coronel e Chefe com as fazendas capturadas n'um patacho e numa barca, a saber 54 caixas de assucar, 58 couros. 12 pacotes com mechas, 50 barris de polvora, 16 caixas com balas. Com aquelles barcos foi

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