។ A luz de tantos bellos apagar-se ? Na força desta furia accesa e brava Fingindo se arrepende do passado, Usa de mil lisonjas, mil enganos, Não faças mentirosa a natureza Que se pode alcançar d'essa belleza, Volve esses olhos ja com mais brandura; Como do rôgo meu não te aproveitas, Os raios desses olhos ja serenos Que gôsto podes ter de maltratar-me, Vendo-me do passado arrependido? Ah persido amador! deixa o teu erro. Vendo o cruel, emfiun, que o que dizia, Tomava a bella virgem por affronta, E que quanto d'amor mais se accendia, Ella delle fazia menos conta; No concavo arco que na mão trazia, Huma setta embebeo d'aguda ponta, E o peito lhe passou de banda a banda. Assi rendeo o esprito a virgem branda. Vae-te, Esprito gentil, desta baixeza; As azas abre ja, ja a luz derraina; Vôa com desusada ligeireza Onde o teu Bem t'espera, onde te chama. Verás baixa do mundo a mór alteza; Verás qu'engana mais a quem mais ama; E lá do teu Amor, ca suspirado, O fructo colherás tão desejado. |