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AVISO AO LEITOR.

A

edição in-4° dos Lusiadas dada á luz pelo Senhor D. José Maria de Souza, ornada com estampas, e por mim impressa o anno passado, não tendo o destino de venda publica, e podendo unicamente obter-se do primor e generosidade do seu illustre editor; julguei fazer hum serviço agradavel á Nação Portugueza, e á sua litteratura, se, alcançando licença do dito Senhor, reimprimisse in-8°, e copiasse fielmente o texto do Poema, com a advertencia, a vida do Poeta, as notas, e os mais trabalhos litterarios que o Senhor Souza tem feito á esta epopéa. O nobre e sabio editor não somente me concedeo a faculdade por mim pedida; mas quiz tambem que ao seu precedente trabalho juntasse eu, n'esta edição, o que novamente fez este anno, depois de conferidas por elle as duas primeiras, e originaes edições de 1572, cujas variantes ficam sendo mais distinctamente conhecidas; bem como a certeza de primazia, entre huma e outra, pode ser agora mais exactamente

determinada; reluzindo outro-sim, com a maior evidencia, a superioridade de ambas sobre todas as que depois d'ellas se tem, em diversas epocas, publicado até os nossos dias. Para dar maior realce á minha empreza, permittio-me finalmente o mesmo Senhor de brindar o publico com a copia do retrato de Camoes: assim os que amam Camoes, e que se deleitam de litteratura portugueza, encontrarão n'esta minha edição o mais correcto texto, e a mais ampla prova do disvelo e curiosidade com que o incançavel editor se esmerou em dar ao Poema dos Lusiadas todo o esplendor que lhe he devido; honrando por este modo, e quanto lhe foi possivel, o glorioso nome de seu autor: pois até quiz ajudar-me a rever e corrigir as provas typographicas d'este livro, em que puzemos ambos o maior cuidado com o fim de obtermos que a sua publicação in-8°, visto o resguardo que requer a sumptuosidade da edição in-4°, possa, a par d'esta e na sua falta, supprir pela correcção e nitidez do seu texto as outras duas, hoje tão raras, de 1572; e assim satisfazer os desejos dos apaixonados estudiosos da litteratura portugueza.

Paris, trinta de dezembro, de 1818.

FIRMINO DIDOT.

ADVERTENCIA.

TODAS

ODAS as nações tem-se esmerado em dar á luz soberbas edições dos seus primeiros Classicos, apurando com curioso desvelo os textos originaes, e ornando-os com todo o luxo da Typographia, do Desenho, e do Buril. He huma especie de monumento erigido aos autores assinalados que as illustraram, e he hum meio de conservar com mais resguardo os seus textos puros nas Bibliothecas publicas, e nas dos amadores de livros, que podem adquirir estas custosas edições.

OS LUSIADAS foram impressos pela primeira vez em Lisboa, no anno de 1572, na officina de Antonio Gonçalvez, tendo para esse fim obtido Luis de Camoes hum privilegio de dez annos, concedido por Alvará do Senhor Dom Sebastião, em data de 1571. Os exemplares desta edição (cujo numero ignoramos) venderam-se tao promptamente, que no mesmo anno de 1572 foi este

a

Poema reimpresso pelo mesmo impressor. Não consta se o manuscripto tinha sido vendido, ou se as duas impressões foram feitas á custa de Luis de Camões; mas o que me parece claro he que elle assistio á impressão, ao menos da edição que tenho, e que a publicação foi feita com seu pleno consentimento; assim como he indubitavel que houve huma reimpressão no mesmo anno. A negligencia dos biographos de Camões, e dos editores primeiros que seguiram-se a dar novas edições foi tal, que nem Manoel de Lyra, nem Manoel Correa, nem João Franco Barreto, nem Manoel de Faria e Sousa na sua edição de Madrid, assim como Pedro de Mariz, e Manoel Severim de Faria, nenhum emfim faz menção de se terem feito duas edições dos LUSIADAS em 1572.

O primeiro que fallou dellas foi Manoel de Faria e Sousa na segunda vida que escreveo do Poeta, e que foi impressa posthuma, na frente da primeira parte das Rimas de Camões, aonde no So 27 diz; « El gasto desta impression fue de << manera (tratando da edição de 1572) que el <«< mismo año se hizo otra... Y porque esto hade « parecer nuevo, y no facil de creer, yo asseguro

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