falla ao Rei com grande presumpção de seu feito, dizendo na oit. 83 Verás, Senbor, que nesta acção se encerra Quanto grande alequi tem visto a Terra. na mesma oitava lhe falla no sublime Alcaçar da Memoria, na 88 falla-lhe no Imperio de Amphitrite; e na 91, depois de breve relação da viagem, e mettendo-lhe á cara como por engôdo, os altares do alto Templo da Gloria, pede-lhe Piloto, e offereceThe alliança com o Rei de Portugal: o de Melinde, que era bom Homem, acceitou de boa-mente a offerta, prometteo Piloto, e levou o Gama para a Mesa. E condemna R.de Epico o divinal banquete de Thetis, (que he puramente Poético) e apresenta o Gama em banquete com o Rei de Me. linde, á similhança de Homero a Ulysses com o Rei Alcino; e contra a verdade Historica e sabida, porque o Gama não foi a terra; e sem necessidade, nem prestigio Poetico, mas só por mingoa do Poeta! Do CANTO 8.° LEvantada a Mesa pede o Rei de Melinde ao Gama que lhe conte མ་ a Historia de Portugal, e elle come. ça na oit. 4.a Do grande Reine o quadro portentoso ·Descrever seus brazões a estranhos toca Que be suspeito o louvor na propria bocca. eis-aqui agora o que elle diz na oit. 4 do 3. C. da Lusiada, Que outrem possa louvar esforço alheio Cousa he que se costuma, e se dezeja, Mas louvar os meus proprios arreceio Que louvor tão suspeito mal me esteja &c. Mas viva a originalidade. Na oit. 5.a continúa o Gama do R.de Epico, Mas sabe, ó Rei, que em clima affortunado Onde jamais a Primavera cessa, E o que ao Norte he balisa ao Sol dourado Do Cancro acceso Circulo atravessa ; No mais Occidental, e extremo tadoOnde a Europa termina, e o Mar começa Faz, sem muita extensão, do Luso a terra, Mas grande sepre em paz, grande na guerra. Os primeiros dous Versos encerrão o desproposito de dizer que em Portu gal jamais cessa a Primavera, quando alias são entre nós mui sensivel mente divididas, e regulares todas as quatro Estações. O 3. e 4. • Versos são mal imitados dos primeiros da oit. 6. do 3.° C. da Lusiada, Entre a Zona que o Cancro senhorêa, Meta Septentrional do Sol luzente &c. e os ultimos quatro tambem o são da oit. 20 do mesmo Canto da Lusiada, Eis-aqui quasi cume da cabeça Deixemos por brevidade o insulsissi mo resumo que faz o Gama da His toria de Portugal, por bocca do R.de Epico, com outras miseraveis imitações da Lusiada; porem note-se ao menos que, chegando á cathastrophe de Ignez de Castro, diz na oit. 25, در Este foi Pedro: hum idolo querido Ora bem cruel, terrivel, miserando, e infando he escrever assim, e aboc canhar Camões! Todo o Mundo, que lê, conhece Ignez de Castro pelo belissimo Episodio da Lusiada, e eu não devo deter-me em mostrar o que todos tem visto; mas dezejava que esta oitava, e as seguintes, como todos os muitos lugares em que o R.de Epico se encontra com Camões, fossem cotejados: eu tenho mostrado parte de suas imitações, que são tão ruins como continuadas, e eis-aqui mais a oit. 29, O forte Heroe do campo Marathonio Que as campinas do Arbella em sangue còalba ; mas não se diz coalbar em sangue Aquelle que nos campos Marathonios Nem o Mancebo Cocles dos Ausonios, Accabada a arenga, vai o Gama dormir para bordo, e o Rei lhe dá Piloto, com o qual se faz á vela para Calecut; em cujo rumo havendo navegado 22 dias, na oit. 59 adormece, na 60 torna-lhe o Infante em sonhos, na 61 diz-lhe outra vez que tem busto de bronze no Alcaçar da Fama (frioleira que, segundo as oitavas do R. Epice, nunca esquecia ao Santo |