ARGUMENTO DO CANTO SEGUNDO Instigado do Demonio pretende El-Rei de Mombaça destruir os navegantes; dispõe-lhes traições debaixo de fingida amizade; apparece Venus a Jupiter e intercede pelos Portugueses; e elle lhe promette favorecel'os, e The refere, como em prophecia, algumas façanhas dos mesmos no Oriente em sonhos apparece Mercurio ao Gama e lhe adverte que evite o perigo de Mombaça : leva ancoras, chega a Melinde, cujo Rei o recebe, e hospéda benignamente. OUTRO ARGUMENTO Dar El-Rei de Mombaça o fim prepara Já neste tempo o lucido planeta (1), Lhe estava o deos nocturno a porta abrindo (3), A's náos, que pouco havia que ancoraram. II D'entre elles hum, que traz encommendado (4) «Capitão valeroso, que cortado Tens de Neptuno o reino e salsa via, (1) Foi ao pôr do sol do dia 7 de abril de 1498, quando a armada chegou a Mombaça. Lucido planeta, é o sol.-(2) Meta, ou fim apparente da carreira diaria do sol.-(8) Erebo, casado com a noite e porteiro do sol, quando se recolhe á casa de Tethis-o mar. Ha quem affirme que é um rio do Inferno. — (4) Um dos que sairam de Mombaça para falar a Vasco da Gama. III E porque está em extremo desejoso Entres a barra, tu com toda a armada; IV E se buscando vás mercadoria V Ao mensageiro o Capitão responde (6), E diz, que porque o Sol no mar se esconde, (5) Rigido, por ser difficil de quebrar. Chamam-lhe os Gregos adamas, que significa: indomavel. - (6) Como Vasco da Gama cuidava haver christãos na terra, como lhe affirmava o piloto, estava disposto a entrar a barra na manhã seguinte. VI Pergunta-lhe despois, se estão na terra VII E de alguns que trazia condemnados (7) VIII E por estes ao Rei presentes manda (8), (7) Vasco da Gama levou do reino alguns condemnados para delles se servir em casos duvidosos, como este. - (8) O rei de Mombaça sabia dos acontecimentos de Moçambique, e, para vingança, mandou a bordo dois mouros, fingindo-se christãos. Por estes é que enviou os presentes trazidos do reino. |