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.enda se lhe

em Resposta de huma comsulta que pello comselho da fez sobre o Privilegio que pedem os moradores d'essas has para não pagarem direitos de triguo, cevada, vinho, milho, e mais legumes que dellas trouxerem a esta cidade manda Responder sejão ouvidos os povos meudos das mesmas ilhas que para esse efeito serão chamados a sino tangido como se costuma e asi os officiais e gente de guerra do presidio que ahi reside, pelo que vos mando que tanto que vos este for dado, deis ordem necessaria com que se faça a dita delligencia na forma sobre dita, ordenando que em cada ilha que se ajuntarem se faça termo assinado pellos da governança della em que declarem se lhes resultará algum proveito em resão do dito Privilegio e o mesmo se fará com os officiais e gente do Presidio, dos quaes termos enviareis os treslados authenticos ao comselho da fazenda com vossa carta em que fareis rellaçam do que por elles constar para se dar conta de tudo a S. M. como o tem mandado. Pero Freire o fez em Lisboa a quimze de novembro de seis centos e vinte e hum. Luiz Borralho o fez escrever. O Conde de Faro.

Mandei passar o prezente mandado &. Dado em Angra sob meu sinal e sello da provedoria aos doze de fevereiro de mil seis centos e vinte e dous annos. Eu Jacome Triguo escrivão dos comtos o fez. Antonio Ferreira.

Fielmente trasladado do proprio pelo escrivão da Camara, Antonio Gomes d'Azevedo aos 11 de abril de 1622.

(Liv. das Vareações da Camara da Ribeira Grande dos annos de 1617 a 1622. fl. 226.)

Auto e assento sobre se emformar a S. R. M. se he bem tirar o triguo desta villa para fóra da ilha sem que lhe paguem direitos; 3 d'abril de 1622.

Anno do nascimento de N. S. Jesus Christo de mil e seis centos e vinte e dous anos aos tres dias do mes de Abril do dito anno n'esta villa da Ribeira Grande, Ilha de S. Miguel na caza da Camara d'ella estamdo juntos em cabido os officiais que o presente anno servem saber: Melchior A." (Affonso) Paiva, P." (Pero) Barbosa Raposo, Juizes ordinarios e os vreadores Gaspar Manoel de Vasconcellos e Pedro Tavares e o procurador do conselho Estevam Alvares Bareiros e os dous procuradores dos misteres Manoel Roiz e Balthazar Lopes e huma parte dos omes nobres e da governansa desta villa e outro mais povo neudo que todos se ajuntaram na dita Camara por pregõis que para o effeito foram lansados por mandado dos ditos officiais da Camara tudo para o effeito abaixo declarado e sendo ahi juntos como dito he, logo pellos ditos Juizes e Vreadores foi declarado e lido o manda

do do Provedor da fazenda de S. R. M. e o que S. M. manda fazer acerqua dos direitos do triguo e sevada e mais legumes que desta ilha forem para a Cidade de Lisboa e mais partes fora d'ella, que se não paguem direitos a S. M. e visto e praticado com os ditos omens da governança e mais povo meudo, Accordaram que não era em proveito do bem comum e povo desta Villa conseder S. M. tal Provisam. assim pella gramde e notavel perda que se dará a esta villa e ilba, a respeito que esta villa he toda de fidalgos moradores no reino e que não pagando direitos de suas remdas as levarão todas e ficarão os pobres e moradores desta villa e ilha perecendo à fome, e que outro sim os mercadores e chatins, andarão comprando os mantimentos pellas portas para os levarem a Lisboa e outras partes a respeito de não pagarem direitos e assim padecera esta ilha notaveis fomes e miserias e alem disso havendo como cada dia se esperam rebates de corsairos e mouros não tendo esta terra mantimentos se não poderá defender nem de fóra lhe dodem vir pelo que por todas as vias consedemdose tal Provizam ficará esta illa arrisquada a se perder, e que antes requeriam a S. R. M. da parte de Deus Nosso Senhor não conseda tal Provizam. Antes sendo possivel lhe dobre os direitos, que levamtarlhos, pellos encomvinientes sobreditos, e que o que se pedio de não pagarem os ditos direitos fora mal assentado por quamto ficava semdo em proveito particular dos ricos e mercadores e não em proveito do bem comum, antes em notavel perda; e isto era o que respondiam e o asinarão os da governansa com os ditos officiais da Camara em presença de mi escrivam que dou fé darem a reposta atraz escrita. Antonio Gomes d'Azevedo Escrivam da Camara que o escrevi e assinei. Antonio Gomes d'Azevedo seguem-se as assignaturas de Belchior A. Paiva P.° Barbosa Raposo; P. Tavares. Estevão Als. Bareiros, Manoel do Canto, Valerio Nunes de Perada, Manuel Travassos Paiva, Antonio Ledo Paiva. P.o de Braga Muniz, Amador Monteiro Soares, Thomé Jorge Paiva, Gonçalo Bezerra Tavares, Paulo Antonio. Jorge da Costa, Jeronimo Quintanilha, Felliciano de Torres, Sebastiam de Souza, Ambrosio de Sousa, Bartholomeo Cabral da Silva, Gaspar Manoel de Vasconcellos, e outros cujas assignaturas não entendeu bem.

(No mesmo Livro, fl. 224-226.)

VULCANISMO NOS ACORES

(Continuado de pag. 368 do Vol. IV)

XXVIII

ANNO DE 1808

ERUPÇÃO NA ILHA DE S. JORGE

«Na noite amanhacendo para Domingo do Bom Pastor, primeiro dia do mez de maio do prezente anno de 1808, tremeu a terra tão frequentemente que se contavam oito tremores por hora, e d'estes foi um sobre a madrugada tão grande, que fez levantar o povo das camas. (1) No mesmo dia, estando já parte do povo na Igreja deprecan do a Deus nosso Pai, houve outro abalo tão forte que fez fugir todo o povo da Igreja. Das 11 para as 12 do mesmo dia houve outro tremor, e juntamente um estrondo tão grande que a todos atemorizon, (2) e de repente se viu levantar uma grande nuvem de fumo sobre o mais alto monte da freguezia da Urzelina no pico d'Antonio José de Sequeira e bem defronte da Igreja de S. Mathens) cuja planta e centro da freguezia era o mais agradavel da ilha, e por isso mesmo muito frequentado de muitos sugeitos bons e mãos de todas as ilhas, e em breve tempo engrossou e subindo ao mais alto céo fez arco sobre

(1)—Na semana antecedente a terra havia tremido por varios dias.

(2) Este fenomeno foi presentido pelos irracionaes que se achavam nas proximidades do logar em que occorreu. Poucos minutos antes do acontecimento os gados, que se achavam proximos, começaram a mostrar-se inquietos e aterrados correndo, sem que houvesse tapumes que os podesse aguentar, para o lado norte da ilha. As pessoas que se achavam por aquelles sitios vendo a fuga dos gados seguiram estinctivamente o inesmo proceder; de uma d'ellas houvemos esta informação.

parte da freguezia das Manadas e da da Urzelina, indicando um terrivel castigo já mostrando nas redobradas e negras nuvens uus incumbrados montes, umas medonhas furnas.

Da bouca d'aquelle vulcão sahiam estrondos tão fortes e medonhos sem intervallo que convidavam aos habitantes d'esta ilha para juizo.

Correu todo o povo a deprecar a Deus, porem logo o povo da freguezia da Urzelina se auzentou deixando o seu Vigario o Rd.o José Antonio de Barcellos só no adro da sua Igreja, e logo no mesmo dia choveu tanta areia de tarde que ficaram as casas, chamadas do matto, cobertas de areia e os campos d'ahi para cima em partes ficaram com altura de 7 palmos, e as vinhas dos castelletes até à Ermida de St. Rita, da freguezia das Manadas, ficaram cravadas e as casas quasi abatidas com o pezo, sahindo immediatamente linguas de fogo de contro que chegavam aos ceos, deitando pedras ignitas, de 8 palmos, em distancia d'um quarto de legoa, outras de 16 palmos em quadro e ou tras menores, que subindo à mesma altura cahiam como densos chuveiros.

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Chegou a triste noite, então é que desfalleceram os habitantes d'esta illa vendo todo o fogo e pedras ignitas, que sahiam como coriscos e quasi que pareciam cahir sobre os povos, e as vidraças das Igrejas pareciam quebrarem-se aos eccos d'aquelle pregoeiro, que nos ameaçava a morte.

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Ate à terça-feira 3 do mesmo mez rebentou o fogo em 7 logares, ficando a bouca ou vulcão perto da Ribeira do Arieiro, em cuja tarde abrandou o fogo: e na madrugada da quarta-feira, 4 do mesmo mez arrebentou o fogo entre as Ribeiras, a cima da fonte da Fajā, e da mesma sorte fazendo nuvem de pó de enxofre e terra que parecia arder todo aquelle logar. Logo fez Procissão o Vigario da Urzelina para a parte da Fajã com o Sr. St. Christo e Sr.a das Dores e a poucos passos encontrou-se com o Padre José de Souza Machado que tra zia m Provisão a Sr. da Incarnação acompanhado de varias pessoas, mas quasi soffocados do muito pó enxofrado que estava cahindo: reunidos, aquella procissão, algum tanto animados, chegaram á Ermida da Sr. do Desterro, ainda que com muito trabalho por que do cruzeiro para cima cahia muita terra sulfurea e tão pegajosa que muitas arvores cahíram com o pezo d'ella e o fetido entontava aos viajantes. Passados mais 7 dias rebentou o fogo nas areias da freguezia de Santo Amaro, onde abrindo duas bocas vomitava fogo à maneira de duas grandes ribeiras de materia fluida, e com tanta força que no segundo dia se achava á mais d'um moio de campo em Misterio que encaminhando se as casas fez pôr parte do povo em fugida, o Vigario o Rd." Amaro Pereira de Lemos esteve falto dos sentidos e a irmã D. Anna Maria de Lemos esteve douda.

O Vigario das Vellas e Ouvidor o Rd.° Antonio Md. Teixeira, te

mendo fosse o fogo à villa mandou deitar pregão para que se retirassem, que mudava o Sacramento para a Beira e d'aqui resultou um levante que se não póde explicar.

As freiras foram para à Igreja de Rozaes; o Ouvidor e outros clerigos para o Fayal; o Doutor Juiz de Fóra e outros para o Pico e o mais povo de quasi toda a villa foi para a Beira e Rozaes Este levante foi sem maior necessidade, por que no dia em que o fizeramı foram ver o fogo que já pouco corria e só por dentro da rib ira.

O alto da terra por onde o dito fogo passon ficon abatido e em grotas formidaveis, os caminhos quebrabos de forma que não passavam carros nem gente por parte, as fontes seccas.

Poucos dias depois retrocedeu ao primeiro logar em que tinha rebentado, defronte da Igreja da Urzelina, com a mesma força que dantes, prezerverou doze dias, em que foram continuas as suplicas a Deus e por não sermos ouvidos do Senhor, por serem as culpas em maior numero que as suas mizericordias, continuou o mesmo flagello, sahindo do vulcão (que dizem ter bocca em circumfer, ncia de um moio de campo) muitas areias, que arruinavam parte dos campos da referida freguezia de S. Matheus e das mais circumvizinhanças, e chegou a cahir na ponta do Pico, em Angra São Miguel. e para a parte da villa não cahio por que os ventos sempre cursaram pelo nor

noroeste.

N'este tempo todo o povo da Urzelina se ausentou desamparando todos as suas moradas, uns para as Manadas, outros para a Calheta, outros para Rozaes e uns para Angra, isto o povo da Urzelina, fican do só o Rd.° Vigario no adro

Observou-se que em quanto a maré enchia aquelle vulcão embravecia mais e deitava com mais força pedras marmoras grandes, umas das geraes eram muito pretas e pezeadas e ferião lume, e outras á maneira de vergas, de lagens, e outras redondas, umas muito bran cas e partidas reluziam pelo muito salitre que tinham.

Em uma noite estando o Vigario da Urzelina em guarda de sua Igreja, sendo já honze horas e meia, pegou a observar umas ribeiras de fogo, que vinham correndo pelo moute a baixo, e tocando a fogo apenas acudiram 6 ou 8 pessoas, que acompanharam o Santissimo, para a Ermida do Senhor Jesus, para aonde na mesma noite fez trasladar todas as Imagens, vazos sagrados e vestes sacerdotaes. Entraram logo a observar que os campos circumvisinhos ao dito monte se iam incendiando e levantando-se pedras como montes, que corriam ardentes até a planicie das vinhas, que faziam pasmar a quem tal castigo via.

Em dezassete do dito mez de maio vendo o Vigario das Manadas, o Rd. Jorge de Mattos Pereira que o da Urzelina se achava estrompado e com a sua gente dispersa veiu com parte dos seus freguezes à Igreja da dita freguezia de S. Matheus para salvar o que podesse

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