AURELIO. Isso he certo? AMPHITRIÃO. E manifesto: E tudo tēe ja por seu Adúltero e deshonesto: Têe-me tomado o meu gesto, E faz-lhe crer que sou eu. AURELIO. Contais hum caso d'espanto! E pois não podeis entrar, Defendei-me por em tanto, Que eu hei lá de chegar Para ver quem póde tanto, AMPHITRIÃO só. Se ver deshonra tão clara Me não tivera o sentido Totalmente endoudecido, Que gravemente chorára Ver tão grande amor perdido! E quando vejo a verdade Do nosso amor e amizade Desfeita com tanta mágoa, Enchein-se-me os olhos d'ágoa, E a alma de saudade. Assi que quiz minha estrella, Para nunca ser contente, Que agora, estando presente SCENA VII. Amphitrião, Aurelio, Belferrão e Sosea. AURELIO. Oh estranha novidade! Oh cousa para não crer! BELFERRÃO. SOSEA. AURELIO. AMPHITRIÃO. AURELIO. Maravilhas tão estranhas, Que me treme o coração. Porque aquelle homem, que assi Tantos enganos teceo, Como era cousa do Ceo, Tanto qu'eu appareci, Logo desappareceo. E em desapparecendo Coin ruido grande e horrendo, Toda a casa allumiou ; E de arte nos inflaminou, Que nos vimos acolhendo Do raio que nos cegou. Estes acontecimentos Não são de humana pessoa. Vós ouvis a voz que soa? Escutae, estae attentos; Vejamos o que pregoa. JUPITER, de dentro. Amphitrião, qu’em teus dias Vês tamanhas estranhezas, Não t'espantem phantasias, Que ás vezes grandes tristezas Parem grandes alegrias. Jupiter sou manifesto Nas obras de admiração, Que por mi causadas são: Quiz-ie vestir em teu gesto, Por honrar tua geração. Tua mulher parira Hum filho de mi gerado, |