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TIPOGRAFIA LUSITANIA Rua da Picaria, 73- PORTO

UNIV. OF

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EMPRESA INTERNACIONAL EDITORA

Lisboa Porto - Coimbra - Rio de Janeiro

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SLD-132, R. do Ouro, 138-LISBOA

1921

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zulf 5/02/91

HISTÓRIA

ᎠᎪ

LITERATURA PORTUGUÊSA

INTRODUÇÃO

Sumário: 1. História da literatura; seu âmbito: situação geográfica, raça, tradição e meio.-2. Sentido em que aqui se emprega.-3. Antologia portuguêsa. — 4. Divisão da história da literatura portuguêsa. — 5. Critério desta divisão. - 6. Esquema geral.

1.- História da literatura; seu âmbito. Estudar a história da literatura dum pais é estudar os documentos em prosa ou em verso apreciáveis pelo seu valor intrínseco ou pela sua fórma; é conhecer a vida dos homens que os escreveram, especialmente na parte que ela ajuda a entendê-los e interpretá-los. Neste sentido não é, no fundo, senão uma face e uma parte da história geral, mas é talvez aquela que melhor e mais completamente traduz o génio e os costumes duma nação, o espírito, o caracter e as tendências duma sociedade 1. As literaturas, como as linguas, que lhes servem de instrumento, sam verdadeiros organismos sujeitos a fases de origem, desenvolvimento e decadência. Como manifestação da vida dum povo acompanham este na sua actividade histórica. A formação embrionária dum país, a sua situação geográfica, o clima, a raça ou raças que entraram na sua constituição, bem como as suas lutas e conquistas, o progresso ou retrocesso na marcha geral da sua existência, as glórias que o coroam, as amarguras que o contristam, numa palavra o palpitar de toda a sua vida, vam reflectir-se na obra dos seus filhos mais ilustres. Assim, estudando a situação geográfica do nosso país, a sua extensa costa marítima povoada de portos e em admirável posição para ser um entreposto universal, as suas múltiplas variedades de relevo e de terrenos, a sua rica fauna e flora, tudo isto dispondo-nos e encaminhando-nos para a vida maritima e colonial, tornando-nos ao mesmo tempo aptos, pela variedade de recursos, para o desenvolvimento duma bela civilização 2; atendendo por outro

1 Petit de Julleville, Hist. de la lit. franç., ch. 1.

2

Poinsard, Le Portugal Inconnu, Paris, 1910, pág. 9.

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1533 1921

lado ao fundo étnico, que é um misto do «cruzamento complicadissimo de selvagens da época quaternária com ibéros, ligures, fenicios, celtas, cartaginêses, romanos, suevos, godos e árabes predominando, ao que parece, os velhos troncos ibéros modificados pelos elementos arianos; tomando ainda em linha de conta a tradição e o meio, que nos fornecem uma grande quantidade de ideas e inspiram muitos dos nossos costumes impondo-se-nos ás vezes despoticamente, embora quási sem nós darmos por isso, melhor compreenderemos as grandes fases literárias do nosso país e as suas figuras mais representativas, pois que assim temos estudado os grandes factores donde derivam as carateristicas do nosso povo: o factor geográfico o meio, o factor etnográfico a raça, o factor psicológico-a educação.

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2. Sentido em que aqui se emprega. Considerada sob êste ponto de vista a literatura é rigorosamente o que lhe chamou De Bonalda expressão da sociedade. Mas não é sob este aspecto amplo e lato que aqui a estudamos; se o fosse equivaleria a termos de mencionar todas as manifestações do espírito, todos os conhecimentos humanos expressos pela palavra escrita.

O termo literatura toma-se aqui num sentido mais restrito, como sinónimo de Humanidades ou Belas-Letras, compreendendo sobretudo o estudo da Poesia, da Eloquência e da História. Uma história da literatura portuguêsa deve, pois, registar, embora de fórma sucinta, todas aquelas individualidades que se tornaram notáveis pelos seus escritos, em prosa ou verso, sobre qualquer daquelas espécies ou nas suas congéneres-a crítica, a filologia, a arqueologia, o romance, etc., etc. Não compete a um trabalho desta ordem mencionar tudo quanto em língua portuguêsa foi escrito desde as origens até nossos dias. Essa função pertence antes ás Histórias literárias e aos Dicionários bibliográficos, como sucede para o francês com a Histoire littéraire de la France iniciada na primeira metade do séc. XVIII pеlos Beneditinos, para o italiano com a Storia della Lit. Italiana de Tiraboschi, como o fez Teuffel para a Literatura Latina, como o sam para nós a Biblioteca Lusitana de Barbosa Machado ou o Dicionário Bibliográfico de Inocencio da Silva, etc. Repetimos estudámos a Literatura como sinónima de Belas-Letras abrangendo o que provoca evocações imaginativas, excitações sentimentais, emoções estéticas, no dizer de Lanson. Isto é o essencial. Podem advir-lhe acidentalmente

1

Sylvio Romero e J. Ribeiro, Compêndio de história da Lit. Brasileira, Rio de Janeiro, 1909, pág. xxxvI. 2 L. Poinsard, Ob. cit., 16.

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