Minh'alma é triste como a rôla affiicta Que o bosque acorda desde o albor da aurora, E em doce arrulo que o soluço imita O morto esposo gemedora chora. E, como a rôla que perdeo o esposo, E como notas de chorosa endeixa Como a criança que banhada em prantos Dizem que ha gosos nas mundanas galas, II Minh'alma é triste como a voz do sino E doce e grave qual no templo um hymno, Se passa um bote com as velas sôltas, Ás vezes louca, n'um scismar perdida, E como a rôla que em sentida queixa Dizem que ha gosos no correr dos annos!... III Minh'alma é triste como a flor que morre Pendida á beira do riacho ingrato; Nem beijos dá-lhe a viração que corre, Nem doce canto o sabiá do mato! E como a flor que solitaria pende Amei outr'ora com amor bem santo Oh! quantas vezes a prendi nos braços! Dizem que ha gosos no viver d'amores, IV Minh'alma é triste como o grito agudo Em mim foi beijo de lasciva virgem: De tanto fogo tinha a mente cheia!... Ai! loucos sonhos de mancebo ardente! Dizem que ha gosos no correr da vida... Marco 12-1858. LI PALAVRAS A ALGUEM Tu folgas travessa e louca Ai que louca! abriste o livro Agora corres nos charcos Tu és a pomba innocente, Devo dizer-te baixinho: —«Olha que a morte não tarda! «Mariposa dos amores <<Deixa a luz, embora arda. |