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HYMNO ÁS MUSAS

Cantemos em hymnos a luz que sublima
Á esphera dos astros a raça mortal:
As Musas, as filhas do nume supremo,
As nove dotadas de voz divinal.

Ás almas errantes da vida nos pégos

Seus livros infundem virtude e candor:
Seus ritos mitigam á humana linhagem
De innumeros males o acerbo rigor.

São ellas, as Musas, que ás almas ensinam
O rio do olvido sem medo a passar,
E (vôo sublime!) do proprio destino
Ao astro fulgente, já puras, voar.

Ao astro que nescias deixaram outr'ora,
No dia em que ás plagas de terrea mansão
Descer-lhes aprouve, da inerte materia,
De dita fallace, por louca paixão.

Por vós as procellas que agitam meu peito Se acalmem, ó divas: qual forte licor Doutrina saudavel, de sabios, de vates, Me anime e vigore com sacro furor.

Da senda sagrada, brilhante e fecunda,
Os impios não façam meus passos torcer:
Do bando afastae-me profano e vagante,
Que as normas não sabe do recto viver.

Com ella, d'envolta, não erre minha alma,
Farol me fulgure de vivida luz:
Nos livros aprenda por vós inspirados
A doce facundia que gloria produz.

PROCLO.

APPENDICE

DISCURSO PROEMIAL

LIDO

PELO PROFESSOR DE LITTERATURA ANTIGA

DO

CURSO SUPERIOR DE LETRAS

ANTONIO JOSÉ VIALE

NO DIA DA ABERTURA DA SUA AULA

EM 15 DE JANEIRO DE 1861

Senhores:-Ao ter de fallar pela primeira vez em publico, e perante um auditorio tão conspicuo e tão illustrado, não pude resolverme a confiar das contingencias da memoria a recitação, já não digo de um discurso inaugural e solemne, de que assentámos dever prescindir n'este anno, mas nem ainda a de um singelo preambulo sobre a importancia da litteratura dos dois povos mais illustres da antiguidade, acompanhado de uma exposição da traça que me proponho seguir, para d'esta cadeira, em que, pela benignidade do nosso augustissimo soberano tenho a honra de assentar-me, coadjuvar os esforços de uma escolhida porção da estudiosa mocidade no cultivo de um dos ramos mais amenos dos conhecimentos litterarios. N'este, para mim critico momento de preplexidade e receio, ao lamentar a minha inexperiencia e a minha infacundia, apropriando ao meu caso um hemistichio do vate de Sulmona, por elle empregado em bem differente proposito, exclamarei: «Felices quibus usus adest! »

Praza ao céu, que esta forçosa confissão do meu isocratico encolhimento, cem vezes mais justificado que o do auctor do Panegyrico e da Panathenaica, seja recebida com benevolencia, e não obste a que os meus humanissimos alumnos me prestem attenção no decurso d'estes exercicios, a que vamos dar começo; alentando assim, com a sua docilidade e deferencia, o quinquagenario professor, bisonho nas tarefas do magisterio publico, mas encanecido na leitura de algumas das obras primas da sapiencia grega e romana.

Dar uma resumida noticia dos mais distinctos escriptores das duas nações, hellenica e latina; enumerar as mais notaveis entre as suas obras, comparando, quando parecer opportuno, as de uma com as de outra: apontar algumas das bellezas que mais as abrilhantam: procurar infundir

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