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elRel D, Duarte, as quaes lhe são com gra yes fundamentos attribuidas por Damião de Goes (a), por Gaspar Estaço (b), e por Manoel de Faria e Souza (c) ; no seu estilo reina uma nobre simplicidade, e na opinião de Mr. Ferdinand Denis, um dos sabios extrangeiros mais conhecedores, e exactos apreciadores da Litteratura Portugueza, é Fernão Lopes um historiador verdadeiramente superior ao seu Seculo; acrescentando em Nota, que teve razão o critico Portuguêz, Francisco Dias Gomes, em dizer, que foi elle o primeiro, que mais dignamente escreveo a Historia na Europa (d). Gômes Eanes, ou Anes de Azurara, como o antecedente, Chronista-mór de Portugal, Guarda-mór da Torre do Tombo, foi herdeiro em partes do seu talento: alentas do com os favores e mercês d'elRei D. Afonso V., chegou a ser proveitoso escriptor de historias, deixando alguas de sua composição, que bem dão a conhecer a sua vasta erudição e gosto; quaes, por exemplo, a que foi pela primeira vez impressa em Paris no anno da 1841 debaixo do titulo de Chronica do Desco brimento e Conquista de Guiné, alem de outras ha muito já conhecidas e publicadas (50,a). Duarte Galvão, Chronista-mór de

(a) Chronica d'elRei D. Manoel, Part. IV. cap. 38. (b) Antiguidades Portug. cap. 21.

(c) Prologo da Part. I. da Asia Portugueza.

(d) Résumé de l'Histoire Littéraire de Portugal, chap. V.

Portugal, emprego que lhe dêo elRef D. A→ fonso V, por sua grande prudencia, talentos e erudição (51.a), qualidades eminentes, que şe deixam ver na Chronica d'elRei D. Afonso Henriques, por elle composta, ou antes reduzida a melhor estilo. D. João de Menezes, chamado por outro nome Amadeo, o qual sendo irmão do primeiro Conde de Portalegre, D. Diogo da Silva, trocou o mundo pelo Claustro, onde se mostrou um vivo exemplar de todas as virtudes christãas, e alli compôz algumas obras de notavel recom mendação, que lhe grangeáram nome distincto entre os escriptores ecclesiasticos (52.a), Fr. João Sobrino, ou como outros escrevem Consobrino Demencio, escriptor Theologo, e Lente de Theologia na Universidade de Oxford, ou de Athen, como quer o autor da Biblioteca Lusitana, as quaes duas opiniões concilia o erudito autor das Memorias Historicas do Ministerio do Pulpito, dizendo, que elle se graduára em Theologia na Universidade de Oxford, e fora Lente de Prima da mesma Faculdade na de Athen.. El Rei D. João II. em fim é digno de ser mencionado entre os sabios Portuguezes deste Periodo; por quanto, sem falar de outros seus estudos, e conhecimentos, foi insigne cultor da lingua Latina, como se vê de uma Carta, que escreveo a Angelo Policiano em 23 de Outubro de 1491, persuadindo-o a que escreva no idioma Latino ou Toscano a Historia de Portugal: esta Carta e a resposta de Angelo Poli→

ciano andam no Tomo II. das Provas da Historia Genealogica por D. Antonio Caetano de Souza. &c.

PERIODO VI.

Desde o anno 1495, até o de 1580,

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Desde o começo do Reinado do Senhor D. Manoel, até o principio da usurpação Cas→ telhana,

O fim do Seculo XV, começo glorioso do Reinado do Senhor D, Manoel no anno de 1495, abre a porta ao mais bello Periodo da Litteratura Portugueza. Foi no afortunado governo deste Principe tão justamente céle bre, e nos dous que immediatos se lhe segui ram, que as Letras chegaram em Portugal a tocar o seu Zenith; por quanto este Periodo reune em si os nomes illustres da maior parte dos grandes homens, que por seu fecundo in genho, talentos e sabedoria immortalizaram os fastos litterarios da Nação Portugueza. Na verdade Erudição Sagrada e profana, Histo ria, Eloquencia, Poesia, estudo de Linguas, Jurisprudencia Canonica e Civil, Medicina, Mathematica, em uma palavra, todos os ramos do saber humano, por aquelle tempo co

nhecidos e professados nos paizes mais cultos da Europa, tudo chegou entre nós a um gráo de perfeição e gosto mais facil de ser admira do, do que imitado,

mos,

O commercio de paizes remotos, e-0 co nhecimento de um Mundo novo haviam disposto as cabeças Portuguezas, parą nellas se conceberem novas e grandes ideas; e devemos declaral-o, nenhuma de todas as nações da Europa reunia tantos e tamanhos elementos para elevar-se até a immortalidade sobre as azas do ingenho, como a Portugueza, pelos seus vastos descobrimentos terrestres e mariti¬ de cujos fructos ella tinha ainda por esse tempo o dominio exclusivo, As longas e arriscadas navegações, que eramos incessantemente obrigados a fazer, afim de progredirmos em as nossas conquistas da Asia, da Africa e da America, nos poseram na necessi dade de levarmos a um grande auge de adian tamento as theorias nauticas, diariamente corrigidas e aperfeiçoadas pela nossa mesma prá tica. Admittida porêm a estreita ligação, que se dá entre a sciencia da Navegação e as duas com ella intimamente ligadas, a Geographia e a Astronomia; os progressos, que n'aquel la fizemos, deveriam convencer ainda aos mais preocupados contra o nosso saber, de que nas duas ultimas seriamos tambem distinctos, pelo menos iguaes, se não superiores ás na ces mais adiantadas nestes dous ramos de conhecimentos scientificos. E por isso que os nossos mesmos, rivaes, ou máos avaliadores a

outros respeites, se não escusaram á confissão desta verdade, de que tamanha gloria nos resulta. Bastará apontar aqui as formaes palavras de um delles somente, ao qual a força da verdade não poude deixar de arrancar as seguintes expressões: «Os antepassados do actuaes Portuguezes possuiram de certo mais verdadeiros conhecimentos astronomicos, geographicos e nauticos, do que talvez todas as outras Nações Europeas até o meado do Se culo decimo-sexto, e ainda por algum tempo ・depois » (53.2).

Com effeito só o espirito da mais céga prevenção e injusta parcialidade é que pode rla negar-nos a superioridade a todas as mais Naçes nas Sciencias Mathematicas durante • Periodo, pelo qual vamos discorrendo. Nós tinhamos naquelle tempo, entre muitos outros Mathematicos insignes, um Pedro Nunes, e este nome per si só é bastante para illustrar as paginas litterarias de uma Nação culta: a perfeição, que este sabio Portuguêz dêo ao Astrolabio, o qual do nome do aperfeiçoador ficou sendo chamado Nonius, denominação. por que é conhecido ainda entre nacionaes a extrangeiros; e os muitos e luminosos Escri ptos, com que enriqueceo as Mathematicas, (54,a) tiram toda a suspeita de parcialidade a este elogio.

Foi a Poesia um dos ramos da Litteratura, em que tambem muito sobresahimos neste Periodo a todas as mais Nações Europeas, apenas emparelhando comnosco o paiz de Ita

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