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MEU Professor de Botanica, João de Andrade Corvo, que em suas licções na Eschola Polytechnica de Lisboa não tratava só de assumptos phytonomicos, mas aproposito de vegetaes discursava de omni scibili, á similhança do que practicavam na Eschola Medico-Cirurgica o Professor de Anatomia Dr. Thomaz de Carvalho, o Professor de PathologiaExterna José Antonio de Arantes Pedroso, e na aula de Obstetricia o Professor José Eduardo Magalhães Coutinho, circumstancia notavel esta, que no exercicio da cathedra lhes outorgava fóros de verdadeiros encyclopedistas, e que dava em resultado a producção de alumnos muito illustrados, entre os quaes por meus

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minguados dotes eu constituia a unica excepção, — João de Andrade Corvo disse-nos uma vez, aos meus condiscipulos e a mim, não me lembra já-'gora a que proposito (mas o inclito Mestre sabía tornar apropositadas sempre as suas interessantissimas digressões), disse-nos uma vez que o Poeta d'Os Lusiadas, especialmente conhecido pela sua immortal Epopéa, não merecia menos a attenção dos criticos e o applauso dos admiradores pela sublimidade incantadora das suas poesias lyricas, pouco estudadas aliás e pouco vulgarizadas, mas formosas sobremaneira, formosas e delicadas e altamente conceituosas, preciosas sobretudo para quem nellas quizesse explorar e interpretar vasto manancial de subsidios auto-biographicos.

Nunca mais me esqueceram aquellas sentenciosas reflexões do erudito Professor. E, sempre que vejo tomar alguem o incargo de concorrer para a divulgação da Lyrica de Camões, sinto me jubilosamente dominado por uma corrente magnetica de instinctiva sympathia para com o benemerito que dirige seus passos nesse delicioso campo, em que o maior poeta de Portugal fez vibrar as fibras sentimentaes do seu coração.

Trasladando para versos francezes, e castelhanos tambem, algumas das mais mimosas lyricas em que se desintranhou a lyra camoniana, o Professor José Bénoliel hoje cidadão portuguez- acaba de prestar ás lettras do seu paiz adoptivo um serviço relevantissimo, e tanto mais relevante quanto é certo que rarissimas vezes tem o verso francez logrado reproduzir alguma d'aquellas suaves composições.

Nos tempos que ora decorrem, -tempos em que o sentimento do lyrismo parece de quando em quando adormecido, como se o dominasse (não sei por que malefica influencia!) a perversão do bom-senso e do bomgôsto, cresce de ponto a opportunidade para os lavores a que o supra-citado traductor intendeu dever consagrar algumas horas de sua existencia.

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