2. A VOZ DO DESENGANO ΝΟ Quel' erreur a pu fair' se vanter les humains? Nem já respiro! O sangue gela-se! E frigido suor me banha as faces! Que insolita visão, que estranho assombro Virá a mirrada mão da morte fria Virá sanhudo monstro, vil sedento Certo não; -que de horror amedrontado Devera succumbir, jazer em terra. Não: - que um segredo occulto inda sustenta OMINGO 10 DE OUTUBRO,) 2 Quem me falla és só tu, Principio eterno; Tu, Lei do coração, e Lei divina; Tu, que minha alma adora, e que eu respeito, Religião sagrada. És só tu, quem por voz da Natureza Este santo temor, temor celeste, Que quasi a luz me rouba. A trombeta fatal, que o mundo atroa Me brada ao coração. · O pensamento D'esse pod'roso Deus, Auctor do mundo, Horrisona troveja a meus ouvidos A temerosa voz.- Meus pés se prendem. (( Que soão não sei d'onde: - Vem cá, cego mortal, contempla affouto, Nunca vistas por ti, no sacro monte, « Maravilhas sem conta. - Vê que é nada « Todo o poder dos homens. «Respeitoso depoem ante este portico « Vê tua mesquinha sorte, e vê teu nada Na hedionda caveira retractado; "O que és, o que has de ser, e o que já foste, « Pó tudo, e tudo cinza. «Entra n'essa vereda;-ávante segue «Dirige sem pavôr os passos timidos « Não podes vêr tranquillo, ao Céu erguidas, «Quantos collossos vês nascer da terra, « Vê que espectros não são, mas são gigantes, «E são quasi immortães, e quasi eternos, « Dos sec'los sentinellas. « São todos portentosos monumentos, Callou-se, e fiquei mudo. Alli sómente E a voz assim prosegue: Vai-te ao santo mosteiro, e pára um pouco. Quando entrares nas lobregas abobadas, «De rugosa cortiça revestidas, « Olha com quem deparas! << Suppozeras talvez um monge vivo -)} « Ao lado teu em pé mandar callar-te. - Crêras a voz ouvir-lhe, e surda, e rouca «Sumir-se pelos cláustros. << Imagem do silencio a quantos entram « A figura, que vês, impoem silencio; « E perpetua mudez nos labios d'ella « Visita o Dormitorio taciturno; « Solidão só ;- que outr'ora já moraram « E corre aquella porta : — e sem curvar-te « Não prosigas. Ao Deus, que o mundo rege « Tua altiva serviz humilde curva, «E curva teus joelhos: « Eis do Senhor o Templo.-Não se elevam << Em marmoreo pillar dourados bustos : « A graça divinal, que o céu derrama, « Unica aformosea-o. << Arrependido chora Pedro Santo, Eu quiz então sumir-me; e foi debalde- Esse terrivel Echo.. << Contempla os Passos Santos: pasma, e treme «Junto d'essas Ermidas: - deixa o pranto Correr de dôr, e magoa. « Olha como no chão dormindo jazem «Os carcomidos troncos: já cançados <<< Pelo muito viver, alfim vieram «Gastados arrojar-se. << Tu has de anniquillar-te, mas o tronco << Reinando sobre os tempos.—» O' maga soidão da Sacra Ermida !!!... Porêm onde estou eu?!!... Sobre esta roxa Ninguem me brada já ?! - E o som medonho Que me guiou, callou-se?! Es, ó Calvario, tu que alevantado Vejo o convento estar na fralda assente; E muda-se o matiz de folha a folha; E tremúla a ramada; o sol lampeja; De varia côr se rasga a olhos ávidos Estranho, ignoto quadro. |