Não descobres em ti um sentimento Sublime e grandioso, que parece Attenta... escuta bem... Olha... examina... ..... Em ti deve existir eu não té engano. Dessa vida immortal em que, banhado Desperta, ó morte: Que te detem? Teu cruel braço Vem, por piedade, Do summo Bem. E queres que eu prefira Humanos passatempos ao momento, Em que raia a feliz eternidade? Um Deus de amor m'inflamma; Minha alma, sequiosa do infinito, Me torna saboroso O calix que tu julgas amargoso. T # A minha aperta; não te assuste o vê-la É da amisade a teia delicada, Se a virtude a teceu...... Em fim, ó morte, Nas veias congelar-se; pelo rosto Vem, immortalidade - veni, ó grande, Adoçar o meu último momento. Ó Nume infinito, Suave esperança Sonetos. Oito annos apenas eu contava, Quando á furia do mar, abandonando A vida, em fragil lenho e demandando Novos climas, da patria me ausentava. Desde então á tristeza começava O tenro peito a ir acostumando; E mais tyranna sorte adivinhando Em lagrimas o pai e a mai deixava. Entre ferros, pobreza, enfermidade Eu vejo, ó céus ! que dor! que iniqua sorte! O começo da mais risonha idade. A velhice cruel, (ó dura morte !) Que faz temer tão triste mocidade, Para poupar-me descarrega o córte. A immortalidade da alma. Sim, eu sou mortal. Bramindo espume Crêde, caros amigos, não consume O justo sobre a terra, aos céus erguendo Na presença de uma grande trovoada. Tremei, humanos: toda a natureza, Do seu Deus ao aceno convocada, Sobre negros trovões surge sentada, Em cruel furia contra nós accesa. Do rosto seu escondem a belleza, Medonha escuridade acompanhada De abrazadores raios. e pesada Saraiva que no ar estava prêsa. Agora perde a côr de medo cheio, O monarcha feliz e poderoso, Que o vil orgulho abriga no seu seio. Tu descoras tambem, atheo vaidoso, E menos cego sem achar esteio, A mão, que negas, beijas duvidoso. |