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E logo lagrimas minhas
Deixaram qual peixe na agua
O peixe que em mim se via.
Da cea me levantei,
E porque o somno caia,
Presto caminhei da Cêa,
Com ser tão longe, a Caminha.
Fim da Jornada: Laus Deo,
E quem me não der um viva,
Morra de morte macaca

Sem uma véla bugia.

Jeronymo Bahia - A Phenix Renascida. Lisboa, 1746– tom. 1.o, pag. 238.

SONETOS

A Jorge de Montemaior, nascido em Montemor,
assassinado no Piemonte

Nasceste, ó Jorge, no vetusto monte,
Que o Mouro quiz fazer sua colonia, (302)
Adonde te entregou Lyra Meonia
O numeroso pae de Phaetonte. (303)

E na Iberia viveste da alta fonte,

Que outro Monte mais preza em Thracia Aonia: (304)

E n'outro monte da suberba Ausonia

Passaste irrevocavel Acheronte. (305)

Pequeno em maior monte em fim nasceste:

Maior viveste em monte mais ufano:

E em Piemonte, não pio, feneceste.

De Monte em Monte andou teu peso humano. Oh! feliz tu, se o espirito pozeste

Já no Monte do Olympo soberano! (306)

Fuente de Aganipe ou rimas varias de

anuel de Faria

e Sousa. Madrid, 1646-Parte 1.a, Cent." 6.a, Sonete 76 pag. 367.

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A D. Marianna de Luna

Musas, que no jardim do Rei do dia!"
Soltando a doce voz, prendeis o vento:
Deidades, que admirando o pensamento
As flores augmentaes, que Apollo cria. (307)
Deixae, deixae do Sol a companhia,
Que fazendo invejoso o Firmamento
Uma Lua, que é Sol, e que é portento,
Um jardim vos fabrica de harmonia.

E porque não cuideis que tal ventura
Póde pagar tributo a variedade
Pelo que tem de Lua a luz mais pura:
Sabei que por mercê da divindade,
Este jardim canoro se assegura
Com o muro immortal da eternidade.

Soror Violante do Céu. A Phenix Renascida, Lisboa,
1746-tom. 4.0, pag. 384.

POESIAS ANTERIORES AO SECULO XVI

SECULO XII

Canção do Cancioneiro do Collegio dos Nobres

A mais fremosa de quantas vejo
Em Santaren e que mays desejo,
E en que sempre cuidando sejo,
Non cha direi, mais direi comigo:
Ay sentirigo! ay sentirigo!
Ale Alfanx, e al seserigo.

Ela e outra, amigo, vi-as
Se Deus me valla non à dous dias,
Non cha direi eu cá o dirias,
E perder-t'-ias per en comigo;
Ay sentirigo! ay sentirigo!
Al e Alfanx, e al seserigo.
Cuidand'ela ja ey perdudo
O sen, amigo, e ando mudo,
E non sey ome tan entendudo
Que m'oj'entenda o porque o digo.
Ay sentirigo! ay sentirigo!
Al e Alfanx, e al seserigo.

Edição de Varnhagem- Canção n.o 119.

SECULO XIII

Queixas de Lourenço (jograr)

Vós que soedes en Côrte morar,
Destes privados queria saber
Se lhes ade privança muito durar;
Cá os non vejo dar, nen despender,

Ante os vejo tomar e pedir;

E o que lhes non quer dar, ou servir,
Non pode ren con el-rei adubar.

D'estes privados non sei novelar,
Senon que lhes vejo mui gran poder,
E grandes rendas e casas guañar,
E vejo os grandes muito empobrecer
E com provesa da grassá cayr
E ha el-rei sabor de os ouvir,
Nas eu non sei que lhe van conselhar.

Sodes da Côrte e non sabedes ren
Ca mester faz a cad'ome que dé
Pois à Córte per lidiar algo ven;
Ca se dar non quer, per sen sabor é.
Pois na Côrte home non livra por al,
Pense de dar, non se trabalhe d'al,
Cá os privados queren que lhes den.

Varnhagem, Cancioneirinho de trovas antigas, fl. 108.

Cantar guayado por El-Rei D. Diniz

Ay flores! ay flores do verde pino! se sabedes novas do meu amigo? Ay Deus! E hu é?

Áy flores! ay flores do verdo ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ay Deus! E hu é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que poz commigo?
Ay Deus! E hu é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que m'a jurado?
Ay Deus! E hu é?

-Vós me perguntades pel-o vosso amado! e eu ben vos digo que é vivo e sano.Ay Deus! E hu é?

E eu ben vos digo que é sano e vivo,

e seeará vosc'ant'o prazo saido. -
Ay Deus! E hu é?

E eu ben vos digo que é vivo e sano
e seerá vosc'ant'o prazo passado.--
Ay Deus! E hu é?

Canç. de D. Diniz. C. Lopes de Moura-pag. 13.

SECULO XIV

Fragmentos do Romance da Batalha do Salado por Affonso Giraldes

Pois que este Rey naceu

a grão viço foi criado,
e deshi como creceu
sempre foi bem ensinado.
Seu padre o criou

e des que foi de entendimento,
de vinte annos lhe justou
um muy rico casamento.

Seu padre Rey Dom Diniz

foi justiçoso e mui santo,
el o casou com Dom Brites
filha do nobre Rey Dom Sancho.
E despois que foi casado

com aquella nobre Infante
seu padre lhe deu estado
como ouvireis adiante.

Deu-lhe terras a mandar

de mui nobres cavalleiros,
e muitos portos de mar

rendas de muitos dinheiros.

Quinze annos compridos viveu

o padre, des que o casou,
deshi quando el morreu
muito d'algo the deixou.

E fêz bem aos criados seus

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