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Para não permanecer parado e preparar tudo para o assalto da praça o Coronel montou a 11 de Março um forte reducto situado á distancia de tiro de mosquete da mesma; junto a um logar chamado Passo do Fidalgo, (onde o inimigo incendiara uma boa casa) para dominar por meio delle o rio de Affogados pelo qual deviam transportar para lá os canhões e todos os recursos. Este reducto ficou prompto poucos dias depois e fizeram uma bateria onde montaram dous canhões que foram os primeiros a saudar o forte Real; foi chamado o reducto do Major Hinderson e está marcado na carta com a lettra C.

Os inimigos, antes de virem os canhões, deram-lhe um assalto e escaramuçaram bastante, mas foram repellidos e perderam no combate (segundo disseram os desertores) oito homens e levaram muitos feridos para o forte; os nossos tambem tiveram alguns feridos, mas Deus seja louvado nenhum morto.

Este reducto mal estava acabado quando cahio tanta chuva que por alguns dias não se poude trabalhar nele. Apezar disso o Coronel tratou no dia 23 de Março de construir um outro no outro lado do Real em certo outeiro, chamado do Conde, situado a distancia de tiro de canhão do forte e trabalhou tanto nas trincheiras que a gente ficava encoberta por ella. Mas como a chuva continuasse a cahir impiedosamente e o Coronel visse que se não podia perder tempo e tambem que tendo o inimigo no entretanto tanta gente quanto elle, não poderia occupar o logar com vantagem, retirou a sua gente dalli e mandou-a marchar para o quartel, e elle proprio se dirigio com algumas companhias para reconhecer um outro logar junto do forte. O inimigo fez então uma outra sortida e deu um vigoroso assalto, ficando mortos muitos dos seus e levando muitos feridos; os nossos tiveram nove feridos, dous dos quaes morreram depois.

Isso succedeu no dia 24 de Março. O reducto foi terminado depois disso com grande combate e derramamento de sangue e dominava completamente o forte, ainda que a tão grande distancia que não podiam attingil-o com mosquetes; foram montados nelle um canhão de meio calibre e mais dous de bronze, atirando 12 libras de ferro que causaram grande damno ao Real e arruinaram quasi todas as casas. Foi chamado reducto do capitão Verdoe, e está cado na planta com a lettra B.

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Depois disso foi construido mais um reducto ao alcance de tiro de pistola do forte, o que incommodou tanto ao inimigo que quasi arrebentou de despeito; não ousou, todavia, durante dous dias atacar ou embaraçar as obras, receando as companhias que o esperavam ao sahir.

Mas, no terceiro dia, como o Coronel, quando estava dentro delle, houvesse recebido um tiro de espingarda no braço e fosse levado ao quartel de S. Pantaleão para fazer o curativo da ferida e depois de lhe applicarem o apparelho tivesse de guardar o leito, o inimigo, suppondo, assim parece, apanhar os nossos descuidados, fez uma grande sortida, travando-se furioso combate. O Coronel estando no quartel deitado na cama e ouvindo as terriveis descargas de mosquete e canhão, poz-se de pé, saltou como estava para fóra do quarto e encontrando na porta, já sellado, o cavallo do conselheiro politico Stachouwer montou-o depressa e galopou para o reducto. Chegando lá encontrou mortos

o seu tenente Reedt, o Capitão Payman e mais outros, e apenas seis homens se achavam dentro, mas empregou tal esforço em reunir a gente e fazer atacar o inimigo, que este em pouco tempo se retirou para o forte sem olhar nem uma vez para aquella fortificação. Logo que ficou prompto, mandou o Coronel collocar nelle dous morteiros, que em quanto duraram as granadas, atirou-as para dentro do forte, e (ainda que causassem pouco damno, porque sendo mal feitas custavam a arrebentar e davam tempo aos sitiados para evitar o logar em que cahiam) prestaram entretanto este serviço que os soldados do forte com medo das granadas e dos canhões, tinham de se esconder em subterraneos e peor, pois, do que n'uma prisão; este reducto chamou-se Capitão Ernestus, e está marcado na carta com a lettra D.

Montaram ainda um quarto reducto, com o nome do Capitão Christiaensz, marcado na carta com a lettra E, situada em baixo entre as arvores, apenas á distancia de tiro de mosquete do forte Real, sendo alli por algumas semanas, mantidas sentinellas ao sereno, na relva e na chuva, as quaes diariamente escaramuçaram com os sitiados, pois o inimigo não vendo os nossos, sahia para tentar alguma cousa contra uma ou outra fortificação. Todos esses reductos e obras foram executados en.quanto o Coronel não tinha comsigo mais de 800 homens. Aconteceu nesse entretanto, no ultimo de Abril, que o Conselheiro Politico Ippo Eysseus em Itamaracá foi informado que um Portuguez e alguns indios de Albuquerque fôram mandados para retirar alguma polvora que estava escondida no engenho de Manuel Pires Correia e como este engenho fosse situado na Parahyba, Eysseus avisou o seu collega o conselheiro politico Carpentier e ambos exerceram tanta vigilancia que Eysseus aprisionou o Portuguez com os dous indios, os quaes já haviam retirado seis barris. Carpentier fez dar tal busca no engenho que foram descobertos mais 14, alguns dos quaes eram tão grandes como meios tonneis; e isso causou grande atrazo a Albuquerque que poderia facilmente com ella emprehender qua'quer cousa contra um ou outro dos nossos acampamentos.

O Coronel depois disso tendo recebido mais 400 homens e tendo agora comsigo 1.200 resolveu mudar o seu acampamento de S. Pantaleão e postar-se um pouco mais proximo do forte, para estar sempre à mão e apertar ainda mais o assedio.

O boato que o inimigo marchava por dentro do matto para fazer levantar o cerco foi o motivo porque o Coronel pedio aquelle reforço. Esse acampamento estava situado a um tiro de mosquete do forte entre o reducto no Passo do Fidalgo e o do Capitão Ernestus. Tinham ahi a vantagem de que os coqueiros e bananeiras que estavam á sua frente encobriam-nos do inimigo e estavam tambem protegidos, mas muito pouco, por um terreno alto. Este acampamento está marcado com a lettra F.

No dia 15 os sitiados procuraram fazer sahir um e alguns da sua gente para que os viveres durassem mais tempo, mas como o Coronel os percebesse, foram repellidos com perda e entraram novamente. Finalmente fizeram um quinto reducto no outro lado do forte, e apenas a distancia de um tiro de pistola, pelo que o inimigo ficou completamente cercado e não ousou

mais pôr o pé fóra da porta; este toi chamado reducto do Capitão Tourlon e-está marcado na costa com a lettra G.

Todos esses reductos eram feitos no lado que enfrentava o inimigo a prova de tiro de canhão e por dentro estavam revestidos de altas paliçadas enterradas entre as banquetas e parapeitos e tão ligados que não havia possibilidade de assalto ou de tentativa de escalada ou de serem cortadas a machado. E' facil de imaginar com que diligencia, trabalho e perigo foram feitos, porque, embora as paliçadas e fachinas já pudessem ser levantadas, eram, no emtanto, precisas muita paciencia e bravura, para fazer taes obras tão perto do forte do inimigo, qual de vez em quando as notava e atirava furiosamente contra ellas; e tudo devia ser feito antes de amanhecer para que pudessem se defender nellas de dia. Era tão rigorosa a vigilancia mantida pelos nossos, o proprio Coronel rondando tão frequentemente ao redor do forte que muitas vezes as sentinellas exteriores do inimigo foram surprehendidas e mortas. O inimigo vendo-se tão estreitamente sitiado e apertado, sem esperança alguma de ser levantado o cerco e de se libertar, pedo para entrar em negociação, mas como desejasse primeiro fallar com 0 seu general ou mandar-lhe um emissario, foi-lhe absolutamente negado, e recomeçou de ambos os lados violento fogo. No dia seguinte pedio um dos quatro moradores portuguezes, que indicava, fosse fallar com elle, o que lhe foi concedido, porque a gente conhecida estava vivendo sob o nosso dominio e a guerra no entretanto progredia; um delles foi chamado mas desculpou-se por estar doente. No dia 7 de Junho mandaram os sitiados dous capitães para tratar da capitulação que finalmente ficou estipulada no dia 8 de Junho (depois de um cerco de tres mezes) do nodo e condições seguintes:

Assento e condições que pelo Presidente, Governador e Conselho no Brasil, por parte das Nobres e Altas Potencias os Senhores Estados Geraes das Provincias Unidas Neerlandezas do Serenissimo Principe de Orange e da Companhia Geral e Privilegiada das Indias Occidentaes, são concedidas ao capitão André Marim, Lugar-tenente e Capitão General de Artilharia do Forte Real de Pernambuco.

1. O Governador, o capellão-mór, os capitães e mais officiaes, e soldados pagos pelo Rei, sahirão livremente com as suas armas a toque de tambor, morrão acceso, bala em bocca e amontoadas, as caixas cheias de polvora e as companhias levando as bandeiras desfraldadas. Levarão a sua roupa, macas e 0 mais que pertencente fôr a seus corpos, tanto quanto possam transportar hombros; aos capitães, porém, concede-se que 15 negros carreguem-lhes a bagagem.

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2. Todos os officiaes e soldados assalariados pelo rei embarcarão para as Indias da Castella ou para a Ilha terceira ou para a de S. Miguel ou a da Madeira, e para este effeito lhes forneceremos mantimentos e navios com a precisa capacidade, sendo os doentes enviados com seus cirurgiões e os medicamentos que por nós serão ministrados; com condições, porém, que, para garantia da equipagem e dos ditos navios, se deixará em refens o capitão Gomes de Abreu, que nos obrigamos a fazer transportar para o logar dos que neste

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