REVISTA DE HISTORIA TYP. DA EMPR. LITTER. E TYPOGRAPHICA ((Officinas movidas a electricidade) RUA DA BOAVISTA, 321 PORTO. 1918 Louvada pelo Ministerio da Instrucção Publica em Portaria de 9 de Dezembro de 1914. 7.° VOLUME 1918 LIVRARIA CLASSICA EDITORA DE A. M. TEIXEIRA 17, Praça dos Restauradores, 17 LISBOA GIL VICENTE trovador, mestre da balança IV Dados biográficos NA CÔRTE DE D. JOÃO III (Continuado do vol. vi pág. 346) Continuava a permanência de D. João 1 em Coimbra, apesar do enfado dos cortesãos a quem Sá de Miranda por isso increpa: Que tençam todos tomastes De quem tanto praguejastes! Fostes mal agasalhados? Tinheis longe vossas rendas 1. Não seria só por terem longe as suas rendas; era tambêm por se encontrarem envoltos no mais asfixiante calor de que havia memória. No último dia de Julho ou no primeiro de Agosto a ardência do sol foi tal em Coimbra, que uma mulher moradora no mosteiro das Celas, vindo com outras mulheres do campo do Botão de carregar seus linhos, morreu de calma ao entrar em Santo Antônio dos Olivais. Um frade da Conceição de Aveiro, mancebo de vinte e quatro anos, indo do Botão para Penacova, finou-se, tambêm de calma, junto do lugar de Gavinhos. O estio não apertara só na região de Coimbra; para o sul tambêm se sentira. Entrara no Tejo a 24 de Julho, nos navios da armada da India dêsse ano, a embaixada do Preste João e partira logo, a fugir do contágio, em barcas rio acima direito a Santarêm d'onde, seis dias depois, saíu uma manhã, «em ha mayor calma que eu nunca vy›, queixa-se na sua relação o P. Francisco Álvares, bem experimentado em calores pois residira por bastantes anos na zona tropical, na Etiópia, d'onde vinha a embaixada, 1 Obras do doutor Francisco de Saa de Miranda. Anno de 1614. Carta a Pero Carvalho, fl. 118, um a quem Gil Vicente se há de referir em 1533 na Romagem de agravados. |