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CONDIÇÕES DA ASSIGNATURA

O Archivo dos Açores publica-se em folhetos de 80 a 400 paginas. sempre no formato actual.

Com seis numeros se forinará um volume.

O preço de cada numero é de 240 réis fracos nos Açores e 200 réis fortes no continente.

Para o estrangeiro varia conforme o cambio da moeda. A assignatura deve ser de seis numeros. um volume pelo menos.

Assigna-se e vende-se: em Ponta Delgada, sr. Manoel Bettencourt Neves, Norte da Matriz n.o 28 a 30

Ribeira Grande-sr. Eugenio Silio Peixoto.

Villa Franca do Campo-sr. Francisco de Mello Bulhões Santa Maria-sr. José Monteiro de Bettencourt.

Angra-sr. Antonio Gil.

Horta- -sr. Luiz da Terra.

S. Jorge--sr. José Urbano d'Andrade.

Lisboa {

Sr. A. Ferin, rua Nova do Almada, 72-74.

Antonio Maria Pereira, Rua Augusta, 50-52.

Porto e Braga-sr. E. Chardron.

Coimbra sr. Manoel d'Almeida Cabral.

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VULCANISMO NOS ACORES

XXXI

ANNO DE 1848

TREMORES DE TERRA EM S. MIGUEL.

(Continuado de p. 472)

No sitio da Cruz-dos-moinhos em Santa Barbara as casas que não cahiram ficaram arruinadissimas, continuando muitas a desabar depois do abalo.

Mencionaremos a lugubre occorrencia da morte de duas filhas de Antonio Carvalho de Mello, uma que contava nove annos de idade, a outra quinze, sobre quem, no momento do abalo, caio uma empena da casa que as anniquilou.

Na Bretanha a egreja parochial de Nossa Senhora d'Ajuda soffreu grandes ruinas com raxas que abriram as paredes, afóra a capella do S.mo que se conserva illesa. A torre está em risco de desabar: do remate ou gradeamento d'ella cahiram sobre a egreja algumas pedras que arrombando o tecto foram parar no corredor fronteiro á capella do S.mo, e outras não chegando a cahir em baixo ficaram sobre o edificio, existindo aquella torre tão desconjuntada, que não podem dobrar os sinos.

Manuel de Pimentel e sua mulher estando deitados na cama ahi mesmo tiveram de presencear a luctuosa scena da morte de seu filho, que junto d'elles se achava, occasionada pelas ruinas d'uma empena que lhe cahiu em cima. Identicamente morreu uma criada de Francisco Ignacio dos Reis. Abateram-se as casas de João de Souza VasconN.o 30 Vol. V-1884.

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cellos, ficando muito arruinadas as do cura Manuel Fernandes dos Reis. Antonio José de Vasconcellos, e as de Vicente de Chaves, e outras muitas, a ponto de seus donos estarem dormindo fóra dellas. As casas do sitio da Eombinha ficaram por terra, à excepção d'uma de insignificante valia.

Em summa o geral das casas que não cahiram no todo, ou em parte, soffreram consideravelmente. Em San-Vicente e nos Fenaes-daluz igualmente houveram grandes ruinas nas casas, chegando algumas dellas de mais franca construcção a desabar, porem aqui não temos a chorar a perda de ninguem, nem nos-consta que pessoa alguma ficasse maltratada.

Segundo a opinião geral dos habitantes deste Concelho, o terremoto trouxe a direcção do ponente para o nascente. Os estragos no Concelho de que nos occupamos calculam-se em reis 9:4005000.

Santa Maria.-Carece se d'informações officiaes, consta porem que não houveram alli estragos alguns.

A cifra da mortalidade, e estragos occasionados pelo terremoto nos differentes concelhos do districto, calcula-se ser esta:

MORTES

ESTRAGOS, Reis

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82:461:800 Providencias.-0 chefe administrativo nomeou Commissões nos Concelhos para sollicitarem donativos a favor das pessoas pobres que soffreram com o sinistro. As Commissões progridem em seus carido sos trabalhos: aguardemos o resultado da colheita. Lembrâmos à Commissão central que seria muito a proposito, que, com tempo, se pedissem relações das pessoas habilitadas para serem contempladas pela sua falta de meios. e pelas perdas que tiveram, perdas que devem ser cuidadosamente calculadas, a fim de que, nas distribuições das esmolas, se-proceda com a maior justiça. Estamos convencidos, com Bonnin. que a distribuição dos socorros publicos repousa em dois principios bem evidentes: o primeiro não conceder socorros senão aos que d'elles tem necessidade, porque d'outra forma escaceam os meios de socorrer aquelles a quem verdadeiramente assiste direito, e vai dotarse a ociosidade e todos os vicios que a acompanham; o segundo, não menos importante, applicar o genero de socorros que mais conven a tal, ou tal individuo, em tal ou tal posição. São estes os dois principios fundamentaes encarados por Bonnin como elemento d'um bom systema de socorros publicos e no que piamente acreditamos.

A. T. de Macedo.

Dom Frei Estevão de Jesus Maria, por Mercé de Deos, e da Santa Sé Apostolica, Bispo d'Angra, e mais l'has dos Açores, e do Conselho de Sua Magestade Fidelissima, que Deos Guarde &.

Aos Nossos Amados Diocesanos desta Ilha de S. Miguel, onde por ora só consta hærerem se sentido tremores de terra.

Saude, Paz, e Benção em Nosso Senhor Jesus Christo.

O Omnipotente Senhor do Universo, que edificou tudo quanto no Ceo existe, e sobre a terra, que Rege, e Domina com tanto esmèro, e submissa exacção da parte da mesma, que a nada esta se delibera, e move sem a sua Santissima Vontade, a que nunca resiste, ha permittido, que soffrendo nestes proximos dias, em quasi toda esta Ilha, subterraneas convulsões, estremecesse por vezes, e se abalasse mais, ou menos. causando em alguns pontos não pequenos estragos, como é evidente. Permissão não pouco dolorosa! mas que nunca cessa de despertar-nos, e avivar, sobremodo, os cuidados de uma verdadeira conversão, sob crença firme de que o dia, e hora em que o Creador ha Decretado finar a existencia de cada um de nós, é incerto. Permissão, que, seriamente contemplada, nos desaffeiçoa dos doces, ainda que momentaneos, attractivos do crime; e aviva, bondosa, a necessidade de mudarmos de vida, antes que inesperado incidente, ou mais forte, repentino trovão subterraneo, nos roube não só as vitaes possessões terrenas: mas. o que é tudo, a mesma vida, sem tempo de reflectir, nem de nos converter do mare magnum de tantos desvarios voluntarios, que a tornão estragada, e dissoluta.

Sim, tanto esquecimento de Deos: tanto descuido da propria salvação! tanta indifferença sobre um dos principaes negocios, que nos torna agradaveis ao Mesmo Deos, e tem por fim a nossa verdadeira felicidade espiritual, e temporal! e ao mesmo tempo um decidido interesse, uma firme adhesão a tudo quanto encanta os sentidos, lisongeia as paixões, e só agrada ao mundo, à carne, e ao sangue, e a espiritos rebeldes! donde resultão desintelligencias, confusão, e desordem!! tantas amisades illicitas, adulterios sem numero! tantos roubos roubos, sacrilegios, e desacatos! assassinios tantos, e tão repetidos, ambições, e odios sem cessarem!! em fim, tanta immoralidade sem remorso, sanctificada por moda, amortecida a fé!!! E não está tudo isto provocando, a acinte, a ira de Deos! e desafiando um graVissimo castigo?!!

Se a nossa teimozia sob frivolos pretextos, presistir rebelde, e orgulhosa, em não reconhecer nestes abalos physicos, e subterraneos, um açonte da D.vindade com que pune a nossa contumacia, e castiga perfidia de corações corrompidos, ou como avisos do Ceo, que per

vinem a sua conversão, e no entanto o mesmo Ceo permittir um abalo serio, e completamente decedido, poderemos neste horrivel conflicto, soltar um suspiro de contrição, que agrade a Deos, sem que ouçamos da sua boca esta terrivel sentença:--Agora é que me buscaes?!! morrei no vosso peccado!!! porque sempre despresastes, e nunca ouvir quizestes meus avisos!!! Não ostentemos, pois, de espiritos fortes, Amados Filhos, na presença de um Deos Terrivel, e Vingador, ainda que Benigno, quando manda que a terra trema á vehemencia de convulções subterraneas; não sejamos mais insensiveis do que a mesma terra; tremamos tambem de subitamente apparecer a nos'alma em uma eternidade desgraçada, e o nosso corpo envolvido em as ruinas de um terramoto decidido. Adoremos, e respeitemos os amorosos avisos do Pae Celestial, convertamo-nos já para Elle de todo o nosso coração. Principiemos esta nossa conversão, publicamente confessando que tememos os seus Juizos. Rogue mos lhe, submissos, que penetre bem o nosso coração do seu santo amor, e temor, liberalizando-lhe a graça da sua conversão; e que affaste, se for do seu Agrado, para bem longe de nós, o flagello dos terremotos. Enviemos lhe, em fim, tanto em particular, como em publico, supplicas, e gemidos de misericordia, na firme confiança de que, havemos de ser despachados pela Intercessão de Sua Santissima Mãi, e de todos os Santos da Corte Celeste, que nas Preces publicas de penitencia vamos invocar.

Para o que, Ordenamos que, em as Igrejas-Matriz-S. PedroS. José e nas dos Mosteiros das Religiosas desta Cidade, convocado o pôvo, segundo o costume, se lhe-lea esta exhortação Pastoral, em seguida se fação preces por tres dias successivos, principiando as no depois desta recebida: e repetindo, no lugar competente, a Prece de

A flagello terraemotus . . .-por duas vezes. E do mesmo modo se fação estas nas Igrejas Matrizes e Parochiaes de toda esta Ilha, tendo ellas principio no Domingo immediato à recepção desta. Em os dias das Preces, nas Missas, que se celebrarem, se diga a Oração propria Pro tempore Terraemotus.--Executada que seja, como fica ordena do, registe-se, e este exemplar seja archivado.

Dada nas Cazas da Nossa Residencia, nesta Cidade de Ponta Delgada, Sob Nosso Signal, e Sello Maior das Nossas Armas, aos 6 de Novembro de 1848.

Logar do Sello.

Fr. Esterão Bispo d'Angra,

Secretario de S. Ex. Rm.a

O Conego Antonio José Ferreira de Souza.

(Cartista dos Açores, de 15 de Novembro de 1848. N.° 133.)

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