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XX

O Santo peregrino, na espessura
O abrigo procura duma brenha,
Servindo-lhe de leito a terra dura,
E de reclinatório a tôsca penha,

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O pensamento, lá, por essa altura, E o corpo no rigor que não desdenhaEm brandos ais, e em ásperos abrolhos Abriu o coração, cerrou os olhos!

CANTO SEGUNDO

Descobre Antão no sitio desejado
Ao Primaz do Êrmo raro achado

I

O crepusculo ruivo, a Alva pura,
Amante, espéra já pelos alvores;
Ela rindo-se sae e mui segura
Que como tibia está, zomba de amores;
A desmaiáda luz, pela verdura

Derrama, sem tratar de outros ardores,
- Diana da manhã e tão isenta

Que o sol se abraza porque a não aquenta! —

II

De ouro e gran a Auróra revestida
Sae, dando luz a um e outro pólo;
E Tétis, que tão cedo a vê vestida,
Por fazer-lhe pezar detem a Apolo;
A furto de Peléo, destemida,
Já tálamo lhe faz do manseolo;

A auróra orvalha o Mundo mas presume
Que chóra pouco porque tem ciume.

III

Das pérolas a flor se vae toucando,
A ave do seu ninho vae saindo;
O pastor o seu gado vae buscando,
Antão o seu caminho vae seguindo ;
O sol pelos outeiros, apontando,
De ouro entre-rosado os vae vestindo,
Quando a gala lhe canta a filomena,
Orfeu de asas, Anfião de pena!

IV

A rosa tira o véu á formusura,
Rompe o cravo o capúlo para vê-la;
A fonte já da sombra não murmúra,
A erva corre a lés, para pasce-la ;
Solta a féra o bramido em fala dura,
Torna o Homem a taréfa que o disvéla,
O rouxinol entoa, a pomba geme
O galo canta, sim, o leão teme.

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